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Desenvolvimento Econômico

Especialistas propõem integração dos municípios da RMS para melhorar quadro de exportação

Em um período de quatro anos, de 2019 a 2023, a região exportou US$12,2 bilhões, em contrapartida, importou US$19,4 bilhões

20 de Abril de 2024 às 21:45
Beatriz Falcão [email protected]
Empresas podem buscar mais perto produtos que são comprados em outras regiões
Empresas podem buscar mais perto produtos que são comprados em outras regiões (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO 18/04/2024 )

A Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) é mais importadora do que exportadora. A afirmação foi apresentada na 34ª Reunião do Conselho, realizada no último dia 15, pelos professores Angelo Pêpe Agulha e Luiz Leite, da Athon Ensino Superior. Em um período de quatro anos, de 2019 a 2023, a região exportou US$12,2 bilhões, em contrapartida, importou US$19,4 bilhões. Com isso, o saldo da balança comercial é negativo, cerca de US$7,2 bilhões.

Luiz Leite explica que grande parte do resultado advém da distribuição dos produtos fabricados na região, uma vez que são destinados para o Brasil inteiro. “Um exemplo é a Toyota, que importa uma quantidade enorme de componentes, entretanto, exporta uma quantia menor porque precisa atender às demais localidades do País. A fábrica existe justamente para isso”, pontua.

“Importar e exportar em grande quantidade significa que a produção está acontecendo, que é o importante”, destaca Angelo Agulha. “É importante lembrar que o Brasil tem 200 milhões de consumidores. No entanto, a nossa região tem um potencial exportador muito maior”, acrescenta.

A pedido da Agência Metropolitana (Agem), os especialistas mapearam e analisaram as vocações e desafios de cada município da região. O resultado também foi apresentado para autoridades e representantes do poder público no painel intitulado “Prognóstico e Recomendações sobre Projeções e Cenários de Exportação da RMS”.

“Nós percebemos no levantamento, independente dos números que apareceram, que há cidades que importam produtos que outros municípios produzem”, revela Leite. “Além disso, existem muitas mercadorias procuradas no exterior que são produzidas na nossa região. E as empresas, muitas vezes por serem pequenas ou por não conhecerem, não avançam no mercado internacional, que é uma oportunidade enorme”, explicou Angelo.

Um exemplo citado pelo especialista, é o hortelã. A espécie era importada, ainda que processada e industrializada, por uma empresa, mesmo tendo uma cidade vizinha que produzia e ainda jogava fora porque não tinha mercado.

“Uma das soluções para melhorar o nosso quadro de exportação é fortalecer o associativismo, para unir empresas da nossa região por meio de cooperativas e associações”, sugere. “Existem vantagens econômicas enormes nessa união, desde logística até na área de compras. É possível explorar o que os municípios nos oferecem”, complementa.

Integração das Sub-Regiões

A Região Metropolitana de Sorocaba é dividida em três sub-regiões. Angelo Agulha e Luiz Leite, durante o estudo, apontaram a vocação de cada uma.

“Itapetininga e os municípios que formam o cinturão verde compõem a sub-região 1 e possuem uma vocação agrícola e pecuária muito grande. A ideia, portanto, é que nessa subdivisão seja estimulado o processo de industrialização das matérias-primas existentes”, esclarece Agulha. “Já a sub-região 2 prevê toda a linha de frente da Região Metropolitana e se destaca na logística. Nós temos estradas e ferrovias que interligam os municípios e suas vocações”, detalha.

Já a sub-região 3, formada por Araçoiaba da Serra, Iperó, Piedade, Pilar do Sul, Salto de Pirapora, São Miguel Arcanjo, Sorocaba, Tapiraí e Votorantim, tem caráter industrial. “Apesar das regiões terem suas vocações, é possível que conversem entre si, pois a separação entre elas é muito tênue”, destaca Leite.

Projeto Tripartite

Além da integração entre os municípios, Angelo Agulha ressalta outra união muito importante: a do poder público com a iniciativa privada e instituições de ensino. A associação leva o nome de Projeto Tripartite.

“Cada um detém uma tecnologia. O poder público, como o nome já diz, é o poder. A iniciativa privada tem os recursos. Já as instituições de ensino possuem o conhecimento”, aponta Angelo. “Quando juntamos os três, bem intencionados e dirigidos, a tendência é uma nova onda de progresso na região”.

Desafios

A ideia dos docentes gera uma incógnita, tanto nas iniciativas privadas quanto no poder público. Segundo Angelo, o primeiro desafio a ser enfrentado, nesse cenário, é a vontade.

“Os prefeitos já se unem em uma série de coisas. Um exemplo é o tratamento da Bacia do Rio Sorocaba, mas ainda está somente na esfera do poder público”, aponta o especialista. “Nós precisamos fazer com que as ideias caminhem cada vez mais para a sociedade, para o poder econômico, para que possam se juntar”, enfatiza.

O segundo desafio advém da cultura empresarial em que os concorrentes não podem trabalhar juntos. “As empresas precisam entender que trabalhar junto é ganhar na logística, nas compras, e em inúmeras vantagens”, finaliza Angelo.

 

 

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