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O Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), deflagrou, na manhã desta terça-feira (16), a Operação Muditia -- limpeza, em latim -- em Sorocaba e outras 11 cidades paulistas. A ação teve como objetivo desarticular um grupo criminoso associado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), investigado por inúmeras fraudes em licitações.

Segundo a investigação, empresas atuavam de forma recorrente para frustrar a competição nos processos de contratação de mão de obra terceirizada no Estado, notadamente em diversas prefeituras e Câmaras Municipais. Além de Sorocaba, a operação foi realizada em Guarulhos, São Paulo, Ferraz de Vasconcelos, Cubatão, Arujá, Santa Isabel, Poá, Jaguariúna, Guarujá, Buri, Itatiba e outros municípios têm contratos sob análise.

De acordo com os promotores do Gaeco, havia simulação de concorrência com empresas parceiras ou de um mesmo grupo econômico. Também há indicativos da corrupção sistemática de agentes públicos e políticos (secretários, procuradores, presidentes de Câmara de Vereadores, pregoeiros etc.) e diversos outros delitos como fraudes documentais e lavagem de dinheiro.

As empresas do grupo têm contratos públicos que somam mais de R$ 200 milhões nos últimos anos. Alguns deles atendiam a interesse do PCC, que tinha influência na escolha dos ganhadores de licitações e reparte os valores ilicitamente auferidos.

A Operação Munditia contou com o trabalho de 27 promotores de Justiça, além de diversos servidores do MPSP e policiais militares. As investigações correm em segredo de Justiça, por isso, outras especificidades não foram divulgadas à imprensa.

Outros detalhes

Poucas horas depois do início da Operação, promotores do Gaeco e representante da Polícia Militar esmiuçaram alguns detalhes da ação.

De acordo com Emerson Massera, coronel da PM, a operação teve início com o monitoramento de aúdios de integrantes do PCC, levando à identificação de uma conspiração liderada por pessoas ligada à organização criminosa. "A partir daí verificamos a participação de funcionários públicos e vereadores que direcionavam licitações por meio do controle de empresas. Nossa parceria com o MPSP tem trazido ótimos resultados na desarticulação do crime organizado", disse.

O promotor do Gaeco, Yuri Fisberg, afirmou, por sua vez, que os trabalhos da Munditia continha 15 alvos de mandados de prisão cautelar, sendo que 13 deles já foram cumpridos, inclusive contra três vereadores de cidades do Alto Tietê e do litoral paulista. "Tivemos ainda 42 mandados de busca cumpridos, com a apreensão de quatro armas de fogo e grande número de munições, 22 celulares, 22 notebooks, R$ 3,5 milhões em cheques, cerca de R$ 600 mil em espécie e 8.700 dólares", disse, acrescentando que as diligências prosseguem. Os mandados foram cumpridos em Mogi, Guarulhos, Santos, Ferraz de Vasconcelos, Cubatão, Poá, Buri, Jaguariúna e Itatiba, entre outras.

Ainda de acordo com outros promotores especializados, a operação revelou que existe uma sofisticação na atuação da organização criminosa, exigindo das autoridades uma maior articulação no trabalho conjunto. Outro ponto é o favorecimento do grupo criminoso por parte dos envolvidos com a facção tem acontecido em três eixos: fraudes a licitações, corrupção com envolvimento de agentes públicos e lavagem de dinheiro. "As facções precisam dessa estrutura para ampliar sua atuação e fortalecer suas atividades ilícitas", asseverou Flavia Flores. (Da Redação com informações do MPSP)