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Crime em saúde

Polícia identifica falso veterinário que atuava na região do Éden

Suspeito também é acusado de maus-tratos a animais e dar aulas sem formação

01 de Março de 2024 às 23:01
Beatriz Falcão [email protected]
Polícia apreendeu medicamentos vencidos e armazenados de forma incorreta na escola profissionalizante onde o rapaz lecionava
Polícia apreendeu medicamentos vencidos e armazenados de forma incorreta na escola profissionalizante onde o rapaz lecionava (Crédito: DIVULGAÇÃO / POLÍCIA CIVIL)

A Polícia Civil de Sorocaba investiga a atuação ilegal de um falso veterinário no bairro do Éden. A operação teve início no dia 23 de fevereiro e contou com o apoio do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP).

Conforme as denúncias recebidas, o jovem lecionava em uma escola profissionalizante, no curso de auxiliar veterinário, se passando por biomédico patologista veterinário. Durante as aulas, o indivíduo realizava atendimentos e procedimentos invasivos, como cirurgia e castração, sem possuir formação acadêmica e registro profissional. Em alguns casos apurados, também foram constatadas eutanásias em animais sem um diagnóstico competente e informações técnicas.

Para realizar os agendamentos, o investigado utilizava um perfil falso no Instagram e, além de se passar por médico-veterinário, utilizava o nome de uma clínica inexistente. A conta foi excluída logo após o início da operação.

“Nessa situação, existem dois crimes”, pontua o delegado Acácio Aparecido Leite, responsável pela investigação. “Primeiro, o exercício ilegal de profissão, com menor potencial. Em segundo, o crime de maus-tratos a animais, considerado grave e pode resultar em pena de reclusão”.

A ação também contou com o apoio do Setor de Fiscalização da Prefeitura de Sorocaba, que encontrou na instituição de ensino medicamentos vencidos e outros armazenados de maneira incorreta, materiais cirúrgicos, documentos e termos de autorização de cirurgias e eutanásias. Após a fiscalização, o local permanece ativo, porém, deverá atender às exigências fiscais e sanitárias no prazo estabelecido pela Prefeitura.

Após as investigações iniciais, foi comprovado que, na verdade, o indivíduo é estudante do primeiro semestre do curso de medicina veterinária, no entanto, atua na instituição há três anos e já formou duas turmas. Em contrapartida, o médico-veterinário Felipe Consentini, integrante do CRMV-SP, ressalta que os estudantes não são habilitados para realizar nenhum tipo de procedimento.

“E está previsto, em uma das resoluções do Conselho Regional de Medicina Veterinária, que todas as aulas sejam feitas em manequim, não pode acontecer manuseio em nenhum animal, nem para cortar a unha”, destaca, outra infração cometida pelo jovem. “A única exceção são as clínicas de faculdades, caso tenham a supervisão de um médico-veterinário e os alunos acompanhem os atendimentos”.

O delegado Acácio ainda destaca que os primeiros depoimentos já foram colhidos. Agora, a investigação se estende para os municípios de Itapetininga e Itu.

Orientações

Durante a coletiva, Felipe Consentini também orienta a população a pesquisar informações sobre o veterinário ou estabelecimento escolhido antes de fazer o agendamento. No portal do Conselho Regional de Medicina Veterinária (https://crmvsp.gov.br/) é possível consultar o número da carteira do profissional e também realizar denúncias.

“Não existe mais a responsabilidade técnica mas, sim, uma preparação para os médicos-veterinários realizarem certos procedimentos. Não é em qualquer local que se pode fazer uma cirurgia, por exemplo, precisa de um laboratório específico”, destaca o veterinário. “Existe uma resolução que informa o tipo de anestesia e estrutura necessária para prestar o atendimento. Existe uma série de preparos técnicos”.

Segundo o profissional, “é dessa forma que podemos educar a população e prevenir maus tratos aos animais”. (Beatriz Falcão, programa de estágio)