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Sorocaba

Motorista sorocabano é muito mal-educado!

De acordo com a própria população, esse é o maior problema do trânsito na cidade; mas também falta empatia e paciência

07 de Dezembro de 2023 às 23:01
Ana Claudia Martins [email protected]
Trafegar nos corredores entre as faixas e
Trafegar nos corredores entre as faixas e "costurar" o trânsito são alguns dos comportamento dos motociclistas criticados pela população; motoristas de carros contribuem com o caos ao estacionar em locais proibidos e desrespeitar os limites de velocidade (Crédito: ANA CLÁUDIA MARTINS (4/12/2023))

 

Com o total de 519.915 veículos -- segundo dados de 2022 do IBGE -- Sorocaba ocupa a 7ª posição no Estado de São Paulo entre as cidades com as maiores frotas. No ranking nacional, o municípios está no 19º lugar. Com população de 723.574, a cidade possui pelo menos um veículo para cada dois moradores. Com tantos carros, motocicletas, caminhões e ônibus, entre outros, circulando pelas ruas, aumentam as queixas em relação ao trânsito.

O não cumprimento das leis de trânsito -- principalmente não dar seta antes de fazer manobras --, imprudência e falta de empatia e de educação dos condutores são algumas das principais reclamações dos sorocabanos. Com cada vez mais veículos nas ruas, não só a fiscalização, por meio de agentes de trânsito, mas também da tecnologia, como o uso de câmeras, são essenciais para evitar acidentes e tornar o trânsito mais seguro para todos.

Na tarde de terça-feira (5), ao trafegar por algumas das principais avenidas de Sorocaba (Dom Aguirre, Itavuvu e Afonso Vergueiro), a reportagem do Cruzeiro do Sul constatou algumas infrações de trânsito como motociclistas e carros parados sobre a faixa de pedestres nos semáforos, pedestres atravessando fora da faixa, motociclistas avançando o sinal vermelho, entre outras.

Para o especialista em mobilidade Renato Campestrini, um trânsito mais seguro, com o cumprimento das leis, tem que ser o objetivo não só de poder público, mas da sociedade como um todo, condutores, pedestres e até empresas. “O que a gente vê pelas ruas é um desrespeito muito grande às regras de trânsito, falta de paciência e diversas infrações de motoristas, motociclistas e pedestres. A fiscalização é importante, mas só ela não resolve. Podemos ter 300 agentes de trânsito nas ruas atuando simultaneamente -- o que seria inviável em Sorocaba, por falta de pessoal --, e mesmo assim não seria possível solucionar o problema. É preciso investir em tecnologia e fazer uso das câmeras e videomonitoramento, aliado ao cumprimento das leis. Um trânsito mais seguro é responsabilidade de todos. O condutor não vai ganhar nada ao cometer infrações como avançar o semáforo vermelho para chegar mais rápido. Sem paciência e com pressa ele pode virar paciente em hospital. Então, não vale a pena”, destaca Campestrini.

  - ANA CLÁUDIA MARTINS (4/12/2023)
(crédito: ANA CLÁUDIA MARTINS (4/12/2023))

O especialista cita ainda o caso das motocicletas, principalmente, quando são usadas por motoboys para fazer entregas. “Outro dia um motociclista, que estava fazendo entregas, estava com uma motocicleta sem farol e sem placa, à noite, ou seja, totalmente irregular e perigoso, inclusive para ele. Nada contra os profissionais, mas as empresas que contratam motoboys também precisam ficar atentas a isso. A questão da rapidez também tem que ser avaliada por essas empresas. A gente vê no trânsito, por exemplo, motoboys passando por cima dos canteiros em avenidas apenas para ganhar tempo e não andar um pouquinho a mais até um retorno. Será que vale a pena?”, indaga Campestrini.

A Prefeitura de Sorocaba, por meio da Secretaria de Mobilidade (Semob), informa que realiza campanha permanente de segurança no trânsito. “Em 2021 e 2022, ao todo, o público atingido nessas ações passou de 200 mil pessoas. São priorizadas ações educativas, como teatros e palestras em escolas, empresas e nas ruas, em pontos estratégicos da cidade, para o público em geral”, aponta a gestão municipal.

