Descargas elétricas
Queda de raios em Sorocaba diminui 16% no ano de 2023
Foram 13.374 ocorrência em 2023 ante 15.929 no ano anterior; município segue tendência inversa de outras regiões
O verão, além de remeter a praia, piscina e sorvete, também é sinônimo de temporais com alta densidade de descargas elétricas. Segundo o Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o número de mortes por raios tem um salto durante a estação, pois é o período em que as altas temperaturas e umidade do ar favorecem a formação de tempestades.
Conforme o Elat, o número de descargas atmosféricas vem aumentando ano a ano no Brasil. Em Sorocaba, ao contrário, o Instituto registrou queda de 16% no ano passado, na comparação com 2022. Foram 13.374 raios entre janeiro e novembro de 2023. Os dados mais recentes apontam para uma interrupção na tendência de aumento observada no município em períodos anteriores: 10.256 raios em 2021 ante 15.929 nos ano seguinte -- alta de 55,3%.
Segundo o coordenador do Elat, Osmar Pinto Júnior, o aumento da incidência de descargas elétricas verificado em todas as regiões é atribuído ao aquecimento do planeta. “A incidência de raios no Brasil deve aumentar em torno de 40% até o fim desse século”, afirmou. A estimativa é preocupante, já que as estatísticas mostram que a cada 50 mortes por raios no mundo, uma ocorre no Brasil. O especialista destaca que o território brasileiro está entre os que registram maior incidência de descargas atmosféricas, atingido cerca de 78 milhões por ano.
A intensidade típica de um raio é de 20 mil ampères -- cerca de mil vezes a intensidade de um chuveiro elétrico, por exemplo. Em média, no País, o fenômeno mata 110 pessoas, deixa mais de 200 feridos e causa, a cada ano, prejuízos de R$ 1 bilhão. No ranking de fatalidades causadas por raios, o Brasil é o segundo na América Latina, sendo superado apenas pelo México. No ranking mundial, o Brasil ocupa o sétimo lugar.
“Sinônimo de temporais”
Em 20 anos -- de 2000 a 2019 --, 43% das mortes por raios ocorreram no verão e 33% durante a primavera, devido às condições climáticas propícias à formação de tempestades e raios. Nas outras estações, as fatalidades são menores, mas acontecem: 16% no outono e 8% no inverno.
Segundo os estudos de probabilidade realizados pelo Elat, a chance média de uma pessoa morrer atingida por um raio no Brasil ao longo de toda a sua vida é de uma em 25 mil, considerando uma expectativa de vida em torno de 75 anos. “Embora pareça pequena, essa chance pode ser maior, dependendo da circunstância que a pessoa se encontra durante uma tempestade. Pode chegar a uma probabilidade semelhante à de morrer participando de uma corrida de moto”, comparou o coordenador do Elat.
Sob risco de tempestade, o Inpe orienta a pessoa a se afastar de áreas descampadas e locais altos, como telhados ou montanhas. Algumas das orientações são: entrar em um veículo não conversível e fechar as portas e vidros, evitando contato com a lataria; procurar abrigo em moradias ou prédios; e entrar em abrigos subterrâneos, tais como metrôs ou túneis.
Se não houver nenhum abrigo seguro por perto, a orientação é se distanciar de qualquer ponto mais alto e de objetos metálicos, manter os pés juntos e se abaixar -- sem ficar deitado -- até a tempestade passar. Não é uma posição confortável mas, nesse caso, é a opção mais segura.
É bom saber
Embora durante uma tempestade seja mais seguro estar dentro de casa do que ao ar livre, essa é segunda circunstância em que mais morrem pessoas por raios no Brasil, com 21% das fatalidades. A orientação é não utilizar equipamentos ligados à rede elétrica, telefônica e hidráulica, ou tomar banho em chuveiro elétrico. Ficar próximo a janelas e portas metálicas também oferece risco de vida. (Luís Pio, programa de estágio)