Sorocaba
Sobrecarga desafia profissionais de enfermagem
Auxiliares e técnicos relatam uma situação que consideram "desesperadora"
A rede municipal de saúde de Sorocaba está enfrentando um grande desafio: a falta de profissionais de enfermagem. Auxiliares e técnicos relatam uma situação que consideram “desesperadora”. Eles dizem que a falta de pessoal os força a fazer horas extras frequentemente, e ainda assim, mal conseguem dar conta do volume de atendimento. Por conta disso, as consequências se estenderiam para além do cansaço e estresse, representando riscos significativos para o cumprimento eficaz da função, que é essencial para a saúde da população.
Ainda segundo servidores da área de saúde, a situação é agravada pelas aposentadorias e pedidos de exoneração. Mesmo um concurso público realizado no ano passado, que deveria aliviar essa pressão, não parece ser suficiente, pois parte dos candidatos selecionados ainda não foi chamada para assumir seus cargos, conforme relato de um enfermeiro que preferiu manter a identidade no anonimato.
A gravidade do problema fez o Sindicato dos Médicos de Sorocaba e Cidades da Região (Simesul) e da Associação dos Servidores Públicos Municipais de Sorocaba (ASPMS) chamar a atenção da Prefeitura de Sorocaba para a necessidade de cumprir uma decisão judicial de 2019 que exige a contratação urgente de 42 ginecologistas, 22 pediatras e 38 clínicos gerais, além de 21 enfermeiros, 98 técnicos ou auxiliares de enfermagem e 25 técnicos de controle administrativo.
Sobrecarga aumenta afastamentos
Um profissional de enfermagem que se dispôs a compartilhar sua experiência sob a condição de anonimato, destacou os desafios da categoria. “O número reduzido de servidores causa sobrecarga nos que permanecem nos serviços, aumentando ainda mais os afastamentos destes profissionais. Para manter o atendimento e a qualidade, os funcionários se desdobram, atuando em mais de uma escala, o que aumenta os riscos de erros e coloca em risco tanto os pacientes como os próprios profissionais”, destacou.
O vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Sorocaba e Região (Sinsaúde), Pablo Pistila, fez um alerta sobre a situação. “A enfermagem, trabalhando com quadro reduzido, gera estresse entre os profissionais, que são cobrados pelos usuários devido à demora no atendimento, levando a uma qualidade de atendimento reduzida. Os profissionais são assediados por várias partes, incluindo patrões, chefias e a própria população. Eles acabam sendo cobrados por uma situação que é de responsabilidade do Poder Público”, explicou.
Pistila ainda ressaltou a importância de avaliar salários e condições de trabalho antes de assumir contratos com empresas terceirizadas que atuam na área da saúde. Segundo ele, o sindicato vem trabalhando junto aos profissionais para cobrar da administração municipal condições adequadas para o exercício da profissão.
Em nota, a Prefeitura de Sorocaba anunciou medidas para resolver o problema. De acordo com o Executivo, após oito anos sem concursos para a área de enfermagem/saúde, em 2022, foi realizado um novo certame. “Os chamamentos já começaram, e mais profissionais serão convocados gradualmente, preenchendo reposições e novas vagas, em conformidade com a ação judicial datada de 2019”, concluiu.
No mês passado, a Secretaria de Recursos Humanos (Serh) anunciou a abertura de 104 vagas para enfermeiros e médicos. Já as sessões de atribuição de vagas ocorreram nos dias 27 e 28 de setembro. (Wilma Antunes)