Vida de Santo
Professor de Itapetininga é especialista em Santa Teresinha do Menino Jesus
Teresa de Lisieux — Santa Teresinha do Menino Jesus, como é chamada no Brasil — não é somente uma santa católica, ela é uma personalidade reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), no biênio 2022-2023, entre as figuras mais significativas para a humanidade contemporânea. Santa Teresinha nasceu em 2 de janeiro de 1873, em Alençom, baixa Normandia, na França. Morreu precocemente, aos 24 anos, mas teve tempo suficiente para deixar escritos maravilhosos, como o livro “História de uma alma”, que já vendeu 500 milhões de exemplares no mundo todo, além de 21 orações, 54 poemas e oito peças de teatro. Além disso, após a sua morte, surgiram muitos relatos de milagres por sua interseção.
Venerada no Brasil e no mundo, até mesmo em países islâmicos, Santa Teresinha do Menino Jesus ganhou no professor de história Peterson Arcas, de 48 anos, um devoto que afirma pautar seu dia a dia na cidade onde nasceu e cresceu, Itapetininga, nos ensinamentos dela. Além de historiador, Peterson é um estudioso da vida da santa desde 1987,quando leu “História de uma Alma” e passou a ler outros livros também. Ele conta que já estudou mais de 45 mil páginas sobre a santa.
Em suas leituras, o historiador encontra diversas inconsistências. “Já encontrei aproximadamente 500 erros sobre ela. Às vezes, são erros de data, por exemplo, que podem ser erros de digitação. Então, comecei a me tornar um perito nela, achando erros, inclusive em sites famosos, que eu comunico aos responsáveis”, comenta.
Embora o estudo sobre a vida de Santa Teresinha tenha começado em 1987, o amor pela santa pode ser acompanhado desde sua infância, por meio de sua tia, que também era devota da santa. “Sou muito católico e sou praticante. Busco a perfeição em relação à Santa Teresinha. Não procuro fama, não procuro reconhecimento, procuro a divulgação do trabalho da santidade de Santa Teresinha do Menino Jesus”, revela o historiador.
Predestinada
Para ele, existe algo místico muito grande desde o nascimento de Teresinha, que segundo o historiador, nasceu predestinada a ser essa gigante que é hoje. Com 1,62 metro de altura, loira e de olhos azuis, Teresinha sempre foi uma criança diferente das outras, por isso, não frequentou escolas convencionais e teve aulas particulares. No período em que conviveu com crianças na escola, Teresinha deixava de brincar de boneca, para brincar de realizar missas e enterrar passarinhos. Aos dois anos, fugiu de casa para ir à missa. Aos três, aprendeu a ler e escrever e explicou para a irmã, quatro anos mais velha, o significado do Todo Poderoso. “Você acha normal uma criança de três anos e meio explicar isso?”, questiona Arcas.
Quando entrou no Carmelo de Lisieux, aos 15 anos, Teresinha passou então a escrever. “Ela escreve os manuscritos autobiográficos, ela escreve todas as suas lembranças, ela era muito boa em história, tinha uma grande retórica, então ela fazia peças de teatro, escrevia poemas, escrevia orações... ela deixou um vasto trabalho escrito, morrendo aos 24 anos”, resume o historiador. O livro “História de uma alma” foi publicado um ano após a sua morte. “É um livro que muda a vida de muitas pessoas, milhares de vocações católicas e não católicas foram despertas porque Teresinha é reconhecida e amada até mesmo em países islâmicos. Nem a igreja católica consegue responder isso. Chegou esse furacão de glória após a sua morte. O Carmelo chegou, uma época, a receber mais de mil cartas, diariamente, de fiéis pedindo bens ou relíquias da Santa Teresinha”, relata Arcas.
Mas, afinal, o que tornou Teresa de Lisieux uma santa? De acordo com Peterson, o seu amor a Deus, o desejo de ser mártir, apóstola, de percorrer o mundo pregando a palavra de Jesus, mesmo não tendo saído do Carmelo. “Ela ficou no Carmelo fazendo trabalhos escritos e famosos, como ‘História de uma Alma’, além do exemplo de vida que ela conseguiu atingir no mundo, pós-morte, levando a palavra de Jesus”, acrescenta o professor.
Em vida, Santa Teresinha não realizou milagres, mas após sua morte, foram muitos os relatos. “Um grande milagre foi o de uma menina de cinco anos, cega, que em 1908 visitou o túmulo de Santa Teresinha, em Lisieux, e ao voltar para casa, imediatamente recuperou a visão. Depois, vieram vários outros relatos, inclusive durante a primeira guerra mundial”, explica o historiador.
Peterson Arcas conta que sempre estudou muito e se considera um autodidata e devorador de livros, tendo estudado teatro e a língua hebraica. Hoje, estuda francês para poder falar de Teresinha no idioma dela. “Tenho fotos dela e uma pequena biblioteca sobre ela. Muitas fotos que eu imprimo, documentos antigos e duas relíquias de segundo grau, que são pedaços das roupas dela.
Arcas tem, ainda, quadros e uma imagem de Santa Teresinha, dos anos 30, que foi reformada. Tem também inúmeras tatuagens em homenagem a ela. “Tenho tatuado a fisionomia dela com 13, 15 e com 22 anos. Tenho tatuado também a assinatura dela e uma carta. Então, eu marco a minha pele, marco o meu coração e marco a minha vida por Santa Teresinha, que é uma das santas mais famosas do mundo e mais veneradas do Brasil. Existe a minha vida antes de Teresinha e depois de Teresinha e posso dizer para você que depois de Teresinha a vida é muito melhor”, conclui.
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