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Cafés e padarias viram ambiente alternativo para trabalho e estudo

Cada vez mais pessoas buscam lugar descontraído para desenvolver suas atividades

13 de Abril de 2024 às 22:00
Beatriz Falcão [email protected]
Cafeteria instalada há pouco mais de um ano se transformou rapidamente em "refúgio" para quem precisa de tranquilidade para se concentrar, entrevistar e até para realizar reuniões, como a corretora Malina (à direita na foto maior) e sua colega de empresa
Cafeteria instalada há pouco mais de um ano se transformou rapidamente em "refúgio" para quem precisa de tranquilidade para se concentrar, entrevistar e até para realizar reuniões, como a corretora Malina (à direita na foto maior) e sua colega de empresa (Crédito: Fábio Rogério (20/03/2024))

O uso de notebooks em cafés e padarias se tornou uma cena comum atualmente. Muitos trabalhadores utilizam esses estabelecimentos para trabalhar e até mesmo para realizar reuniões e entrevistas. A prática, no entanto, divide opiniões. Por um lado, há os estabelecimentos que encaram o novo cenário como oportunidade, e outros, como prejuízo.

Há um pouco mais de um ano, Michelle de Böer, de 42 anos, é proprietária de uma cafeteria. Ela conta que não estava nos seus planos atender o ambiente corporativo, contudo, enxergou na alta demanda uma possibilidade. A ideia inicial era abrir o estabelecimento somente aos finais de semana e oferecer o brunch para famílias, contudo, o local passou a ser procurado durante a semana por funcionários de comércios e empresas próximas.

“Logo as pessoas começaram a perguntar se poderiam usar as salas para trabalho e, para mim, foi excelente!”, conta a proprietária. “Eu entendo que alguns lugares podem achar inadequado porque trabalham com uma rotatividade muito grande, é necessário a disponibilidade de mesas e, às vezes, de fato, a pessoa passa a tarde inteira trabalhando e toma só um cafezinho. No entanto, eu tenho uma capacidade grande para o público que recebo, não me atrapalha em nada, muito pelo contrário”, explica.

Michelle encara a situação como um investimento, uma vez que entende que se trata de um lucro futuro. “Todas as pessoas que vem aqui, retornam. Seja no final de semana com amigos, com a família, ou até mesmo durante a semana com a sua equipe de trabalho. É um investimento”, afirma.

A proprietária ainda conta que, além de trabalhar no café, os funcionários utilizam as salas para reuniões, entrevistas de emprego, aniversários, eventos, e até mesmo para gravação de podcast. “Por conta da decoração bonitinha e acolhedora, as pessoas se sentem em casa, sem necessariamente estar em casa. Acho que essa é a grande vantagem”, finaliza.

De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, o estabelecimento pode vetar a prática, mas deve comunicar ao consumidor com antecedência. Em Sorocaba, alguns comércios autorizam a permanência por até uma hora, e outros, assim como o da Michelle, liberam o espaço para uso corporativo.

O outro lado

A corretora de imóveis Malina Teles, de 40 anos, está entre as pessoas que preferem trabalhar em cafés ou padarias. Para ela, o espaço descontraído ajuda na criação de ideias e projetos, principalmente em reuniões.

“Como trabalho com contato direto com o cliente, o meu papel é fidelizar. Acredito que em um ambiente diferente do comercial, a fidelização acontece mais facilmente”, destaca Malina. “E até mesmo com a própria equipe de trabalho, aquela reunião mais formal se torna mais tranquila e agradável”.

Bom para todos

Um dos motivos pelos quais as pessoas procuram lugares alternativos para trabalhar é a concentração. Esse é o caso da aluna de nutrição Ana Laura Vasco da Silva Mendes, de 22 anos, que encontrava dificuldades para estudar em casa.

“Sempre tinha alguma coisa para fazer, uma louça ou roupa para lavar, o chão para varrer. Eu também moro com o meu irmão mais novo, então é praticamente impossível estudar”, conta Ana. “Antes eu estudava na casa do meu avô, no entanto, ele faleceu no ano passado e desde então passei a estudar em cafés”.

Foi assim que a estudante conheceu Michelle. Durante a última semana de provas do ano, Ana foi ao café todos os dias para estudar e conta que lá não só encontrou um dos seus lugares favoritos, mas uma oportunidade: a de estágio.

“Eu trabalhava na empresa do meu irmão, mas nas férias da faculdade gostaria de realizar o estágio na minha área, portanto, fiz a proposta para a Michele”, a estudante lembra do momento com um sorriso. “Ela pensou durante alguns dias e aceitou. Em dezembro comecei a trabalhar no café”.

Em menos de um mês, Ana foi efetivada e, hoje, continua trabalhando com Michelle, com quem mantém uma amizade que ultrapassa as barreiras de trabalho. “Muito além de um emprego, eu ganhei uma amiga”, resume.


 

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