Sorocaba
Justiça intima autoridades da Saúde a explicar falta de remédio para câncer
Cloridrato de Pazopanibe está em falta da farmácia de alto custo desde o começo de novembro
Após a Farmácia de Alto Custo atrasar a entrega de um medicamento Cloridrato de Pazopanibe -- para tratamento de câncer --, o munícipe Reginaldo Rodrigues Carvalho, de 50 anos, precisou recorrer à Justiça. Segundo o advogado Anselmo Bastos, houve vários descumprimentos de decisões judiciais para fornecimento do medicamento, o que levou o juiz Alexandre de Mello Guerra a intimar, em publicação do último dia 13, o secretário municipal de Saúde e o diretor regional de Saúde, para que esclarecessem a situação no prazo de cinco dias.
No documento, o juiz intimou sob pena de apuração de responsabilidade criminal, civil, administrativa e por improbidade administrativa. Ele também determinou o sequestro de verbas públicas e estabeleceu a apresentação de três orçamentos do medicamento.
O Cloridrato de Pazopanibe pode ser encontrado em empresas fornecedoras de medicamentos de alto custo da capital paulista por valores entre R$ 8 mil e R$ 12 mil, com prazo de entrega em Sorocaba de um a dois dias úteis.
Reginaldo relata que está desde 1º de novembro sem o medicamento, que funciona como uma quimioterapia oral. O munícipe conta que recebeu o diagnóstico de tumor nos rins em 2018 e, em 2021, descobriu uma metástase no pulmão. Em 2021, entrou com o pedido do medicamento na farmácia de alto custo, mas somente em 2022 passou a recebê-lo gratuitamente. “Neste ano, é a segunda vez que o medicamento falta. Na primeira vez, foram oito dias. Já fui quatro vezes neste mês, dias 1º, 7, 15 e na quarta-feira (22). É um remédio que não está em falta no mercado; falta o governo ou a prefeitura comprar”, disse.
Para ele, o atraso na entrega do medicamento demonstra descaso com a saúde. “Procuro andar em dia com todos os meus impostos, para que eu possa andar de cabeça erguida em todos os lugares que vou. Quando é alguma coisa que o governo estadual ou municipal teriam que fazer, deixam a desejar”. O munícipe comenta também que já viu outras pessoas saindo da farmácia de alto custo sem medicamento. “Vejo gente indo embora infeliz; algumas vezes, até chorando. Tem casos em que, se a pessoa não toma a medicação vai piorando cada dia mais. O que me motiva e o que me mantém em pé, é Deus. Se eu fosse uma pessoa que tivesse me entregado à doença, sinceramente, acho que não levantaria da cama”, desabafou.
Questionado pelo Cruzeiro do Sul, o Departamento Regional de Saúde (DRS) de Sorocaba informou que o medicamento já foi adquirido e está em processo de entrega. O DRS destacou que tem cobrado celeridade ao fornecedor para a entrega do insumo e que o paciente será contatado.
A Secretaria Municipal da Saúde (SES) informou que, embora medicamentos de alto custo sejam fornecidos pelo governo estadual, está “intercedendo junto ao Estado, para que a reposição seja feita da forma mais célere possível”. Além disso, também está “buscando maneiras de ampliar a oferta desses insumos, com alternativas de parcerias com a iniciativa privada ou por meio de diferentes esferas”. (Virginia Kleinhappel Valio)
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