Dia Internacional da Mulher
Força, garra, determinação e sensibilidade
No dia dedicado a elas, duas histórias de superação, conquistas e companheirismo entre mulheres
Hoje (8), comemoramos o Dia Internacional da Mulher. Afirmar que somos fortes, guerreiras e essenciais na sociedade, além de ser clichê, já lemos e ouvimos em boa parte das campanhas realizadas nesta data todos os anos. Nós, mulheres, somos muito mais do que essas características citadas. Somos o alicerce nas relações que construímos dentro e fora de casa, somos serenidade, superação e, acima de tudo, determinação.
Exemplo de determinação é a trajetória da promotora do Ministério Público, Helena Cecília Calado, de 53 anos. Ingressou na Faculdade de Direito de Sorocaba em segundo lugar no vestibular. Se formou em 1993 e no ano seguinte, assumiu como delegada da Polícia Civil. No mesmo ano, passou em trigésimo lugar no concurso público para o MP e iniciou sua carreira na Promotoria do Estado, que completa no mês de dezembro 30 anos. “Queria ter independência e autonomia. Quando entrei na Polícia Civil em 1994, eram poucas mulheres na polícia. Até quando entrei no MP, era diferente do que é hoje”, conta.
Mesmo estando hoje onde tanto quis, Helena nunca deixou de estudar. Em seu currículo de excelência a promotora tem, ainda, dois mestrados. Hoje, é promotora criminal da 1ª vara, em Sorocaba, lugar que ocupa há 22 anos. Filha de advogado, professor de história e filosofia, e de bibliotecária, a referência na vida da promotora veio de seu “berço”, o qual afirma ter sido voltado para a leitura.
“Minha mãe foi uma mulher muito forte e independente e uma das fundadoras da Biblioteca Municipal de Sorocaba. Eu cresci em meio aos livros. Ela é uma mulher dos livros e isso me inspirou a pensar que para ser bem sucedida seria necessário passar pelo estudo, leitura e reflexão. Não adianta somente estudar, é preciso refletir. Toda mulher precisa ter uma inspiração e referência, ter o norte de outra mulher. Onde uma mulher conseguiu, outra também vai conseguir e vai chegar lá”, afirma.
Para ela, as mulheres não podem mais aceitar papéis estereotipados, que determinam que “isso é coisa de mulher e isso, de homem”. A promotora aconselha as mulheres a aplicar disciplina e determinação em seus objetivos. “Existirão obstáculos, mas a grande diferença das mulheres que lutaram e se tornaram bem-sucedidas é que elas não desistiram. Lugar de mulher é onde ela quiser. Minha mãe costumava falar que existem dois sonhos, os que você sonha dormindo e os que você sonha acordado. Para você realizar os que você sonha acordado, você tem que levantar da cama bem cedo e executar”.
Helena comenta também sobre a responsabilidade que a sociedade exige da mulher em demonstrar ou provar que ela tem condições de estar a frente ou comandar. “A partir do momento que uma mulher quebra esse estereotipo, ela abre a estrada para outras mulheres virem. A maior responsabilidade para a mulher que chega num posto de comando é mostrar para outras mulheres que elas também podem, é ser referência para que outras também consigam. A mulher precisa ter referências e saber ser referência”.
Quando a chefe é referência
Na vida da “nail designer” Emily Novo Baturri, de 29 anos, a referência para chegar ao cargo de gerência de uma esmalteria, após se mudar para Sorocaba sozinha com a filha, foi sua chefe. Emily conta que tudo começou observando a mãe, que é manicure em Mogi Mirim, cidade em que morava. “Cresci dentro de um salão vendo a minha mãe trabalhar. Por volta dos meus 16 anos, minha mãe sofreu um acidente de moto e falou que eu teria que atender no lugar dela enquanto se recuperava. Eu sempre gostei muito de fazer unha. O que me inspira ao fazer unhas é transformar a mulher, ver ela se sentir linda e ouvir ela dizer que o trabalho feito ficou perfeito”.
Em busca de uma oportunidade melhor na área, Emily se mudou para Sorocaba, onde se relacionou com uma pessoa por alguns meses. “Esse relacionamento acabou se tornando algo abusivo e eu me separei. Isso aconteceu 30 dias após eu ter começado a trabalhar na esmalteria que estou hoje. Naquele momento, sozinha com a minha filha, eu tinha duas opções: pegar as minhas coisas, minha filha e voltar para Mogi Mirim, porque a minha família e meu suporte todo está lá ou ficar em Sorocaba”, disse.
Foi nesse momento que a proprietária da esmalteria, observando o talento de Emily, não soltou sua mão. Com o apoio da chefe, Emily ficou em Sorocaba e fez um curso para se profissionalizar e fazer unhas acrílicas. “Com a minha mãe, eu trabalhava como manicure normal. Mas sempre sonhei em fazer alongamento e a minha chefe me estendeu a mão para que eu ficasse em Sorocaba. Ela deu essa oportunidade de crescimento dentro da empresa para que eu me estabilizasse em Sorocaba e conseguisse sustentar a minha casa e a minha filha. Comecei como auxiliar de cutilagem, fiz curso, passei a atender como profissional e hoje sou gerente da unidade do Campolim da esmalteria”, conta.
Emily descreve sua profissão como algo que eleva a autoestima das mulheres. “Nós não somos só manicures, somos também psicólogas. Muitas vezes, a cliente quer desabafar ou contar algo. Aconselho as mulheres a nunca desistir, porque se eu tivesse desistido lá atrás, eu não teria nada do que tenho hoje”, finaliza. (Virginia Kleinhappel Valio)
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