Buscar no Cruzeiro

Buscar

Investigação

DDMs identificam 96% dos autores de feminicídios em SP

13 de Março de 2024 às 22:00
Cruzeiro do Sul [email protected]
Delegadas dizem que mulheres precisam denunciar violência para evitar desfecho trágico
Delegadas dizem que mulheres precisam denunciar violência para evitar desfecho trágico (Crédito: FABIO ROGÉRIO / ARQUIVO JCS (1/12/2023))

A polícia paulista conseguiu identificar 214 autores de feminicídios, ou seja, 96% do total de casos registrados no ano passado. Dos 221 crimes cometidos contra mulheres em 2023, 101 suspeitos foram presos em flagrante, e os demais foram indiciados durante as investigações. Sete casos ainda têm a autoria desconhecida.

De acordo com levantamento da Polícia Civil, do total de feminicídios registrados no ano passado, apenas em 63 casos as vítimas tinham registrado ocorrências anteriores contra os agressores.

Segundo a delegada Jamila Ferrari, coordenadora das Delegacias de Defesa da Mulher, os dados servem como um alerta para as autoridades. Em um contexto conjugal, a violência ocorre dentro de um ciclo que é constantemente repetido e sempre começa antes do crime. “Infelizmente, por algum motivo, essa mulher não sabia ou tinha medo, ou vergonha, ou achou que nada iria acontecer e não procurou a polícia”, observa.

Ainda, segundo a delegada, esse contexto indica que é preciso continuar incentivando as mulheres a registrar as ocorrências “ao menor e primeiro sinal de violência, mesmo que seja um xingamento ou ameaça”. Desse modo, a polícia poderá agir, seja com um pedido de medida protetiva ou mesmo a prisão do agressor.

Estupros

Dados da Polícia Civil mostram que 11,1 mil estupros de vulnerável e 3,3 mil estupros foram registrados em todo o Estado em 2023, um aumento de 9,8% em relação a 2022. “A subnotificação nesses casos ainda é alta”, alerta a coordenada das DDMs. “São os crimes mais subnotificados que temos.” O aumento das denúncias impacta no crescimento no número de casos, e é essencial que a vítima procure os agentes de segurança.

O medo e a vergonha são os principais motivos que desestimulam a vítima a buscar apoio e denunciar o agressor. “Além de machucar fisicamente, também traz uma violência psicológica muito grande, fazendo com que a mulher não procure ajuda”, explica Jamila. Para a delegada, o aumento das notificações indica que as vítimas estão sentindo confiança para buscar socorro.

A 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), na região do Cambuci, esclareceu 93% dos casos de feminicídios ocorridos desde 2020 na área central da cidade de São Paulo. Foram 16 registros no período, com 15 casos solucionados e 14 suspeitos presos. Em um dos casos, o acusado conseguiu fugir do País, mas foi possível identificá-lo e solicitar a prisão.

O trabalho investigativo é determinante para a resolução dos casos. “Toda investigação é voltada para o relacionamento daquela vítima com o possível agressor ou quem era aquela pessoa que ela se relacionava. Nós vamos atrás desse suspeito para colher o maior número de evidências possíveis, com todos os métodos de apuração que a Polícia Civil põe à disposição”, diz a delegada Cristine Nascimento Guedes Costa. (Da Redação, com informações do governo de São Paulo)