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Sorocaba

Vendas de ar-condicionado disparam

Calor intenso faz procura aumentar em mais de 60%, gerando falta do produto no mercado

28 de Dezembro de 2023 às 23:01
Virginia Kleinhappel Valio [email protected]
Se conseguir comprar e receber o produto, o cliente se depara com outro empecilho: a agenda lotada dos instaladores
Se conseguir comprar e receber o produto, o cliente se depara com outro empecilho: a agenda lotada dos instaladores (Crédito: FABIO ROGÉRIO)

O calor dos últimos meses fez a procura por ar-condicionado aumentar, gerando falta do produto no mercado. Há, também, espera e dificuldade para encontrar um profissional qualificado com horário disponível para a instalação ou manutenção. Quem pensa em investir em um ar-condicionado agora, provavelmente, terá que esperar alguns dias para a entrega do produto e, posteriormente, ao menos 20 dias para a instalação.

Exemplo dessa procura é o aumento de mais de 60% das vendas no mês de dezembro em uma loja especializada de Sorocaba, segundo o gerente comercial do estabelecimento, Ítalo Pacheco de Sousa. Em relação ao mesmo período do ano passado, o aumento fica entre 70% e 80%.

“No ano passado a procura foi natural para o período, o que estamos falando em aumento de 35%. Neste ano, a minha loja teve um faturamento de R$ 2,5 milhões em setembro. Quando veio novembro e dezembro, pulei para R$ 4 milhões. Tive um aumento de 79% no resultado do mercado. Neste ano, realmente, há maior procura por conta do aquecimento”, explica. Ele afirma que as vendas têm se concentrado em residências mas, ainda assim, há procura por locais comerciais também. “Hoje em dia as vendas são ambas, tanto residencial quanto comercial, mas a procura por ar-condicionado residencial tem sido cada dia maior”.

Segundo Ítalo, a alta procura aliada à crise hídrica e às queimadas próximas a Manaus -- onde muitas empresas, como Samsung e LG, possuem fábricas devido ao incentivo fiscal -- fizeram com que muitas fábricas fossem afetadas, impactando o mercado como um todo. “A falta de ar condicionado no mercado hoje tem se dado por causa das fábricas que estão fechadas em Manaus. A procura por ar-condicionado residencial à pronta entrega tem sido grande, mas hoje, os principais concorrentes também estão com falta de equipamento no mercado. Algumas marcas, das quais temos produtos estocados, estão sendo mais procuradas por falta de opção, mesmo”.

Ele alerta ainda que a situação pode piorar em janeiro, devido à alta demanda. “As pessoas não conseguem ficar mais em suas residências sem o ar-condicionado. Só que a demanda foi tão alta que nós acabamos tendo falta em todo o mercado. Para se ter uma ideia, se continuar desse jeito, em janeiro vai acabar o estoque do ar-condicionado em todos os distribuidores”, conclui.

Em outra loja de venda de ar-condicionado, também houve uma procura maior pelo produto em dezembro, segundo Juliano Rodrigues, gestor da filial de Sorocaba. “A procura tem sido frequente e aumentou 50%. Mais do que esperávamos. Hoje, pedimos de três a dez dias para entregar o produto após a emissão da Nota Fiscal”. Conforme o Rodrigues, as vendas estão centralizadas em determinados modelos: “Hoje as vendas se concentram em modelos Hi-Wall, Cassete de 4 Vias e também no modelo de 1 Via. Para os equipamentos no modelo Hi-Wall de 9.000 BTUs (acrônimo em inglês para unidade termal britânica, uma unidade de medida), o valor é de R$ 2.480,00, podendo chegar até R$ 22.300,00 para o equipamento Cassete de 4 Vias, por exemplo.”

Para não errar na escolha do ar-condicionado e garantir que o ambiente realmente fique gelado, o gestor orienta que as pessoas procurem lojas especializadas, onde o cliente terá a ajuda necessária para que haja satisfação com o produto. Ele também ressalta que é necessário manter portas e janelas fechadas, para que o equipamento tenha o rendimento para o qual foi projetado.

“No caso de um apartamento de 65 m2 ou 70 m², o ideal é saber qual a real necessidade do cliente, qual o ambiente que ele deseja climatizar, pois o equipamento é classificado em BTUs, como 9.000, 12.000, podendo chegar a até 36.000 BTUs na linha Hi-Wall. Ou seja, cada capacidade em BTU é destinada a uma metragem quadrada especifica -- assim é definida a carga térmica de cada ambiente. Para um quarto de 12 m², por exemplo, o ideal é um equipamento de 9.000 BTUs, desde que o mesmo não pegue sol da tarde ou o dia todo. Nesse caso, o melhor seria um equipamento de 12.000 BTUs”, explica Juliano Rodrigues.

Instalação

Com a alta demanda, os profissionais que trabalham com instalação de ar-condicionado precisam se redobrar para dar conta de tanto serviço. Edgar Lopes Souza, de 46 anos, possui uma empresa que presta serviço de instalação e limpeza de ar-condicionado há nove anos. Desde que o calor se intensificou, o trabalho dele também aumentou. Em alguns dias, Edgar chega a trabalhar até tarde da noite.

“Nessa onda de calor, aumentou bastante o serviço. Nossa equipe começa a trabalhar 8h e, alguns dias, vamos até 23h ou meia-noite. Tenho clientes esperando há mais de 20 dias pela instalação, porque estamos com uma demanda alta. Agora, para conserto, tentamos encaixar o cliente”, disse. Ele destaca que a falta de horário na agenda para instalação se deve ao fato de que muitas pessoas não realizam a manutenção do ar-condicionado conforme a recomendação: a cada seis meses: “Nós orientamos os clientes, mas eles esperam a onda de calor, quando o ar não está gelando ou quando o ar-condicionado quebra”, lamenta.

Valdomiro Maciel de Oliveira, de 53 anos, também trabalha com instalação e manutenção de ar-condicionado. Na agenda dele, só é possível encontrar horário para serviços a partir de 15 de janeiro. “Trabalho há quatro anos com climatização. Hoje, minha agenda está bem completa. Desde que começou essa onda de calor, houve uma procura muito grande, em torno de 60% de aumento na demanda de instalação e manutenção”, afirma. (Virginia Kleinhappel Valio)