Três acidentes envolvendo motociclistas em Sorocaba e em duas cidades da Região Metropolitana deixaram três mortos no fim de semana. Em um quarto caso, o piloto de uma moto ficou gravemente ferido. Em Sorocaba, houve uma ocorrência fatal com motocicleta entre janeiro e março de 2023, enquanto, neste ano, ocorreram cinco até ontem (29) — alta de 400%. Os dados são do Infosiga, Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo. A plataforma é gerenciada pelo programa Respeito à Vida e pelo Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP).

O primeiro caso do fim de semana aconteceu por volta das 8h de sábado (27), em Sorocaba. Um motociclista, de 22 anos, e uma mulher, de 21 anos, que estava na garupa da moto, morreram na avenida Dom Aguirre, no Centro. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo, o piloto precisou desviar ao ver uma pessoa em situação de rua atravessando a pista. Nesse momento, o casal caiu, e a garupa foi atropelada por um veículo que vinha atrás.

Policiais militares levaram as vítimas ao hospital, mas elas não resistiram aos ferimentos. Foram solicitados exames junto ao Instituto Médico Legal (IML) e ao Instituto de Criminalística (IC). O caso foi registrado como homicídio culposo (sem intenção) na direção de veículo automotor no Plantão Policial da avenida General Carneiro, na Vila Lucy. O fato será investigado pelo 3º Distrito Policial (DP).

Ainda, na cidade, outro condutor de moto, de 26 anos, morreu após bater em um poste na avenida Ipanema, altura do número 5.878, às 7h15 de domingo (28). O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e constatou a morte no local.

São Roque e Itu

Em São Roque, um motociclista ficou gravemente ferido depois de cair no quilômetro 51,9 da rodovia Raposo Tavares (SP-270), na noite de sábado. De acordo com a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), a vítima perdeu o controle do veículo.

Já, em Itu, um pedestre morreu após ser atropelado por uma motocicleta no km 80,1, da rodovia Castello Branco (SP-280), na noite de domingo. A Artesp informou que o homem caminhava na pista quando foi atingido pela moto. Ele chegou a ser socorrido, mas morreu a caminho do hospital. O motociclista sofreu ferimentos graves.

Aumento de veículos

Para Renato Campestrini, advogado especialista em trânsito, mobilidade e segurança viária, o aumento no número de acidentes envolvendo motociclistas está relacionado à alta na quantidade de veículos com quatro rodas ou mais em circulação nas vias. Segundo ele, esse crescimento prejudica a fluidez do trânsito. Com isso, muitas pessoas migram do transporte coletivo ou do automóvel para as motos. “Com o maior número de veículos de duas rodas em circulação, os riscos de sinistros são potencializados”, diz Campestrini.

De acordo com o especialista, as ocorrências frequentes também estão relacionadas à imprudência dos condutores. Ele diz que, ao optar pelas motos para ganhar agilidade e poupar tempo, os pilotos tendem a cometer irregularidades. Uma das principais é transitar nos corredores em velocidade acima do permitido. Campestrini diz observar essa conduta até mesmo quando os demais veículos estão lentos ou parados no trânsito. Esse comportamento, completa ele, é um fator de risco importante, não só para acidente com outros veículos, mas, principalmente, para pedestres e ciclistas.

A lista de informações comuns, conforme o advogado, ainda inclui desrespeito ao sinal vermelho, transitar na contramão ou pelo canteiro central e usar o celular na condução da moto. Ele aponta que atitudes inadequadas de motoristas de outros tipos de veículos também colocam os motociclistas em perigo e podem resultar em acidentes. A mais recorrente é deixar de sinalizar a mudança de faixa. “Quando tratamos de motocicletas e seus usuários, temos que nos recordar que as chances de lesões são elevadas, a cada dez sinistros com motocicletas, em sete deles temos uma vítima que pode ter de lesões médias a óbito”, afirma, com base em estudos.

Educação e fiscalização

Na avaliação de Campestrini, para mudar esse cenário, o desejável seria, com a divulgação de dados sobre as ocorrências pelas autoridades, que todos os condutores passassem a adotar comportamentos seguros. Mas, segundo ele, como “isso acaba não ocorrendo em nosso País”, é preciso desenvolver ações em duas frentes: educação e fiscalização.

Em relação a medidas educativas, o advogado sugere abordagens de conscientização dos motociclistas diretamente nas vias, assim como nas maiores empresas e principais contratantes dos serviços deles. Quanto à fiscalização, destaca ser essencial intensificar a supervisão dos comportamentos nas estradas e do estado de conservação dos veículos. Essas iniciativas, acrescenta ele, ajudam a minimizar as chances de ocorrências. “(...) Uma vez que sinistros de trânsito não acontecem, são provocados”, pontua.

Semob faz monitoramento por câmeras

A Secretaria de Mobilidade (Semob) de Sorocaba diz realizar diversas ações para garantir a segurança de todos no trânsito. Uma delas consiste no monitoramento permanente do sistema viário. “São mais de 2,5 mil câmeras (número que é ampliado a cada dia, devendo chegar a 50 mil) interligadas ao Centro de Controle Operacional Integrado (CCOI) da Semob, por meio de fibra ótica”, informou em nota.

De acordo com a secretaria, os agentes de trânsito também fazem operações contínuas de monitoramento, orientação e fiscalização do tráfego de veículos em todas as regiões da cidade. Há ênfase nos locais de grande fluxo, como próximo às escolas. A pasta municipal informa que promove, ainda, campanhas permanentes de segurança, a exemplo de ações educativas nas ruas, assim como teatros e palestras em escolas e empresas. Além disso, realiza, entre outras iniciativas, um serviço constante de revitalização e instalação de novos pontos de sinalização de solo em vias.

Fiscalização e multas

Monitorar infrações e penalizar quem as comete é outro foco da secretaria. “A Semob recebe, em média, 240 solicitações de fiscalização por mês quanto a possíveis infrações de trânsito. Aproximadamente 45% das solicitações recebidas pela Semob resultam em multa”, detalhou.