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Dimensionamento do tráfego de veículos tem relação com buracos

"Antes não tinha caminhão e ônibus como hoje e tampouco circulando por vias não projetadas para tal", disse o engenheiro Valmir Almenara

18 de Março de 2024 às 23:51
Thaís Marcolino [email protected]
Nas rodovias o pavimento rígido é mais comum, enquanto nas cidades, principalmente em ruas de bairro, o uso do tipo flexível é optado pelas Prefeituras
Nas rodovias o pavimento rígido é mais comum, enquanto nas cidades, principalmente em ruas de bairro, o uso do tipo flexível é optado pelas Prefeituras (Crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil )

Sempre que surge algum buraco na rua é comum ouvir a frase “antes o alfalto era bom e durava anos, não tinha essa buraqueira toda”. Entretanto, para o engenheiro civil, Valmir Almenara, essa percepção é errônea e o real motivo para o deterioramento frequente é o aumento do tráfego nas vias.

  • O professor e engenheiro civil, Valmir Almenara, esclareceu a diferença entre os pavimentos e o motivo de se ter a sensação de que o asfalto hoje em dia é menos durável - Cortesia/ Valmir Almenara
    O professor e engenheiro civil, Valmir Almenara, esclareceu a diferença entre os pavimentos e o motivo de se ter a sensação de que o asfalto hoje em dia é menos durável (crédito: Cortesia/ Valmir Almenara)

“Os materiais pouco mudaram, o que acontece é que há uns 40, 50 anos o número de veículos era menor. Não tinha caminhão e ônibus como hoje e tampouco circulando por vias não projetadas para tal”, disse o engenheiro civil.

Atualmente, são dois tipos de pavimento usados: o flexível e o rígido. Segundo Almenara, o primeiro é o que a população conhece e está presente em grande parte das cidades, principalmente em ruas de bairro. Já o rígido é com concreto armado e é usado em trechos em que a circulação de veículos pesados é maior. Segundo ele, em Sorocaba, os corredores do BRT foram feitos com o concreto mais resistente para suportar os ônibus. Em rodovias também é usado o tipo rígido.

“O superficial se move conforme os veículos que passam por eles e tem uma durabilidade média de 10 anos. O rígido foi projetado para durar 20 anos. Porém, essa estimativa pode mudar a depender com a passagem e a agressividade de cada veículo. O custo também é bem diferente”, explicou o engenheiro civil e professor da área.

Remendo x recape

Em ruas de menor tráfego, como em bairros, em situações de buracos, é comum o remendo ao invés do recape — realizado em um trecho maior, muitas vezes a rua ou avenida completa. “O custo é o principal motivo para se optar pelo remendo. As prefeituras têm uma demanda maior que a disponiblidade também, então, “quem não tem cão caça com gato””, opinou Almenara. Apesar de ser uma medida comum e de pouca durabilidade, ela é “eficiente para a proposta de evitar acidente, danos na suspensão, entre outros problemas”, complementou.

Qual a solução?

As reclamações de buracos são constantes. Segundo o engenheiro civil, entre as soluções que os órgãos públicos podem providenciar é o mapeamento da área para saber o tamanho real do problema. A medida pode ser feita com ajuda da tecnologia por meio de drones. “A segunda parte é investir em novas tecnologias, além do asfalto convencional. Algumas vias de São Paulo usa o microasfalto, que é mais caro, mas dão mais retornos e são usados em vias mais consolidadas. Uma análise técnica por parte da prefeitura é possível para melhorar e evitar boa parte dos problemas. Mas isso depende de muito recurso”, finaliza o profissional de 65 anos. (Thaís Marcolino)

 

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