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Disputa comercial

Multinacional italiana estuda fechar uma das duas unidades instaladas na cidade

10 de Maio de 2024 às 22:17
Thaís Marcolino [email protected]
Fábrica no Alto da Boa Vista é a responsável pela produção de fibra óptica
Fábrica no Alto da Boa Vista é a responsável pela produção de fibra óptica (Crédito: DIVULGAÇÃO)

A disputa comercial no mercado de fibras ópticas pode ter reflexo negativo em Sorocaba, sobretudo na unidade Boa Vista, da Prysmian. A multinacional italiana vem lidando com a concorrência das marcas chinesas desde que estas adentraram no Brasil praticando um custo muito baixo. Como consequência, a fábrica cogita paralisar as atividades desta fábrica na cidade.

Hoje em dia, um quilômetro de fibras importadas da China custam US$ 2,50 contra US$ 6 da Prysmian. Com a diferença de mais que o dobro, a Prysmian passou a trabalhar com prejuízos desde o segundo semestre do ano passado, informou a empresa ao Cruzeiro do Sul.

A multinacional disse, ainda, que o que mantém a fábrica aberta é o empenho em não encerrar uma história de mais de 40 anos. “Perdê-la significaria ser totalmente dependente de importações para um insumo estratégico para a transição digital brasileira com 5G, IoT, IA, entre outras inovações e aplicações”, explicou a nota.

Em Sorocaba há duas unidades da multinacional. A que ameaça fechar é a do bairro Alto da Boa Vista, responsável pela produção de fibra óptica a partir do zero. Após essa etapa, o produto abastece não apenas a unidade Éden, como também outras empresas da cidade que fazem o cabo óptico. Portanto, com o provável encerramento da “base”, pode ocorrer um efeito cascata.

“Estamos lançando mão de todos os recursos legais disponíveis para reverter a situação, mas o tempo necessário para o andamento dos processos não é compatível com a gravidade da situação”, explicou a nota enviada.

Quanto à conjuntura, a empresa procurou o Governo Federal para auxiliá-los em medidas comerciais. Uma delas é a antidumping — medida aplicada na tentativa de cobrar um imposto extra sobre um determinado produto ou tornar seu preço mais próximo do “valor normal” ou de remover o dano aos produtos similares da indústria. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o pedido foi protocolado no último dia 30 de abril, por isso, não houve tempo hábil, até o momento, para análise e qualquer decisão.

“Só um milagre poderia reverter esse quadro de fechamento da fábrica - e, por isso, acreditamos que os sinais positivos emitidos pelo Governo nos recentes encontros que tivemos se convertam em uma definição concreta e assertiva”, finalizou o comunicado da Prysmian.

O MDIC, por sua vez, salientou que os processos de defesa comercial são extremamentes técnicos e complexos. “As legislações nacional e internacional exigem, para aplicação das medidas, análise de um grande volume de dados e informações. Além disso, os processos buscam garantir o respeito aos princípios da ampla defesa e do contraditório por parte de todas as partes consideradas interessadas (importadores, exportadores e produtores nacionais do produto analisado)”, informou.

No mês passado, o deputado federal Vitor Lippi (PSDB-SP) protocolou um ofício contra a política de subsídios chinesa e articulou reuniões com o secretário-executivo do Ministério da Indústria, Márcio Elias Rosa. Lippi pediu rapidez do governo. Isso porque, nos dois pedidos de antidumping dos cabos ópticos e contra os subsídios, ambos feitos em outubro de 2022, as investigações demoraram pelo menos sete meses só para serem iniciadas.