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Direção Segura

Comportamento dos motoristas é influenciado pela maneira como os demais agem no trânsito

Ações educativas são alternativas para a conscientização, defende a pedagoga Sonia Chébel Mercado Sparti

15 de Abril de 2024 às 22:31
Vanessa Ferranti [email protected]
Vídeo divulgado no portal do Cruzeiro do Sul, que mostra um caminhão 
atropelando uma motocicleta, gerou um intenso debate nas redes sociais
Vídeo divulgado no portal do Cruzeiro do Sul, que mostra um caminhão atropelando uma motocicleta, gerou um intenso debate nas redes sociais (Crédito: Fábio Rogério (16/04/2024))

O vídeo divulgado no portal do Cruzeiro do Sul, no domingo (14), que mostra um caminhão atropelando um motocicleta, gerou um intenso debate nas redes sociais sobre as brigas no trânsito. No Facebook do jornal, um leitor comentou: “Que barbaridade, que absurdo a atitude desse caminhoneiro”. Outro escreveu: “Não posso julgar sem mais informações, mas os motoqueiros muitas vezes não respeitam farol vermelho, contramão, faixa de pedestre etc. Quem anda na rua convive com isso diariamente”.

A pedagoga Sonia Chébel Mercado Sparti, mestre e doutora em Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), explica que o comportamento dos motoristas é influenciado pela maneira como percebem os demais no trânsito. O ideal seria que se vissem como companheiros de viagem, conscientes de que todos estão sujeitos às mesmas intercorrências, como chuva, fiscalização, desvios e acidentes, situações que podem complicar o percurso.

“Se o motorista vê as outras pessoas no trânsito como companheiros, ele sabe que estão sujeitos às mesmas intercorrências. Mas se as percebe como adversários, pensa: “Ele está me atrapalhando, contribuindo para o congestionamento. Por que não ficou em casa para diminuir o volume de veículos?. Assim, a atitude muda completamente, dependendo de como o outro é percebido, como companheiro ou adversário”, disse Sonia.

A especialista também aborda o fenômeno do deslocamento emocional, em que emoções reprimidas podem ser descontadas em situações de estresse. “Quando o motociclista resolve falar com o motorista do caminhão e avisar o que aconteceu, ele (caminhoneiro) pode ter percebido como uma repreensão e ai depende muito do estado emocional desse motorista de caminhão e de suas experiências anteriores”, explica.

Para Sonia, a violência no trânsito sempre existiu, mas o aumento da população e, consequentemente, o aumento de veículos intensificam a sensação de impunidade e propiciam mais episódios de brigas e discussões. “A situação em que vivemos no momento parece mais propícia a aumentar essa violência, desrespeito e ataques à vida. A questão da própria insegurança em termo de emprego, a situação econômica do País, e a situação da impunidade. Como o número de motoristas, motociclistas e pedestres é muito grande, parece que a culpa é diluída: ‘eu faço errado, mas não é só eu’”, argumenta.

Para mudar esse cenário, é fundamental educar para o trânsito, mas em alguns casos são necessárias ações mais intensas. “Para esse motorista de caminhão, um outdoor, um cartaz ou um folheto sobre paz no trânsito talvez não surtam efeito. Seria necessária uma metodologia mais impactante para levá-lo à conscientização”. Um exemplo seria as palestras em grupo em que as pessoas podem ouvir as demais experiências e também mostrar o seu ponto de vista.

Porém, independentemente dos problemas enfrentados no dia e da circustância em que o trânsito se encontra, a especialista enfatiza que o importante é não brigar, manter o respeito e evitar generalizações. “As pessoas são diferentes. Existem imprudentes dirigindo caminhões, carros e motos, assim como há aqueles que são cuidadosos em todos esses modais‘, conclui Sonia.