O médico radio-oncologista Matheus Sorgi Vonsowski está na área certa. Disposto a estudar e a lidar com pessoas no dia-a-dia, o profissional acredita que o diagnóstico precoce faz a diferença no tratamento, assim como um atendimento humanizado. A residência foi realizada no Hospital das Clínicas de São Paulo, da Universidade de São Paulo (USP). Ele atua na Nucleon Radioterapia e Física Médica e na Santa Casa de Sorocaba.

Segundo ele, a Radioterapia é uma especialidade que se dedica ao tratamento de diversas doenças, principalmente o câncer, com radiação ionizante. Mas não se engane, apesar de lidar muito bem com a ciência, o doutor Matheus gosta mesmo é de gente. Tanto que os atendimentos são diários e tomam metade da agenda do dia. Geralmente, o paciente chega até ele após receber o diagnóstico do câncer, encaminhado por outro médico. Dependendo do caso, outro tratamento já foi realizado e cabe ao doutor Matheus dar prosseguimento.

É claro que nos últimos anos ocorreram muitas mudanças, nos protocolos, medicamentos e tratamentos. Por isso é possível afirmar que serão realizadas um número menor de sessões com efeitos colaterais menores em relação a alguns anos atrás. ‘Para os casos de câncer, a radioterapia atua matando a célula a nível molecular, a radiação vai atravessando todos os tecidos e causa um dano no DNA’, explica o profissional que continua: ‘com isso a célula não tem mais o aparato necessário para fazer a multiplicação desordenada’.

Sim, Oncologia é genética e biologia celular, mas o médico logo explica que isso não significa dizer que em todos os casos se trata de uma doença hereditária. A mutação pode ocorrer ao longo da vida em função de hábitos que foram adquiridos. Mas é o medo que muitas vezes paralisa o paciente que chega assustado, querendo saber se o tratamento machuca e se vai ‘aguentar’ as sessões. Nessa hora, com toda sensibilidade, o profissional orienta sobre o protocolo e acalma pacientes e familiares. ‘Serão visitas a clínica em vários dias, intercalados ou seguidos, dependendo da indicação’, diz. E sim, não estará sozinho nessa jornada; vai ser acompanhado pelo médico para entender o processo pelo qual está passando.

A Radioterapia é um dos pilares importantes para o tratamento do cãncer. O médico vai decidir em qual fase será feito esse tratamento de acordo com o tipo e o estágio da doença.

Mas os grandes inimigos ainda são o medo e a vergonha, que provocam um adiamento na busca por ajuda. É por isso que o doutor Matheus fala com tristeza de pacientes que, por exemplo, no caso do câncer de mama, escondem os sintomas e a suspeita dos próprios familiares. ‘Teve um caso, de uma senhora idosa. Ela já estava com um inchaço no braço e não queria incomodar a família. Isso me deixa chateado, porque a pessoa perde a chance de cura’, lamenta.

Mais do que nunca, vale o alerta. Em qualquer suspeita de câncer, busque a opinião de um especialista. Quanto mais cedo o diagnóstico, melhores serão as condições de tratamento e cura da doença. A entrevista completa está no Canal do Youtube do Jornal Cruzeiro do Sul. Nos meses de outubro e novembro, que o câncer de mama e o de próstata se tornam o tema de campanhas, foram convidados vários especialistas para discutir assuntos relacionados à doença. Todas as entrevistas também estão disponíveis na internet. A iniciativa da Perseverança III se fundamentou na premissa de que a informação é uma ferramenta importante de prevenção, para desconstruir tabus e aumentar a busca por tratamento e melhorar a chance de cura. (Denise Rocha)

‘Hoje em dia o tratamento não machuca mais tanto como antigamente. Hoje, em muitos casos não são realizadas mais tantas sessões como antes’

‘São três pilares para o tratamento do câncer: a quimioterapia, a cirurgia e a radioterapia; para cada tipo de câncer cada um vai ter um papel mais importante’

‘A radioterapia propicia uma taxa maior de cura para vários tipos de câncer; pode aliviar a dor e melhorar a qualidade de vida dos pacientes com câncer’

‘A maioria dos médicos desconhece a especialidade que não é nova, é mais antiga a Oncologia Clínica, mas tem pouquíssimos centros e faculdades no Brasil que tem estágio nessa área’