Programa Humanização
Mais de cinco mil pessoas foram encaminhadas de volta ao lar
Acolhimento de pessoas em situação de rua exige persistência dos profissionais
Criado pela atual gestão municipal, o programa Humanização já realizou 31.204 abordagens e 26.345 acolhimentos no Serviço de Obras Sociais (SOS) entre os anos de 2021 e o dois primeiros meses de 2024. Deste total, 5.124 pessoas em situação de rua foram encaminhados de volta ao lar e 756 para clínicas de tratamento de dependência clínica. Somente nos dois primeiros meses deste ano, foram 1.520 abordagens, 1.353 acolhimentos no SOS, 63 encaminhamentos à clínicas e 371 pessoas que receberam ajuda para voltar aos seus lares.
Nos dados divulgados pela Prefeitura de Sorocaba, destacam-se, também, os números de denúncias feita pela população, que totalizaram 9.063 desde a criação do programa. Houve um crescimento quando comparado o número de denúncias nos dois últimos anos: em 2022, foram 1.959, já em 2023, subiu para 4.730.
Na linha de frente do Humanização, todos os dias, está o secretário de Gabinete Central (SGC), João Alberto Corrêa Maia. Ele conta que o programa foi criado tendo em vista a necessidade de políticas públicas voltadas às pessoas em situação de rua em Sorocaba. “Nós nos deparamos com o Centro, com um fluxo de mais ou menos de 200 pessoas que estavam nas marquises. Vários pontos, que nós colocávamos como pontos ‘quentes’, que apresentavam muitas denúncias, e que a gente começou um estudo para ver como a gente faria para implantar essas políticas públicas. Aí que veio o programa Humanização, que é um programa que abrange várias secretarias”, explica.
Para o secretário, muitas pessoas em situação de rua só precisam de uma oportunidade, de alguém que os escute. “No começo do programa, observávamos que tinham pessoas que viviam há cinco ou dez anos na rua; hoje a gente aborda uma pessoa que está há poucos dias nessa rua. Estão chegando muito rápido a esse acolhimento e por conta das rotas do programa, da agilidade do serviço”, comemora.
O recâmbio dessas pessoas, levando-as de volta para seus lares ao lado da família, mostra que o objetivo do Humanização vai muito além do atendimento e acolhimento às pessoas em situação de rua. O programa oferece a oportunidade da pessoa voltar a ser quem era antes de viver nas ruas. Nos casos de pessoas que não têm interesse de voltar para sua cidade ou família, o Humanização oferece outras oportunidades. Na última semana, muitos foram encaminhados ao Mutirão de Empregos, que aconteceu no Parque Tecnológico de Sorocaba. Outros, são encaminhados ao Caps e em alguns casos, também às unidades de saúde, de acordo com a necessidade individual.
“Os números mostram a importância do programa Humanização. Nós teríamos hoje, em média, mais de 5 mil pessoas em situação de rua perambulando pelas vias de Sorocaba, montando suas barracas, com colchões e papelões. Observamos que existem cidades que não tem esse tipo de trabalho, que não existem esses tipos de políticas públicas e que vem para Sorocaba estudar o programa Humanização para implantar em seus municípios. O programa resolveu inúmeros problemas, trouxe dignidade para centenas de pessoas e conseguimos formar uma rede de acolhimento que atende a pessoa no momento exato que ela precisa”, afirma o secretário.
Mas e quem não aceita?
O Secretário de Gabinete Central comenta sobre a complexidade do atendimento às pessoas em situação de rua. “Existe a criação desse vínculo. Quando chegamos aos locais, geralmente os agentes já conhecem as pessoas que vamos abordar, chamam eles pelo nome. Alguns chegam a aceitar atendimento e o acolhimento, mas voltam depois aos mesmos locais, por isso, há essa relação”, detalha.
O trabalho da equipe, formada também por assistentes sociais e psicólogos, é fundamental na abordagem das pessoas em situação de rua: “Não podemos chegar e pegar a pessoa na ‘marra’. As pessoas que naquele momento não quer a abordagem, nós não desistimos delas, devido a nossa abordagem contínua. Procuramos entender o porquê ela não está aceitando, por meio de técnicas de observação comportamental vamos tentando desarticular os mecanismos de defesa dela até que ela se renda e aceite a ajuda”.
Locais que geravam problemas
A situação mudou em muitos pontos da cidade onde antes eram comum os problemas relacionados às pessoas em situação de rua. É o que diz o secretário que cita uma lista com mais de 120 locais. “São pontos que os problemas foram sanados. A praça central, por exemplo, agora podemos ver pessoas brincando e as pessoas que moravam nos prédios voltaram a frequentar durante à noite. Além de muitos outros pontos, como a Frei Baraúna, Largo do São Bento, Cemitério da Consolação - ali era infernal, com muita reclamação, hoje não tem mais nada lá - General Carneiro, Praça da Bandeira - onde tinha o ‘rolêzinho‘ e agora está bem controlado, Praça Lyons, até mesmo o parque Campolim, ente outros”, comenta.
O secretário cita também a praça do Largo do Divino, local que já foi tema de reportagem do Cruzeiro do Sul, em 17 de novembro de 2023. “Estamos trabalhado nesse local desde a reforma da praça, nós conhecemos todo mundo que está ali pelo nome. Já internamos três pessoas que estão ali, eles saem, internam e voltam, e quando voltam, estamos ali acolhendo. Aquela praça, se não tivesse o programa Humanização, eu te garanto que ela estaria com mais de 50 pessoas ali fazendo mal uso. Estamos a 80% de sanar o problema daquela região”, garante.
Acolhimento que devolve a dignidade
No Serviço de Obras Sociais, as pessoas em situação de rua recebem todo o acolhimento necessário para a dignidade de um ser humano. No local, além do pernoite, são oferecidas alimentação completa (jantar e café da manhã), roupa de cama e de banho, itens para higiene e banho. “Eles começam a chegar 18h e pode chegar a noite inteira, até 2h da manhã, por exemplo, fazemos o acolhimento. Eles começam a sair entre 6h e 8h. Que é a hora que fazemos troca de turno, limpeza. Temos também as pessoas que acolhemos durante o dia. Hoje, tem em torno de 60 pessoas que são diurnos, que são pessoas que têm problemas psicológicos, pessoas que têm problemas físicos e acabam passando o dia aqui no SOS”, explica o presidente da entidade, Rubens Cury Basso.
No SOS também são oferecidas oficinas de cerâmica, pintura e jogos. “Algumas igrejas vêm fazer trabalhos com a gente, também tem o projeto Eco, para a produção de mudas, trabalho na horta, entre outras coisas. Então, aqui tem uma ocupação”, comenta Rubens.
Segundo o presidente, a média é de 143 atendimentos por dia; a capacidade total é para 170 pessoas. Como o SOS é uma entidade filantrópica está sempre à procura de apoio. Doações como alimentos, roupas de cama, produtos de limpeza, entre outros, podem ser levadas na instituição, na rua Francelino Romão, 100 - Vila Rica. Quando for preciso, também é possível fazer a retirada da doação. Para isso, basta entrar em contato pelo telefone (15) 3229.0777 ou pelo site sossorocaba.org.br/como-ajudar. (Virgínia Kleinhappel Valio)
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