Mundo dos negócios
Empreendedorismo atrai cada vez mais os jovens
Pesquisa do Sebrae e Anegepe confirma essa tendência nacional
Existe uma idade certa para empreender? Abrir o próprio negócio exige disciplina e muita dedicação, o que leva a ideia de que pessoas mais velhas estariam mais aptas para os negócios. Porém, uma pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2022 -- realizada pelo Sebrae e a Associação Nacional de Estudos em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (Anegepe) -- mostra que cerca de oito milhões de jovens brasileiros, com faixa etária entre 18 e 24 anos optaram por ser seu próprio chefe. O índice evidencia o crescimento de empreendimentos formais comandados por pessoas entre 18 e 30 anos.
Em Sorocaba, segundo o Sebrae-SP, não há dados específicos para a faixa etária, porém, a cidade tem, ao menos, 74 mil cadastros de MEI’s ativos. Entretanto, a GEM mostrou que 60% dos entrevistados até 24 anos citaram ter uma empresa como um dos maiores desejos. Esse é o caso do sorocabano João Braguin, de 23 anos, responsável pelo New York Bar.
“Eu venho de uma família que sempre empreendeu, passou por diversos tipos de comércio. Sempre tive na minha vida uma referência do que ser quando crescer! Diria que já veio no sangue querer empreender”, contou.
Hoje ele divide as responsabilidades do comércio com a família. Porém, ainda sonha em ter algo só seu. “Talvez voltado para comida ou mesmo na área de marketing e eventos”. “Empreender sempre é um desafio, e começar junto a minha família com 18 anos foi um grande aprendizado, me trazendo muito amadurecimento e determinação para poder chegar ao meu objetivo”, disse João.
O setor que o jovem pretende apostar é justamente o que demonstra maior interesse por parte dos profissionais: o de serviço. Ele é a escolha de pouco mais da metade da população empreendedora do Brasil, segundo dados do Sebrae.
Amanda Cristina e Gabriel Derato, ambos com 24 anos, também seguiram por esse caminho. Os dois estudaram design gráfico juntos e, pouco tempo depois de terminar a graduação -- também focada em negócios --, resolveram criar uma agência de publicidade, a Conext.
“Resolvemos empreender pela liberdade de criação e flexibilidade, pela vontade de auxiliar empresas e ter um diferencial dentro do mercado”, comentou Derato, de 24 anos.
Amanda tem noção que a bagagem que ganhou nos estágios e depois como CLT foi importante para a sua formação. “Me fez ter uma noção de como funciona o mercado de trabalho. No estágio tive contato direto com uma rotina de criação e demanda de clientes, pude presenciar situações que me prepararam para o trabalho que faço atualmente. Estar dentro de uma empresa, me fez perceber quais eram os setores que eu poderia explorar na minha área e o que tanto eu podia mudar sendo uma empreendedora”, disse.
A atração por empreender também resulta uma quantidade de experiências, conhecimentos e desafios que se apresentam com maior atratividades aos jovens. “No período pós-pandemia, a quantidade de jovens que optam por empreender, também é influenciado por fatores como a baixa ofertas de vagas de emprego em vários setores da economia, o processo facilitado que o Brasil oferece para abertura de empresas e não podemos deixar de mencionar que o acesso à informação pela internet também não oferece barreiras”, explicou o consultor de negócios do Sebrae-SP, Henrique Romão.
E é justamente de maneira virtual que o negócio de Gabriella Sampaio, de 28 anos, se desenvolve. Criado no final do ano passado, a Ianna Joias se identifica como “de mulheres para mulheres”.
Desde a abertura da empresa, a publicitária de formação acredita que o maior desafio é sair da zona de conforto para mergulhar em um universo totalmente novo.
“Acreditar no potencial do seu negócio e ser resiliente perante os desafio, pois hoje em dia o mercado é muito competitivo e todos os dias você tem que se destacar e mostrar o porquê sua marca é diferente das outras”, comentou.
Apesar de ser uma empresa prestes a completar um ano, os planos para o futuro está ligado muito mais ao interno de cada um. “Meu maior sonho é levar mais beleza e conexão para todas mulheres do Brasil”, disse Gabriella.
Vantagens
De acordo com Henrique Romão, os jovens empreendedores adquirem maiores experiências e conhecimentos em termos de hard e soft skills -- as hard skills são competências aprendidas na vida acadêmica e profissional, já as soft acabam se relacionando às habilidades inatas ou adquiridas ao longo da vida do colaborador e do desenvolvimento pessoal de cada indivíduo, importantes para a formação profissional do jovem.
“Além da possibilidade do jovem seguir a vida como gestor de um negócio, também é enriquecedor para sua formação como profissional. Assim, ele poderá ter melhor performance em qualquer lugar que for trabalhar”, explicou.
Cuidados
Para quem deseja seguir o caminho de Gabriel, Amanda, João, Gabriella ou de tantos outros jovens empreendedores brasileiros, o Sebrae aponta alguns cuidados: buscar o planejamento através da modelagem de negócios e a realização pessoal; estar atento aos problemas que precisam de soluções; buscar relacionamento e se conectar com pessoas; e participar de eventos, feiras e congressos. (Thaís Marcolino)
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