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Sorocaba

Ministério do Trabalho de Sorocaba notifica empresa que não pagou coveiros

Empresa diz que não repassou o salário aos funcionários porque não recebe o pagamento da Prefeitura de Sorocaba

14 de Dezembro de 2023 às 19:28
Luis Felipe Pio [email protected]
MTE verificou que os coveiros ainda permanecem em greve
MTE verificou que os coveiros ainda permanecem em greve (Crédito: Luís Felipe Pio)

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) de Sorocaba notificou e vai autuar a empresa do Grupo Suporte que presta serviço de sepultamento no cemitério Santo Antônio. O nome da empresa é Absoluta Serviços Terceirizados Ltda. Na manhã desta quinta-feira (14), representantes do MTE estiveram no cemitério, após a repercussão do caso em que uma família precisou enterrar um parente com as próprias mãos por não haver sepultadores no local. A equipe verificou que os coveiros ainda permanecem em greve, pois o pagamento referente a dezembro não foi realizado. Apenas um funcionário recebeu o salário.

A Prefeitura de Sorocaba informou ter rompido o contrato com a empresa Absoluta, vigente desde 2018, em razão do descumprimento do serviço considerado essencial, que afetou sepultamentos no cemitério. O MTE constatou, no entanto, que os trabalhadores da unidade estão com dificuldades em suas casas, sem conseguir comprar alimento, e, por isso, decidiram entrar em greve.

O chefe regional da fiscalização do trabalho do MTE, Ubiratan Vieira, informou ao Cruzeiro do Sul que o Grupo Suporte deve ser autuado pelo atraso de pagamento de salário e tem cinco dias para apresentar os documentos solicitados. “A empresa foi notificada a apresentar a documentação, no dia 19, aqui na Gerência Regional do Trabalho, e com certeza deverá ser autuada”, disse. “As demais infrações serão verificadas após a auditoria que vai atender a empresa”, acrescentou.

Vieira também disse ter pedido a empresa que revisasse três demissões efetuadas por justa causa recentemente. “Um trabalhador sem receber e com fome tem mais de uma razão para fazer greve”, declarou.

O que a empresa diz

Após ser acionado pelo MTE e ter comparecido à sede da Fiscalização do Trabalho, nesta quinta-feira, em Sorocaba, o Grupo Suporte -- que gere a empresa Absoluta -- alegou que vem recebendo constantes atrasos de pagamento da Prefeitura de Sorocaba. Em alguns casos, disseram que a gestão municipal ficou três meses sem repassar o dinheiro. Conforme justificaram ao MTE, a empresa não pagou os trabalhadores porque não teria recebido o pagamento da Prefeitura.

Em nota, emitida na quarta-feira (13), o Executivo sorocabano afirmou, entretanto, que está com os pagamentos regulares junto à empresa terceirizada. Também disse que toma providências judiciais, já que teria havido descumprimento do contrato com a interrupção dos sepultamentos, que é uma atividade essencial.

Atrasa e faz tempo

A empresa responsável pela gestão do cemitério Santo Antônio seria a mesma que presta serviço aos Centros de Referência em Assistência Social (Cras) de Sorocaba, bem como à Clube do Idoso e ao Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, além de outros espaços municipais. Auxiliares de limpeza que trabalham em diferentes unidades dos Cras’s da cidade relataram que -- assim como os coveiros -- todos os meses sofrem com o atraso do pagamento, que, às vezes, demora dez dias para cair. Também disseram que ainda não receberam a primeira parcela do 13° salário.

Um print fornecido ao Cruzeiro do Sul por um dos funcionários mostra que um gestor do Grupo Suporte comunica à equipe, em grupo do WhatsApp, que o salário está em atraso porque o departamento financeiro “segue sem fluxo de caixa”.

Gestor do Grupo Suporte comunica à equipe que o salário está em atraso porque o departamento "segue sem fluxo de caixa" - Cortesia
Gestor do Grupo Suporte comunica à equipe que o salário está em atraso porque o departamento "segue sem fluxo de caixa" (crédito: Cortesia)

“Devido ao fluxo de caixa da empresa, não temos um horário ou data exata para informar vocês sobre a regularização, mas já me passaram que assim que entrar alguma nota fiscal a empresa irá realizar”, disse o gestor. “Sei que é difícil, mas nesse momento a empresa não consegue fazer o repasse para vocês”, acrescenta.

“Uma vez o pessoal da empresa pediu para a gente ficar em casa e não ir trabalhar porque a Prefeitura não tinha feito o repasse a eles”, relatou a funcionária, que não quer ser identificada. “Falaram para gente ficar em casa em forma de protesto, mas a Prefeitura fala que pagou, aí não sabemos quem está certo ou errado”, completou. (Luís Pio -- programa de estágio)

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