Sorocaba
Consumo de água aumentou 15% com o calor
Saae nega possibilidade de racionamento mas orienta o sorocabano a utilizar o recurso com consciência
Nos meses de novembro e dezembro de 2023, com o aumento das temperaturas, o consumo de água tratada em Sorocaba apresentou aumento aproximado de 15% na comparação com outubro. O cálculo é do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae). Apesar disso, até o momento, de acordo com a autarquia, o alto consumo não está afetando o sistema e não há previsão de desabastecimento. Na quarta-feira (10), a represa de Itupararanga, responsável pela maior parte do abastecimento local, operava com pouco menos de 58% do seu volume total, enquanto o sistema Ferraz/Castelinho e a represa de Ipaneminha, estavam com 90% e 85% da capacidade, respectivamente. De qualquer forma, ainda segundo o Saae, a orientação à população é de “consumo consciente”.
“Qualquer possibilidade de rodízio de água em Sorocaba está totalmente descartada, de acordo com o Saae”, informou o Saae em resposta a questionamento do Cruzeiro do Sul. “Neste momento, a atuação do Saae é de orientação, a partir de denúncias recebidas, sendo que multas são permitidas somente em situação de emergência hídrica, o que não é o caso atual”, acrescentou a autarquia em nota enviada ao jornal.
Para o Saae, os índices são positivos e se assemelham aos dados registrados no mesmo período de 2023. A autarquia ressalta que segue monitorando os níveis das represas, analisando os dados e avaliando o volume das chuvas previstas, com o objetivo de abastecer integralmente a população.
Grande parte da “tranquilidade” atual se deve à ETA Vitória Régia, onde a captação é feita diretamente do rio Sorocaba. “A ETA Vitória Régia se tornou importante alternativa às adutoras que trazem água da represa de Itupararanga, pois permite que Sorocaba tenha mais autonomia em relação a esse manancial, bem como para abastecer toda a cidade, graças à implantação de 10 quilômetros de novas adutoras, interligando os cinco centros de distribuição”, informa o Saae.
Já a represa de Itupararanga operava com volume útil de 57,89% e nível de 820,35 metros acima do nível do mar na última quarta-feira (10). No mesmo período de 2023, o nível era de 822,09 e o volume de 77,75%. O dado de 2023 já está atualizado de acordo com o novo cálculo, segundo a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), responsável pela represa.
Novo modelo
André Cordeiro Alves dos Santos, coordenador do Grupo de Trabalho de Crise Hídrica (GT-CH) e vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Sorocaba e Médio Tietê (CBH-SMT), explica que “em 2023 estavamos no final de um período de seca prolongado de quase dois anos”, o que causou a redução da vazão da represa de Itupararanga ao mínimo. “Isso fez com que o reservatório acumulasse mais água, mas impedia, por exemplo, a geração de energia elétrica, um dos principais usos do reservatório”, destacou Santos.
O especialista explica que desde março de 2023, uma nova regra operacional, que controla a vazão de saída, passou a ser testada na represa de Itupararanga, permitindo que ocorram todos os usos do reservatório. “Esta nova regra operacional pretende manter, na maior parte do ano, cotas próximas a 820 metros, com menores variações sazonais para aumentar a segurança hídrica da região”.
De acordo com ele, dentro desta nova regra, espera-se que, em dezembro, já no período de chuvas, haja uma redução do volume do reservatório para permitir que as precipitações de janeiro e fevereiro -- período chuvoso -- seja incorporada ao reservatório e ele possa cumprir um dos seus objetivos, que é o controle de cheias.
“Esta nova regra operacional, quando completar pelo menos um ano de aplicação, em março deste ano, deverá ser avaliada pelos órgãos de controle do Estado (Daee e Cetesb), pelo Comitê de Bacias, concessionárias e prefeituras que utilizam de alguma forma a represa e, se aprovada, será parte integrante da renovação de outorga do reservatório para os próximos vinte anos”. Ele ressalta também, que a redução do volume da represa de Itupararanga não tem relação com o aumento do consumo. “A outorga do Saee é a mesma, 1,95 metros por segundo, não houve mudança e nem pode ter. O volume do reservatório é menor, pois este ano estamos aplicando a nova regra que prevê uma redução de volume para aguardar as chuvas do começo do ano”, conclui.
Consciente é fundamental
Para conscientizar a população, o Saae realiza um trabalho constante com diversas ações. Entre elas, visitas porta a porta nas residências, com abordagem e orientação aos munícipes sobre possíveis situações de desperdício e entrega de folheto educativo com dicas e instruções.
A autarquia destaca que é fundamental o consumo consciente da água pela população para a preservação dos mananciais hídricos do município, independente da época do ano. A orientação é evitar gastos e desperdícios, como fechar bem as torneiras após o uso e enquanto escova os dentes ou faz a barba; evitar banhos demorados; evitar lavar as calçadas e o carro com mangueira; antes de lavar a louça, remover restos de comida dos pratos e das panelas, deixando-os de molho; molhar as plantas ao entardecer ou ao amanhecer, quando o sol é mais ameno; utilizar a capacidade máxima da máquina de lavar roupas e ficar atento a possíveis vazamentos em pias, chuveiros e vasos sanitários.
Por intermédio de sua equipe de Educação Ambiental, o Saae mantém dois programas educativos permanentes. Pelo programa “Água Viva”, entidades e escolas podem conhecer como opera a Estação de Tratamento de Água (ETA) Cerrado, como a água potável chega até as casas e orientações sobre uso consciente. Por sua vez, o “Revivágua” oferece, igualmente, visita monitorada à maior Estação de Tratamento de Esgoto da cidade, a ETE-S1. Os participantes aprendem sobre o processo de tratamento do esgoto gerado na cidade, além da despoluição do rio Sorocaba e o uso consciente da água.
A população pode controlar o consumo residencial de água por meio da Calculadora de Consumo de Água, ferramenta disponibilizada no site do Saae, pelo link https://www.saaesorocaba.com.br/calculadora-de-consumo-de-agua/.
Por fim, a autarquia destaca os investimentos constantes feitos no Programa de Controle e Redução de Perdas, por meio de ações, como redução das pressões nas redes de distribuição, instalações de válvulas redutoras de pressão; setorização dos centros de distribuição, com a implantação de macromedidores; combate a ligações clandestinas e fraudes; troca de hidrômetros, visando minimizar submedição; pesquisa de vazamentos não visíveis (caça-vazamentos); redução do tempo de resposta aos chamados de vazamento e substituição de redes antigas. (Da Redação)
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