Após a repercussão do caso envolvendo um casal que se passava por dentistas para realizar procedimentos odontológicos em pacientes na cidade de Sorocaba, novas vítimas surgiram e buscaram auxílio junto à Polícia Civil para denunciar a dupla. Conforme relatado pelo delegado Mário Ayres, titular do 3º Distrito Policial, encarregado das investigações, pelo menos mais dez vítimas compareceram à delegacia para registrar boletins de ocorrência. Até quinta-feira (15), data em que o caso veio a público, apenas quatro vítimas haviam formalizado a denúncia às autoridades policiais. A identidade do casal suspeito não foi divulgada.

Segundo a Polícia Civil, a dupla utilizava nomes de empresas registradas legalmente para atrair clientes interessados em implantes de próteses fixas ou removíveis. Para realizar o procedimento, os supostos dentistas cobravam altas quantias e submetiam suas vítimas a extrações dentárias desnecessárias antes de realizar o serviço prometido. Contudo, denúncias indicam resultados desastrosos para os pacientes. Entre as vítimas, está um idoso, com mais de 70 anos e diabético, que teve todos os dentes superiores extraídos para colocação de prótese. No entanto, sua arcada dentária não está cicatrizando.

As quatro primeiras pessoas que registraram os boletins de ocorrência, alegaram inadimplência contratual, isto é, não receberam pelo serviço pago. O delegado Mário Ayres ressalta que é importante a manifestação das vítimas, uma vez que precisam do exame de corpo delito para a comprovação dos crimes. Nesse caso, é necessário procurar o 3º Distrito Policial, localizado na avenida Mário Campolim, 295, no Parque Campolim.

Investigação

As investigações começaram no final de dezembro do ano passado, após o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp) relatar a atividade suspeita à Polícia Civil. Durante as investigações, foram expedidos mandados de buscas em dois endereços, sendo o primeiro em um prédio comercial de alto padrão localizado no Campolim, zona sul de Sorocaba, onde estavam operando recentemente, e em uma clínica no Centro.

No primeiro local, foram encontrados equipamentos e centenas de prontuários médicos. Todos os materiais foram apreendidos e estão sendo objeto de investigação no inquérito policial em curso. Já na clínica, apesar de estar abandonada e sem uso, também foram localizados documentos de pacientes, próteses e moldes.

A Vigilância Sanitária ainda encontrou diversas irregularidades administrativas no imóvel. Dessa forma, a equipe autuou e interditou o local.

O caso continua sendo investigado. Os suspeitos podem responder pelos crimes de estelionato e lesão corporal dolosa, com penas de cinco a oito anos. (Da Redação)