Contra mosquito
Procura por repelente aumenta e mercado tem desabastecimento e baixa no estoque
Produto é vendido em farmácias e mercados, preço também sofreu alta
O aumento no número de casos de dengue não só em Sorocaba, mas em todo o Estado e País, fez com que a procura por repelentes aumentasse. Devido à alta demanda, as farmácias estão com prateleiras do produto vazia ou com estoque baixo.
Em uma farmácia localizada na zona oeste de Sorocaba, houve um aumento de 200% na procura por repelente, se comparado ao mesmo período do ano passado.
No entanto, a proprietária Soraya Angeli explica que isso não significa que houve um aumento das vendas, “pois com o aumento de procura, logo faltou nas distribuidoras para compra. O estoque que tínhamos, por exemplo, era bem limitado, pois a procura pelo repelente era bem esporádica antes desse ‘boom’ da dengue. Toda vez que há o aumento de procura de um certo produto devido a, vamos dizer assim ‘pandemia’, os produtos logo começam a ficar escassos ou mal distribuídos pelas drogarias, uns sempre têm muitos, e uns com nada”, comenta.
Em relação aos preços, a proprietária da farmácia comenta que há um aumento de preço quando a procura aumenta, porém, em valores, varia muito, pois depende da marca e do tipo do produto.
Ainda de acordo com a proprietária, a maior parte dos repelentes vendidos nas farmácias são fabricados no Brasil. Além do repelente, outros produtos têm sido procurados na farmácia: “Venenos em spray, de tomada, aqueles em pastilha e de líquidos que vão na tomada também são procurados”, explica.
Em outra farmácia, localizada na zona norte da cidade, o aumento foi de 322% em relação ao mesmo período de 2023. Segundo José Alberto Cépil, proprietário do local, não houve falta de repelente, mas sim uma baixa de estoque.
“Está mais difícil comprar algumas marcas que estão em falta. E quando entra em estoque nos fornecedores, acaba em horas. Sobre o preço, houve um aumento de alguns itens dos fornecedores devido à falta do produto. O preço de venda sobe conforme o fornecedor reajusta o preço. O repelente Off, de 200 ml, por exemplo, teve um aumento de em média 28% no preço. Hoje, o consumidor está pagando em torno de R$ 25,90. Temos falta de algumas marcas, sem previsão de reposição por falta de matéria prima, mas ainda temos outras mercas para atender a demanda da rede”, comenta.
O proprietário comenta que produtos a base de citronela estão esgotados em sua farmácia.
Já em outra farmácia, localizada na zona leste de Sorocaba, não houve aumento de preços, mas sim aumento da demanda de repelentes. “Nossos preços ficaram exatamente iguais aos que estavam antes deste aumento da procura, antes do Estado declarar estado de emergência para dengue”, disse o farmacêutico químico e sócio proprietário da farmácia, Vicente Jacinto Nunes.
Ele afirma também que os fornecedores não possuem mais repelentes e que só quando houver reposição, saberá se houve aumento nos preços.
“É provável que haja um aumento, porque quando aumenta a demanda, infelizmente aumenta o preço. Como não é um produto que tem o preço controlado, ele vai aumentar ou diminuir o preço de acordo com a demanda do mercado. Se há muita procura, normalmente aumenta-se o preço, até mesmo porque diminui-se os descontos em fornecedores e assim por diante”, explica.
Hoje, o farmacêutico possui duas marcas disponíveis à venda, em loção e em spray. Ele conta que efetuou pedido de outras marcas para distribuidores, mas os esses estão na fila há mais de 15 dias e ainda não foram atendidos.
Além dos repelentes, ele comenta sobre o aumento na procura por produtos à base de citronela: “Também oferecemos o óleo essencial a base de citronela. Apesar dele ter um aroma não muito agradável, as pessoas acabam comprando, porém já esgotou no meu estoque. A reposição do produto está programada para o final deste mês de março”.
Mais procurados
O farmacêutico explica, ainda, que os repelentes a base de icaridina são os que mais estão em falta no mercado e nos distribuidores. “A icaridina é um ativo extraído da pimenta. É relativamente novo e veio há cerca de uma década para o Brasil.
Depois de alguns estudos científicos, encontrou-se esse ativo da pimenta e notou-se que ele é eficaz para determinados tipos de insetos, inclusive os transmissores da dengue, zika e chikungunya. Então, alguns pesquisadores introduziram ele no mercado”.
Uma das primeiras marcas a utilizar esse ativo foi a “Exposis”. Em seguida, outros concorrentes também lançaram repelentes que tinham em seu ativo a icaridina. Segundo o farmacêutico, repelentes com icaridina são mais eficazes.
“A icaridina aumenta o tempo de duração da repelência na roupa ou na pele da pessoa. Nos produtos que não possuem icaridina, o tempo de repelência diminui. Fica mais fraco”, comenta.
Ele atenta que os repelentes que possuem o ativo são mais caros, devido ao aumento de tempo de proteção. Em relação à falta do repelente à base de icaridina nas indústria, o farmacêutico opina: “Acredito que, por ser um produto derivado da pimenta, ele depende de safra, da manipulação desta pimenta para extrair este ativo e abastecer esta indútria. Não é algo simples, que consegue da noite pro dia. É preciso plantar, esperar o tempo de produção, colher, manusear em laboratório, separar em ativos, dentro da necessidade que a indústria exige. A indústria também estava desabastecida desses ativos. Então, não sei dizer o que acontece e como a indústria vai fazer para atender o aumento desta demanda do consumo que está tendo neste momento. Isso é diretamente com a indústria.” (Virginia Kleinhappel)