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Sem paz

Mesmo com câmeras, depredações e furtos em cemitérios sobem 80%

Rondas da GCM ou contratação de seguranças são apontadas como soluções

03 de Maio de 2024 às 22:42
Vinicius Camargo [email protected]
Número de ocorrências passou de cinco no primeiro trimestre de 2023 para nove no mesmo período deste ano
Número de ocorrências passou de cinco no primeiro trimestre de 2023 para nove no mesmo período deste ano (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (3/5/2024))

O número de furtos e depredações em cemitérios municipais de Sorocaba aumentou 80% na comparação entre os primeiros trimestres de 2023 e deste ano. De janeiro e março do ano passado, foram cinco casos, ante nove no mesmo período de 2024. Os dados são da Prefeitura. Os crimes comunicados no primeiro trimestre de 2023 incluíram uma depredação e três furtos no cemitério da Saudade, enquanto, no cemitério da Consolação, foi comunicado um furto. Neste ano, ocorreu uma depredação no cemitério da Consolação, duas violações de sepultura no cemitério de Aparecidinha e seis furtos no cemitério Santo Antônio.

Ainda, conforme o levantamento do governo municipal, durante todo o ano passado, houve quatro casos de depredação, dez de furto, cinco tentativas de furto e uma violação de sepultura no cemitério da Saudade; um furto no cemitério da Consolação; dois furtos no cemitério Aparecidinha; um caso de depredação e dois de furto no cemitério Santo Antônio.

O cemitério da Saudade, localizado no bairro Além Linha, é um dos que mais sofrem com a insegurança, enfrentando, mais uma vez, uma onda de furtos de peças de bronze, portas e ornamentos dos túmulos. A situação é recorrente e já foi mostrada diversas vezes pelo jornal Cruzeiro do Sul. Em 2023, a Prefeitura instalou câmeras no local, para tentar inibir os crimes, mas, aparentemente, os equipamentos não foram suficientes para afastar os ladrões. Como o videomonitoramento parece não ter funcionado, prestadores de serviços no cemitério defendem que a medida ideal seria a colocação de guardas civis municipais ou seguranças.

Na tarde de ontem (3), a reportagem percorreu o local e encontrou várias sepulturas sem objetos. Júlia Nunes Oliveira, de 43 anos, limpa lápides no cemitério há 20 anos. Segundo ela, dos cem túmulos pelos quais é responsável, 80% já tiveram itens furtados. Júlia conta que encontra alguma coisa faltando quase toda semana. Inclusive, ontem, isso aconteceu. “Agora mesmo, eu mandei uma notificação para uma cliente, porque levaram a porta de bronze do túmulo da família pelo qual eu zelo”, contou.

Ainda, de acordo com Júlia, alguns jazigos foram alvos de criminosos mais uma vez. Um deles foi furtado duas vezes em um intervalo de cerca de dois meses. A situação a revolta devido ao prejuízo financeiro gerado para as famílias, pois as peças precisam ser repostas. Ela também considera as ações criminosas ofensivas. “É um desrespeito com os mortos e os familiares, que já sofrem (pela perda do ente querido) e ainda têm que acabar vindo aqui para ver o tamanho da falta de respeito”, desabafou.

Conforme a mulher, os crimes constantes comprometem a segurança do cemitério. Com isso, visitantes deixam de frequentá-lo. “Senhorinhas têm medo de ser assaltadas aqui dentro. O risco é grande”, acrescentou. Para ela, como as câmeras não inibem os ladrões, a solução seria a presença de agentes de segurança no local, principalmente, à noite.

O azulejista e marmorista Givanildo Pereira da Silva, de 48 anos, concorda com a sugestão de Júlia. De acordo com ele, as câmeras não cobrem todas as áreas e, por isso, os bandidos continuam a agir. Na avaliação de Silva, se houvesse pessoas para fiscalizar o local 24 horas, eles teriam receio de invadir. “Quando fecha, à noite, eles ficam livres para furtar as coisas e ninguém vê”, relatou, enquanto polia uma sepultura que teve quatro peças levadas por criminosos.

Segundo o profissional, 12 dos 18 túmulos dos quais cuida já foram furtados. Prestador de serviços particulares no cemitério da Saudade há cinco anos, ele afirma presenciar esses casos desde quando começou a trabalhar ali.

Esse problema também foi constatado no cemitério da Consolação, Vila Haro, onde a reportagem encontrou algumas lápides sem objetos.

Rondas

Questionada pelo Cruzeiro do Sul, a Secretaria de Segurança Urbana (Sesu) assegurou que reforçou as medidas de Segurança para coibir furtos no cemitério da Saudade. Em nota enviada ao jornal, a pasta informou que a Guarda Civil Municipal (GCM) “intensificou as rondas, dentro e fora dos cemitérios, assim como nos demais próprios públicos, 24 horas por dia, totalizando mais de duas mil rotas fixas, somente neste ano”.

A Secretaria de Serviços Públicos e Obras (Serpo), por sua vez, disse que instalou câmeras de videomonitoramento. A ação, que “começou pelo cemitério da Saudade, tem o intuito de coibir qualquer tipo de delito nos cemitérios municipais. Conforme a Serpo, “a implantação dos equipamentos colaborou para a diminuição de ocorrências no local, uma vez que, neste ano, não houve nenhum caso registrado”.

Denúncias podem ser feitas pelo telefone 153, da GCM, e todos os registros realizados pela Seção de Administração de Cemitérios são imediatamente comunicados à Polícia Civil, para que sejam devidamente investigados e todas as providências penais cabíveis sejam tomadas.

 

 

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