Fundada em 1943, a primeira creche de Sorocaba, a Casa das Mães e das Crianças, celebrou o marco de 80 anos de serviços prestados à sociedade em uma cerimônia realizada ontem (14) em sua sede, localizada no Centro, com a participação da diretoria, autoridades e convidados. Durante a comemoração, a presidente da entidade, Ana Lúcia Cozer Dias, expressou o seu carinho pela creche e recebeu duas placas em homenagem à instituição, entregues pelo vereador Ítalo Moreira (sem partido) e pelo secretário da Educação, Clayton Lustosa, que representou o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos).

“São nove anos aqui. Eu gosto de administrar. Eu sempre fui diretora de escola, do Estado, e isso é muito forte dentro de mim. Aqui eu me realizei”, disse Ana Lúcia.

Antes de se tornar uma creche, o prédio, com uma varanda aconchegante, característica comum nas casas pós-coloniais, era um posto de puericultura -- área da medicina voltada às crianças. O local fornecia leite, fazia pesagem e disponibilizava outros serviços ao público infantil. Anos se passaram e a casa continua sendo um lugar de cuidado.

Atualmente, a Casa das Mães e das Crianças de Sorocaba atende 180 crianças de 1, 2 e 3 anos. O serviço é gratuito e para arcar com as despesas, a instituição mantém um convênio com a Prefeitura. Os alunos permanecem no local das 7h às 17h e, durante o período realizam atividades específicas para cada faixa etária.

“Cada idade, eu digo cada C1, C2 e C3, (como as turmas são chamadas) são bem diferenciadas. Inclusive, elas estão em espaços diferentes. É bem diferenciado o pedagógico, eu tenho os professores responsáveis e tenho os auxiliares de classe. O auxiliar, geralmente, troca a fralda, ajuda o professor no dia a dia, e o pedagógico é dado pelo professor”, explicou a Ana Lúcia.

Ao sair da creche, aos 4 anos, as crianças vão para a pré-escola. Até o momento, mais de 15 mil crianças já passaram pelo local, entre elas está Mirele Cristina de Almeida, atualmente com 49 anos. Ela chegou na instituição com apenas 29 dias, pois sua mãe a criava sozinha e precisava trabalhar. Com isso, a creche passou a ser o seu segundo lar. Após ter sido cuidada ali, Mirele retornou na adolescência, se tornou auxiliar e se aposentou na instituição. Foram 31 anos de dedicação, carinho e atenção às crianças.

“A creche Casa das Mães em si, deixa em uma parte de ser creche e passa a ser família, porque ela dá muito amor às crianças, recebem os pais, as crianças são muito bem cuidadas. Eu sou feliz por fazer parte deste momento da creche, é muito especial”, declarou Mirele.

Quem também faz parte dessa história é Rosa Clementino do Carmo, de 65 anos. Quando um de seus filhos tinha apenas três meses, ela ficou desempregada e precisou tirar a criança da creche particular. A Casa das Mães deu apoio. “Hoje, a criança do passado é um adulto, de 39 anos, formado em filosofia”. Outro filho de Rosa, formado em educação física, também foi assistido pela creche.

Admiradora do trabalho da Casa das Mães, Rosa se tornou voluntária, depois foi contratada, passou a trabalhar na cozinha e atualmente é auxiliar de classe. Mesmo aposentada, continua exercendo a profissão. “Estou atuando como auxiliar de classe e no tempo livre eu fico como voluntária, faço os quitutes e ajudo nos eventos”, contou.

“Tudo isso é gratificante, porque é toda uma vida. Quantas crianças já passaram por aqui? Tem crianças que passaram por aqui que hoje são pais. Cuidei deles e depois troquei a fralda dos filhos deles, então, é muito gratificante. Era algo simples, foi mudando, reformando e hoje está assim, como você está vendo, a gestão vai mudando, vai evoluindo e a creche vai evoluindo junto também”, completou Rosa. (Vanessa Ferranti)