Saúde
Segunda infecção aumenta risco de dengue grave
Especialista alerta sobre a importância de conhecer os chamados sinais de alerta
A segunda infecção é a que mais preocupa os especialistas em relação à dengue, pois a chance de desenvolver uma doença grave aumenta consideravelmente. Décadas de pesquisas apontam que uma das principais razões para esse risco aumentado é o próprio sistema imune. Durante a reinfecção, os anticorpos específicos para o sorotipo antigo até reconhecem e se ligam ao novo tipo, mas muitas vezes não são capazes de neutralizá-lo. Com isso, acabam fazendo o oposto, ajudando o vírus a entrar nas células e se replicar.
“Anticorpos que não neutralizam podem, na verdade, piorar o quadro da dengue. O mesmo ocorre com as células T: as células T de memória formadas na primeira infecção são reativadas na segunda e produzem uma resposta muito mais robusta, mas muitas vezes não conseguem matar as células infectadas. Isso pode contribuir para que o indivíduo fique mais doente”, diz a especialista em dengue e revisora científica do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês) Anuja Mathew.
Isso explica por que a comunidade científica internacional estabeleceu que uma vacina contra a dengue precisa ser tetravalente — como a candidata vacinal do Butantan, desenvolvida em parceria com o NIH. Ao proteger contra os quatro vírus ao mesmo tempo, não há risco de o imunizante piorar uma possível infecção.
Fatores de risco
Anuja Mathew destaca, ainda, que existem outros diversos fatores que podem fazer uma pessoa ficar mais doente que outra, como fatores genéticos, comorbidades e questões nutricionais. “Não existe uma única resposta e as razões podem variar de indivíduo para indivíduo. Em um país endêmico como o Brasil, onde as pessoas estão constantemente expostas, a chance de ter uma doença grave aumenta”, diz.
“ Falsa melhora”
Geralmente, nas doenças virais, os sintomas pioram no pico da replicação do vírus, ou seja, quando há mais vírus circulando no organismo. Mas, no caso da dengue, acontece o oposto: o paciente pode apresentar uma “falsa melhora” e, depois, a doença piora. “Mas é quando a febre e a carga viral diminuem que o quadro pode se agravar. A hemorragia, marca registrada da dengue, ocorre quando o vírus já não é detectado na circulação”, explica Anuja.
Por isso, é importante conhecer os chamados sinais de alerta. No início, a dengue pode causar febre alta, dores no corpo e atrás dos olhos, vermelhidão na pele e fadiga. No entanto, se o paciente começa a ter sintomas como dor abdominal intensa, vômitos persistentes ou com sangue, sangramento de mucosas, palidez, queda da temperatura do corpo, entre outros, é necessário atendimento médico com urgência para evitar complicações mais graves, como hemorragias, colapso circulatório e falência dos órgãos.
Também é necessário estar atento aos tratamentos adequados e nunca se automedicar sem orientação médica. Alguns remédios podem piorar a doença e devem ser evitados, como os anti-inflamatórios não esteroidais — ibuprofeno, diclofenaco, ácido acetilsalicílico, ácido salicílico, diflunisal, salicilato de sódio e metilsalicilato — e os corticoides. (Da Redação com informações do governo de SP. )