Além disso, a Semob informa que realiza o monitoramento permanente do sistema viário de toda a cidade, seja via rede de videomonitoramento ou ação direta de agentes de trânsito nos locais. “As câmeras estão localizadas em pontos estratégicos, que permitam uma visão panorâmica, para análise ampla do sistema viário e fluxo de veículos, dentre outras situações. São mais de 2.500 câmeras (número que é ampliado a cada dia, devendo chegar a 50 mil) interligadas ao Centro de Controle Operacional Integrado (CCOI) da Semob, por meio de fibra ótica”, destaca a pasta municipal.

Queixas

Alguns moradores ouvidos pelo Cruzeiro do Sul apontam a falta de educação dos condutores e pedestres como um dos principais problemas. Pressa, falta de empatia e de paciência são comportamentos que são comuns no dia a dia no trânsito sorocabano, entre outros fatores.

Pedestres também têm parcela de culpa, por exemplo, ao atravessar fora das faixas - ANA CLÁUDIA MARTINS (4/12/2023)
Pedestres também têm parcela de culpa, por exemplo, ao atravessar fora das faixas (crédito: ANA CLÁUDIA MARTINS (4/12/2023))

Para o motorista de aplicativo Leopoldo Marques da Silva, 48 anos, a falta de respeito dos motoristas no trânsito é o que mais preocupa. “Alguns não dão passagem, uma falta de empatia e educação dos próprios motoristas. Não acho que falta fiscalização, pois vejo agentes de trânsito nas ruas”, afirma. Ele cita ainda o fato de condutores abusarem da velocidade em ruas recapeadas. “Educação vem de casa e a gente vê muita impaciência no trânsito”, cita.

Já o advogado Roger Moko Yabiku, 48 anos, aponta semáforos piscando, motociclistas que passam no sinal vermelho, carros e motos “costurando” e motoboys que não respeitam a sinalização e andam até na contramão como os principais problemas do trânsito em Sorocaba.

A técnica de segurança no trabalho Simone Belizário, 45 anos, também cita os semáforos piscando -- isto é, momentaneamente funcionando de forma irregular -- e condutores que passam no sinal vermelho como os principais problemas no trânsito da cidade.

A falta de educação dos motoristas, pedestres que atravessam fora da faixa e motociclistas que cometem infrações são os fatores apontados pela psicóloga Flávia Otuka, 47 anos. “A falta de educação dos motoristas é algo muito presente nas ruas, infelizmente”, aponta.

“A recomendação é que o condutor, assim como o pedestre, sempre respeite a sinalização de trânsito e dirija com toda responsabilidade, como forma de contribuir para um trânsito mais seguro para todos aqueles que compõem a mobilidade urbana”, reforça a Semob.

Excesso de velocidade

Segundo dados da Semob, as ocorrências mais registradas de janeiro a novembro de 2022 foram: transitar em velocidade superior à máxima permitida em até 20% (100.797 autuações); avançar o sinal vermelho do semáforo (18.551); transitar em velocidade superior à máxima permitida em mais de 20% até 50% (14.751); parar sobre faixa de pedestres na mudança de sinal luminoso (8.433) e dirigir veículo manuseando telefone celular (7.463).

Já em 2023 (janeiro a novembro), transitar em velocidade superior à máxima permitida em até 20% também foi a infração mais cometida (70.394), porém com redução de 30,1% em relação ao ano anterior. As demais também apresentaram queda: avançar o sinal vermelho do semáforo (14.194, -23,5%); transitar em velocidade superior à máxima permitida em mais de 20% até 50% (9.404, -36,2%); parar sobre faixa de pedestres na mudança de sinal luminoso (8.345, -1%) e dirigir veículo manuseando telefone celular (5.308, -28,8%).

“Em geral, 77% das autuações são feitas por mecanismos eletrônicos e 23% são manuais, incluindo aquelas feitas por agentes, via sistema de videomonitoramento. A Semob recebe, em média, 240 solicitações de fiscalização por mês, quanto a possíveis infrações de trânsito. Aproximadamente, 45% das solicitações recebidas pela Semob resultam em multa. A irregularidade mais apontada pelos cidadãos é estacionamento em local proibido, como porta de garagem ou em vagas regulamentadas (para o transporte escolar, carga e descarga, vaga rápida, ponto de táxi e vaga para ambulância)”, informa a pasta municipal. (Ana Claudia Martins)

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