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Cesta básica

Estiagem na Europa faz preço do azeite de oliva disparar

Brasil produz apenas 1% do volume de azeite de oliva que consome, sendo o segundo maior importador mundial do produto

04 de Janeiro de 2024 às 23:01
Virginia Kleinhappel Valio [email protected]
Mesmo com aumento de quase 40% no ano passado, muitos consumidores não abrem mão do azeite
Mesmo com aumento de quase 40% no ano passado, muitos consumidores não abrem mão do azeite (Crédito: VIRGINIA KLEINHAPPEL VALIO (2/1/2023))

 

O preço do azeite de oliva disparou nos supermercados e afetou o orçamento de quem não abre mão do produto. Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia da inflação, o produto subiu 37,76% em 2023. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última semana de dezembro. Hoje, o azeite de oliva é encontrado nas prateleiras dos supermercados por valores que variam entre R$ 40,00 e R$ 70,00 a embalagem de 500ml. É possível encontrar promoções por R$ 35,00, mas, vale lembrar, a qualidade do azeite afeta o preço.

Segundo o economista Marcos Canhada, o Brasil produz apenas 1% do volume de azeite de oliva que consome, sendo o segundo maior importador mundial do produto. Ele explica que o recente aumento de preço ocorre devido à ausência de chuvas na Europa, com destaque para a Espanha. Isso afetou significativamente a produção mundial de azeite, provocando uma elevação de preços no mercado. “A tendência para 2024 é de continuidade de preços em patamares elevados, pois a produção prevista na Espanha e em outros países será similar à colhida em 2023”, explica Canhada.

Embora o preço esteja “salgado”, consumidores entrevistados pela reportagem do jornal Cruzeiro do Sul afirmam que não deixarão de comprar o produto. A dona de casa Maria Madalena Goes, de 60 anos, relembra que em 2023, meio litro de azeite de oliva custava em torno de R$ 20,00. “Continuo comprando, mas procuro promoção. É preciso pesquisar. Não dá para substituir o azeite, os outros óleos têm mistura”, explica. Ela conta que usa o azeite de oliva para tudo no dia a dia. “Na salada, na comida, para fazer um ovo. Em tudo eu coloco azeite. Até para comer com um pão puro. Não vou deixar de comprar, mas vamos procurar pelo melhor preço”, disse.

A costureira Soelislaine Soares, de 46 anos, ficou surpresa quando viu o preço do azeite na gôndola de um supermercado na terça-feira (2). Mesmo com algumas marcas em promoção -- de qualidade inferior --, ela optou por pesquisar em outros mercados antes de colocar o produto no carrinho de compras. “Está bem caro. Mas não tem como substituir. Para salada, o azeite faz muita diferença. Ainda tenho um pouco em casa. Vendo o preço aqui, já vou comparar com o preço de outros mercados. Sem azeite não dá para ficar. Saladinha tem que ter azeite, e azeite bom”, ressalta.

Na casa do motorista Rosano Soares, de 55 anos, acabou o azeite de oliva. Ele conta que não comprou para o Natal e Ano Novo pois tinha estoque no despensa. “Aumentou bastante o preço. No ano passado pagava R$ 28,00; agora está chegando aos R$ 50,00. O estoque acabou e tenho que comprar, mesmo com o preço alto. Até daria para substituir por outro tipo de óleo, mas nós gostamos de azeite. Coloco azeite em tudo, na salada, na pizza. Espero que o preço abaixe”, conclui.

Quem também ficou surpresa com o aumento do preço foi a empresária Grace Kelly Domke Machado, de 41 anos. Ela comenta que é brasileira, mora no Peru e vem ao Brasil todos os anos. “Cada ano que eu venho, aumenta mais o preço. Aqui, o azeite está mais caro do que lá”. A empresária conta que nos mercados peruanos é possível encontrar azeite de qualidade entre 6 e 10 soles (moeda peruana), dependendo do tamanho e qualidade, que na conversão para o real, seria em torno de R$ 7,94 a R$ 13,24.

Alternativas

Hoje, os mercados e empórios de produtos naturais oferecem substitutos para o azeite de oliva, embora as opções não agradem a alguns consumidores. Uma das alternativas é o óleo de amendoim, cuja embalagem de 250 ml custa em torno de R$ 19,00. Outra opção é o óleo de palma, também chamado de azeite de dendê, vendido em supermercados na faixa de R$ 16,00 a embalagem de 500ml. Por fim, o óleo de gergelim, que pode ser encontrado por R$ 20,00 a embalagem de 100ml. Há, também, outras opções, como o óleo de abacate, óleo de coco, óleo de linhaça, óleo de chia, entre outros.

Maracujá também

O quilo do maracujá também registrou alta. A fruta pode ser encontrada nos supermercados por preços que variam entre R$ 18,00 e R$ 25,00 o quilo. De acordo com Marcos Canhada, a oferta do maracujá é sazonal, ou seja, há período de safra (colheita) e entressafra -- período intermediário onde o produto está sendo maturado para a colheita. “No caso do maracujá, nos meses de outubro a janeiro, ocorre menor disponibilidade, portanto, a tendência dos preços é de elevação”. O economista ressalta que a partir de fevereiro, até setembro, a oferta melhora e, consequentemente, os preços também. (Virginia Kleinhappel Valio)