Sorocaba
Mercado de trabalho desacelerou em outubro
Com 165 vagas abertas, Sorocaba teve o pior saldo do ano; para economista, empresários estão inseguros
Depois de apresentar o melhor resultado do ano com saldo recorde de 1.764 vagas de emprego formal em setembro, Sorocaba teve seu pior desempenho no ano até o momento no emprego formal no mês passado. Segundo dados do Novo Caged, que foram divulgados na tarde de ontem (28), a cidade fechou outubro de 2023 com saldo de apenas 165 vagas de emprego com carteira assinada. Foram 10.683 admissões contra 10.518 desligamentos. O setor que mais contratou no mês passado, novamente, foi o de serviços.
Apesar da desaceleração do crescimento em outubro, Sorocaba teve o décimo mês seguido com saldo positivo no emprego formal. Conforme os dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o estoque de empregos com carteira assinada na cidade fechou o mês passado com um total de 212.644, o que representa variação relativa de 0,08%.
No acumulado de 2023, Sorocaba segue com saldo positivo de empregos formais gerados: 7.981. De janeiro a outubro deste ano, foram 104.442 admissões contra 96.461 desligamentos.
Empresários inseguros
Para o economista e professor Geraldo Almeida, o fraco desempenho do emprego formal em Sorocaba no mês passado reflete a “insegurança” do setor industrial e do empresariado com o desempenho da economia do País. “Uma possível explicação é o pessimismo do setor industrial com os rumos da economia do País. Por isso, os empresários acabam dando uma segurada nos investimentos, pois não sabem, por exemplo, se a reforma tributária irá sair ou não, ou se a desoneração da folha irá realmente ocorrer ou não. Tudo isso acaba gerando insegurança e acaba refletindo na geração de empregos, ou seja, a expectativa em relação ao bom desempenho da economia não está se tornando realidade”, comentou.
Almeida aponta ainda outros fatores, como os juros -- que ainda estão altos --, e mercado de trabalho, que, embora com desemprego baixo, tem muitas vagas informais. “Então, as pessoas estão com um certo receio e em um cenário de insegurança acaba dando uma travada no empresariado”, destacou.
Serviços seguem contratando
O setor de serviços segue contratando em Sorocaba e novamente foi o que mais gerou vagas com carteira assinada no mês passado. De acordo com os dados do Novo Caged, foram 5.503 admissões contra 5.236 desligamentos, o que resultou no saldo positivo de 267 vagas.
Em segundo lugar ficou o comércio, com saldo de 213 vagas de emprego formal na cidade no mesmo período. Foram 2.847 contratações contra 2.634 demissões. Em seguida, a construção ficou em terceiro lugar, com saldo de 90 vagas: foram 861 admissões e 771 demissões.
Já os setores da indústria (-391) e da agropecuária (-14) fecharam o mês de outubro com saldos negativos na cidade. A indústria teve 1.466 admissões contra 1.857 demissões. A agropecuária fechou o período com 6 contratações e 20 desligamentos.
10 meses positivos
Apesar do fraco desempenho no mês passado, Sorocaba apresentou o décimo mês seguido com saldo positivo no emprego formal. No mês anterior (setembro), a cidade havia batido recorde no saldo de emprego com carteira assinada, com o melhor resultado do ano até o momento: 1.764.
A cidade começou o ano com saldo de 602 empregos formais em janeiro. Subiu para 738 em fevereiro e caiu para 420 em março -- pior resultado do ano até então. Em abril, o saldo fechou positivo em 1.127 vagas e era, até aquele momento, o melhor resultado ano. Em maio foram 655 novos postos de trabalho e em junho o balanço fechou com 531 vagas. O resultado de julho foi novamente o melhor até então: 1.154. Agosto fechou com saldo menos expressivo -- 863 --, e setembro com o novo recorde até o momento de 1.764 vagas com carteira assinada. Outubro trouxe o pior resultado do ano: somente 165.
Há vagas
Os setores do comércio e de serviços seguem com vagas abertas em Sorocaba. Na tarde de ontem (28), lojas, salão de cabeleireiro, ótica e lanchonete, entre outros estabelecimentos, exibiam cartazes à procura de trabalhadores. São vagas para vendedores, divulgador, cabeleireiro, manicure, auxiliar de cozinha, chapeiro, emprega doméstica etc.
Porém, alguns gerentes afirmaram que não estão encontrando interessados pelas vagas. É o caso da responsável por uma ótica localizada na rua São Bento, no Centro. Paulina Tavares, 26 anos, afirma que está com uma vaga aberta para divulgador e já fez algumas entrevistas com candidatos, mas nenhum estava apto. “Trabalho tem, porém falta gente para trabalhar. Uma candidata que entrevistei, por exemplo, disse que tinha vindo somente porque a mãe dela pediu. Creio que os jovens não se interessam muito pelas vagas no comércio e acham o valor do salário baixo”, opinou. (Ana Claudia Martins)