A Santa Casa da Misericórdia de Sorocaba está com baixo estoque de leite materno e, devido à alta demanda na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neonatal, a instituição busca doações. Atualmente, há apenas seis mães doando leite ao hospital. O ideal é que a unidade tenha 20 doadoras.

O leite materno faz parte do tratamento dos bebês enfermos e é usado como remédio, porque é fundamental ao desenvolvimento e possui anticorpos e minerais essenciais ao organismo. Para se ter uma ideia, um litro de leite pode salvar a vida de dez recém-nascidos. A campanha de arrecadação é permanente e o hospital dá às mães todas as orientações necessárias.

A enfermeira técnica responsável pelo posto de coleta, Tatiana Salazar, explica que o único trabalho que a mãe tem ao se tornar doadora é extrair o leite. “Nós damos toda orientação em relação à ordenha, além de um kit com touca, máscara, etiquetas e recipientes esterilizados. Também ensinamos como fazer o armazenamento e a identificação dos frascos. Em nenhum momento essa mãe vem até a Santa Casa. Nós é que vamos até ela”, esclarece.

A equipe de enfermagem realiza visitas semanais na casa das doadoras para buscar o leite extraído, que tem validade de 15 dias. O alimento, então, é enviado ao banco de leite do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), onde passa por uma pasteurização -- um processo que elimina microorganismos que podem causar doenças. Depois, o leite vai para a Santa Casa. Após pasteurizado, ele dura até seis meses e pode ser distribuído a qualquer criança.

Segundo Tatiana, a UTI neonatal da Santa Casa tem grande rotatividade. Em dezembro, que foi um mês atípico, com poucos casos, a unidade recebeu cerca de 11 crianças. O leite materno é o único alimento do bebê até os seis meses de idade, informa a enfermeira Jackeline Lene Garcia Soares. “Todos os anticorpos produzidos pela mãe são passados para o bebê por meio do leite. Nada no mundo substitui o leite materno. Nem a fórmula mais cara tem a mesma eficácia”, completa Tatiana.

Em média, a Santa Casa utiliza, mensalmente, 20 litros de leite materno para o tratamento das crianças. Conforme explica a enfermeira, um litro de leite pode salvar a vida de 10 recém-nascidos. “Quando a mãe doa o leite para nós, o amor dela transborda”, disse Tatiana. “Porque ela teve (leite) para suprir o próprio bebê e ainda consegue suprir outros. Ela pode não fazer ideia do quanto essa doação é importante”, acrescentou.

Como exemplo, as profissionais expuseram que, em alguns casos, a mãe puérpera não gera a quantidade de leite necessária para o bebê, devido a diferentes questões, que podem ser físicas e/ou emocionais. “Às vezes o bebê precisa de 80 ml de leite, mas a mãe só consegue produzir 10 ml. O restante, então, será de uma doadora”, contou.

Participe

Em princípio, não existem restrições para doar leite materno à Santa Casa, basta querer. Tatiana fala que toda mãe que amamenta é uma possível doadora. Para contribuir, basta ligar no número (15) 2101-8000 (ramal 7864) e se dispor a participar da campanha, deixando nome completo e telefone. A equipe do hospital entrará em contato para marcar uma entrevista e um exame de sangue na residência da pessoa interessada.

Após avaliação positiva desse procedimento padrão, a mãe já pode extrair e armazenar o leite, conforme orientação médica. Além dos recém-nascidos, a doação também é benéfica às mães hiperlactantes, ou seja, que produzem leite em excesso, o que gera inchaço dos seios e desconforto, se não houver extração. (Luís Pio - Programa de Estágio)