Perseverança III - Contra o Câncer
A coragem para inovar garante para Sorocaba tratamento radioterápico no início da década de 1970
O pioneirismo do médico sorocabano José Carlos Menegoci foi determinante para que muitos pacientes oncológicos, no início dos anos de 1970, passassem a contar com a continuidade tão necessária para o tratamento.
Com bom humor, muita educação e gratidão aos companheiros que o ajudaram na construção da própria história, o profissional lembra de como tudo começou a partir de uma necessidade. ‘Eu já era da Faculdade de Medicina. Um dos docentes que sempre admirei, o doutor Luiz Ferraz de Sampaio Júnior, era um grande humanista. Naquela aquela ocasião ele ficava muito compadecido da situação das pacientes que eram internadas na clínica ginecológica do hospital’, recorda. O olhar caridoso ao sofrimento de outras pessoas, ajudou na busca de uma solução. ‘O nosso problema é que eram poucos os lugares que faziam o tratamento naquela época. Estou me referindo exatamente ao câncer ginecológico de mama, colo de útero e endométrio. O professor Luiz Sampaio então pediu para eu ir para São Paulo, frequentar o Hospital do Câncer. Mesmo formado, eu me propus a prender e descobri o que podia fazer’ comenta ao lembrar que trouxe a Braquiterapia para a cidade. Muitas pacientes que aceitaram se submeter à técnica se curaram e superaram a doença. A experiência no setor de radioterapia do grande hospital da capital ainda garantiu um aprendizado também em Teleterapia em Ginecologia.
Durante muito tempo, essa jornada foi solitária. Até que dois médicos, radioterapeutas do Hospital das Clínicas, da capital, vieram dar aulas na faculdade em Sorocaba. Com isso, o doutor Menegoci encontrou aliados contra o câncer. Ele e os médicos José Valdemar Petitto e Carlos Victorio Feriancic fundaram a Nucleon Radioterapia e Física Médica em janeiro de 1974. Entraram para história como pioneiros em radioterapia em Sorocaba e Região Metropolitana.
Com um olhar humanizado, sempre foi natural atender pacientes da rede pública, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Aliás, o que ocorre até hoje. Com a evolução da tecnologia, os pacientes passaram a ter soluções menos dolorosas, física e emocionalmente. O desafio sempre foi oferecer tratamento de ponta mesmo com as dificuldades econômicas enfrentadas pelo país.
A grande conquista foi tornar acessível e possível a continuidade do tratamento para muita gente, que encontrava dificuldades para os deslocamentos. Apesar de triste, era comum, pacientes que sem o acompanhamento necessário sucumbiam com a evolução da doença.
Com a compreensão de que cada vida é única e que todo mundo merece um tratamento digno e adequado, o doutor Menegoci defende e acredita que o diagnóstico precoce é o ideal para qualquer tipo de câncer. A entrevista completa pode ser assistida no Canal do Youtube do Jornal Cruzeiro do Sul, que numa parceria com a Perseverança III, promove a Campanha contra o Câncer, nos meses de outubro e novembro. Especialistas foram convidados para falar da doença e ajudar na difusão de conhecimento e informação. (Denise Rocha)
‘Eu me considero uma pessoa realizada, eu fui um médico ginecologista e obstetra que teve uma clínica muito boa, atendi muitos pacientes, da rede pública e particular. Tudo que eu fiz me traz uma boa recordação; se tivesse que começar hoje, começaria do mesmo jeito’
‘Que todo mundo se trate corretamente, que faça o que for possível para ter um bom diagnóstico e procure a assistência médica quando sentir algum incomodo e tenha, se possível, o melhor tratamento que possa ser realizado e vença a doença!’
‘Os colegas médicos nos apoiaram desde o início, reconheceram a necessidade de continuidade de tratamento e encaminharam os pacientes’
‘Câncer não é uma doença; câncer acomete um indivíduo, que tem que ser tratado dentro das características dele, como se fosse um caso único, tudo personalizado’
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