Dengue
Calor e chuva aumentam risco de proliferação e transmissão da doença
O principal é evitar os criadouros do mosquito, evitando água parada
Períodos de calor e chuva, entre novembro e maio, são propícios à proliferação do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, considerada, segundo o Ministério da Saúde, a arbovirose -- doenças causadas por vírus e transmitidas, principalmente, por mosquitos -- mais prevalente nas américas, principalmente no Brasil. O período, portanto, exige um cuidado maior da população.
O médico infectologista Eduardo Leite Croco, presidente da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) e coordenador da CCIH do Hospital Gpaci afirma que esse é um período que exige atenção. “Nessa época, por causa do calor e das chuvas, o risco de proliferação aumenta e, obviamente, eleva o risco da pessoa pegar dengue. O principal é evitar os criadouros do mosquito, evitando água parada. Qualquer canto pode ter água parada, desde calhas, pratos de vasos de plantas, pneus, entre outros”, afirma.
A transmissão da doença ocorre pela picada da fêmeas de Aedes Aegypti infectadas. Os relatos de transmissão por via vertical (de mãe para filho durante a gestação) e transfusional (por transfusão saguínea) são raros.
Entre os principais sintomas da dengue estão: febre alta (maior que 38C); dor no corpo e articulações; dor atrás dos olhos; mal estar; falta de apetite; dor de cabeça e manchas vermelhas pelo corpo. Porém, a doença também pode ser assintomática, ou seja, sem sintomas.
O especialista comenta que os sinais são mais frequentes em adultos. “Os principais sintomas são febre, dor de cabeça e dor no corpo. Esses sintomas são iniciais. O que pode permanecer por mais tempo é a sensação de fraqueza. A febre, normalmente, dura em torno de três a quatro dias e, quando ela desaparece, podem surgir manchas no corpo”, explica.
Segundo o infectologista, as fases que exigem mais atenção são entre o segundo e quarto dia de doença ou quando a febre desaparece. “As dengues possuem uma classificação técnica por gravidade. As apresentações de dengue com maior gravidade são em pessoas que já possuem alguma fragilidade, como idosos e pessoas com doenças cardíacas e diabetes”. Os sinais de alarme da doença são caracterizados, principalmente, por dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes; acúmulo de líquidos; letargia e/ou irritabilidade e sangramento de mucosa.
Nos casos leves com quadro sintomático, o tratamento é feito com repouso relativo, enquanto durar a febre; estímulo à ingestão de líquidos; administração de paracetamol ou dipirona em caso de dor ou febre. Já, os pacientes que apresentam sinais de alarme ou quadros graves da doença requerem internação para o manejo clínico adequado. Ainda não existe tratamento específico para a doença. A dengue, na maioria dos casos leves, tem cura espontânea depois de 10 dias.
Cuidados essenciais
Para se proteger contra a dengue, é importante manter alguns cuidados, como colocar o lixo em sacos plásticos e manter a lixeira fechada. Nos cuidados com plantas e jardins, orienta-se a encher os pratos das plantas com areia até a borda. Caso tenha esquecido de colocar areia e a água tenha acumulado, lave o prato da planta com escova, água e sabão, ao menos uma vez na semana.
As caixas d’água, calhas e lajes também precisam de atenção. Não deixe a água da chuva acumulada sobre a laje; remova folhas, galhos e tudo que possa impedir a água de escorrer pelas calhas; mantenha a caixa d’água sempre fechada com tampa adequada. Mantenha os tonéis e barris d’água tampados; lave semanalmente por dentro com escova e sabão os tanques utilizados para armazenar água. Lave, também, principalmente por dentro, com escova e sabão, os utensílios usados para guardar água em casa, como jarras, garrafas, potes e baldes, entre outros.
Algumas medidas de proteção individual podem ser adotadas pela população, como cobrir as áreas do corpo que o mosquito possa picar, com o uso de calças e camisas de mangas compridas; usar repelentes à base de N-N-dietilmetatoluamida (Deet), IR3535 ou de Icaridina nas partes expostas do corpo. Também pode ser aplicado sobre as roupas. O uso deve seguir as indicações do fabricante em relação à faixa etária e à frequência de aplicação. E, por fim, a utilização de mosquiteiros sobre a cama, uso de telas em portas e janelas e, quando disponível, ar-condicionado.
Vacinação
O infectologista destaca que dois tipos de vacinas contra a dengue foram aprovadas no Brasil, no entanto, ainda não são distribuídas na rede pública, apenas na rede privada. Ele explica que existe uma diferença entre elas. “A primeira que foi aprovada não pode ser utilizada por quem não teve nenhum quadro de dengue. Ela é indicada para as pessoas que já tiveram um quadro de dengue”.
Já a outra, aprovada recentemente pela Anvisa, pode ser administrada em quem não tenha tido quadro de dengue. “Fica mais fácil porque você não precisa saber se a pessoa teve dengue. Todas as vacinas têm contraindicações, no caso desta, ela é contra indicada para pessoas imunodeprimidas, pessoas com câncer, HIV, gestante ou quem está amamentando. A orientação que nós damos é que, se eventualmente, alguém tiver vontade de fazer a imunização para a dengue, busque orientação médica para ver qual a opção de vacina e se não há nenhuma contraindicação”, conclui. (Virginia Kleinhappel Valio)