A Polícia Civil realizou, nesta quinta-feira (18), a reconstituição de um acidente, ocorrido em 10 de março, que matou duas pessoas na avenida Ipanema, zona norte de Sorocaba. O tráfego de veículos foi interrompido, na altura do número 3.000, por cerca de uma hora nos dois sentidos da via. Agentes da Secretaria de Mobilidade (Semob) e da Guarda Civil Municipal (GCM) desviaram o trânsito no local.

Para o trabalho, foi utilizado um scanner 3D, usado pela primeira vez na região de Sorocaba. O objetivo é colher provas por meio do equipamento. “A ideia é fazer uma reprodução de forma técnica. O scanner varre todo o local, faz inúmeras fotos e, a partir do trabalho dos peritos, nós vamos ter, por exemplo, a velocidade exata do veículo, o posiciocamento das vítimas, o que aconteceu de fato no momento em que o veículo chocou com as vítimas, isso tudo de forma técnica com medições, com o tempo real do acontecido, buscando sempre a verdade”, explicou o delegado Acácio Aparecido Leite, do 8º Distrito Policial, responsável pela investigação.

O caso foi registrado no dia 10 de março, na manhã de um domingo. Nilceia Rodrigues de Souza Tavares, de 46 anos, e o amigo Roberto Kruze, de 75 anos, voltavam da igreja e aguardavam no canteiro central o semáforo fechar para atravessar a rua, quando foram atingidos por um carro. Câmeras de segurança de um restaurante registraram a batida. Os dois morreram e outras três pessoas ficaram feridas.

O motorista do veículo não tinha Carteira de Habilitação (CNH) e apresentava sinais de embriaguez, mas se recusou a fazer o teste do bafômetro e realizou exame de sangue. A polícia aguarda o resultado. Pessoas que estavam no local dizem também que o homem estaria fazendo um racha. A polícia investiga para confirmar essa informação. Na ocasião, ele foi preso em flagrante e autuado por homicídio culposo -- quando não há intenção de matar. Agora, ele responde em liberdade.

“A ideia agora é, após todas essas investigações, essa perícia e outras mais que vamos fazer, tentar esclarecer o que de fato houve, se a conduta dele foi culposa ou não. Entender por qual razão o veículo estava onde não poderia estar. Vamos lembrar que o veículo trafegava pela faixa de ônibus. Vamos entender se havia outro veículo na cena do crime, então, estamos buscando isso. A ideia é provar, efetivamente, o que se aconteceu, podendo, ao final do inquérito, o motorista ser indiciado por homicídio doloso (quando há intenção de matar)", conclui Acácio Leite, delegado responsável pelo caso.

Marido de vítima acompanha trabalho da polícia e pede justiça

Laércio da Silva Tavares, marido de Nilceia Rodrigues de Souza Tavares, que foi atingida pelo carro e morreu no acidente, acompanhou o trabalho da polícia na tarde desta quinta-feira (18). À imprensa, Laércio contou que a esposa realizava o caminho com frequência para ir até a igreja. Naquele dia, ela saiu de casa no início da manhã e foi atropelada quando voltava para a casa.

“Minha esposa saiu às 7h30 de casa para ir para a igreja, geralmente eu vou com ela mas nesse dia não deu. Ela sempre fazia esse percurso. Inclusive, no dia, ela ia sair às 10h e a amiga dela, que sofreu o acidente também, falou para ela esperar um pouco e aconteceu essa fatalidade”, lembrou Laércio.

A situação causa revolta no companheiro da vítima, no entanto, para ele, a reconstituição dos fatos é um caminho para a justiça. “Para mim, é uma satisfação saber o que está sendo feito para que isso não aconteça com outras pessoas. Eu não quero que ninguém passe pelo o que eu estou passando, o que eu estou passando é muito forte, não quero que ninguém sinta o que eu estou sentindo. O que aconteceu com a minha esposa não foi só uma fatalidade, foi uma irresponsabilidade muito grande de uma pessoa sem ética, uma pessoa sem educação, uma pessoa que não pode estar no meio da sociedade vivendo”, declarou.

Ao final da entrevista, emocionado, Laércio ressaltou a importância da esposa em sua vida. “Ela era muito minha amiga, ela era tudo para mim. Eu não tenho pai, nem mãe mais, ela era a minha esposa, minha amiga, ela era meu pai, ela era minha mãe, ela foi uma grande mulher e uma grande companheira. Eu estou sentindo muita falta dela”. Além do esposo, Nilceia também deixou uma filha de 26 anos.

 

 

 

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