A decisão da Toyota, anunciada em março, de transferir as operações de Indaiatuba para Sorocaba provocou uma greve na unidade que teve reflexos também nos procedimentos da planta localizada às margens da rodovia Castello Branco, tendo em vista a falta de peças. Desde o dia 16 de abril, a produção dos veículos da marca no Brasil (Corolla, Corolla Cross e Yaris) está suspensa. Segundo a empresa, os trabalhos devem ser retomados amanhã (29).

A paralisação que reivindica melhores condições do Programa de Demissões Voluntárias (PDV) para os funcionários da fábrica da região de Campinas se intensificou quando a montadora fez algumas movimentações em relação ao maquinário na semana retrasada. A transferência, segundo comunicados anteriores, teria início apenas no segundo semestre do ano que vem.

Segundo a Toyota, a movimentação ocorreu, porém, apenas de “alguns ferramentais”. A montadora também confirmou que a data para o deslocamento se mantém para 2025. “Até lá, o Corolla Sedã segue em produção na fábrica de Indaiatuba”, informou a nota enviada ao Cruzeiro do Sul ontem (27).

Impasse

A planta de Indaiatuba tem hoje, mais de 1,4 mil funcionários. A intenção da montadora é transferir todos para Sorocaba, atualmente com aproximadamente 2,8 mil colaboradores. Entretanto, nem todos aceitam a mudança de cidade.

A companhia informou que está em negociação com o Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região para adequar a melhor proposta para os colaboradores. Para isso, reforça que está comprometida com a manutenção de 100% dos empregos e condições salariais, período de estabilidade e auxílio transferência, além de um “robusto” pacote para aqueles que decidirem não acompanhar a empresa na mudança para Sorocaba. “Diversas propostas já foram apresentadas, mas até o momento todas foram rejeitadas pelo sindicato. De acordo com a avaliação da companhia, a última proposta apresentada traz um dos melhores pacotes já oferecidos por uma fabricante da indústria automotiva no Brasil”, cita a nota enviada à imprensa.

O Sindicato, por sua vez, em publicação em seu site, frisou a decisão desfavorável à retirada ou transferência do maquinário da planta de Indaiatuba. Conforme a associação, com base no parecer da Vara do Trabalho de Indaiatuba, a Toyota terá de se abster de “desmontar, retirar ou transferir qualquer máquina, de qualquer um de seus setores ou estabelecimentos fabris na cidade de Indaiatuba, mantendo intacto o ambiente laboral, sob pena de multa diária de R$ 500 mil até o restabelecimento do local de trabalho conforme se verifica atualmente”. A decisão é da juíza do Trabalho Alzeni Aparecida de Oliveira Furlan.

Em nota, a Toyota informou que a “companhia segue aberta ao diálogo e espera que ambas as partes cheguem a um acordo justo e realista”. (Beatriz Falcão - programa de estágio e Thais Marcolino)