Sorocaba
Pornografia infantil já causou cinco prisões em agosto
Acesso de crianças cada vez mais cedo à internet facilita ação de criminosos, diz delegada
Somente neste mês de agosto, pelo menos cinco pessoas já foram presas pelo crime de pornografia infantil em Sorocaba. Além da operação de ontem (28), ações intituladas como “Operação Guardião”, deflagradas pela Polícia Civil, por meio da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), ocorreram entre os dias 2 e 3, e no dia 21. Já em 10 de agosto, um homem de 52 anos foi preso em flagrante pela Polícia Federal.
Segundo a delegada Alessandra Silveira, titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Sorocaba, esse tipo de crime aumentou nos últimos anos, pois crianças têm, cada vez mais cedo, acesso aos meios digitais. Além disso, criminosos estão se “especializando” nas diversas plataformas disponíveis para atrair as vítimas. “As crianças estão iniciando muito cedo nessa vida digital. A facilidade de acesso é muito grande e a estrutura psicológica para lidar com isso não segue na mesma linha”, informou a delegada.
Grande parte das vítimas de pornografia infantil são crianças com idades entre 5 e 13 anos. Diferente dos crimes sexuais com contato físico, em que o aliciador, muitas vezes, é um familiar ou alguém que tem a confiança da família, no crime virtual o criminoso geralmente é um desconhecido, que finge ser outra criança ou um “amigo”, para convencer a vítima a encaminhar fotos íntimas e cometer ameaças.
“Eles sabem os aplicativos, plataformas e redes sociais que as crianças se interessaram, então eles se valem de um perfil falso com uma foto aleatória de uma criança, um anime (desenho animado japonês), alguma imagem que desperte a atenção da criança. Eles começam a travar uma conversa com essa criança, que acha que está conversando com outra criança”, declarou a policial.
“Vai aumentando a intimidade, gerando uma confiança e é a hora que essa pessoa faz manobras com a vítima, com desafios a fim de exposição de partes do corpo, visando já a conotação sexual. A criança já está envolvida e acaba, muitas vezes sem perceber, fornecendo esse material. Quando ela vê, começa a fase de ameaças e extorsão para conseguir cada vez mais material”, acrescenta Alessandra Silveira.
A delegada ressalta, ainda, que, atualmente, muitos criminosos também utilizam a inteligência artificial para enganar as crianças e adolescentes, mudando a aparência das fotos para uma versão mais jovem e deixando até o tom de voz mais infantil.
Por isso, é importante ficar atento. A orientação da DDM é que instruções sobre o assunto sejam informadas com clareza às crianças. “No ambiente virtual, a família olha e pensa ‘ele está quietinho ali, está jogando, está com fone’, então é importante verificar, acompanhar e, principalmente, informar a criança sobre o que pode e o que não pode; orientar sobre todas essas tecnologias que têm hoje em dia; que podem ser usadas para o bem, mas que também podem ser usadas para outros fins”.
Porém, se a criança ou adolescente for vítima do crime, os responsáveis devem, imediatamente, registrar um boletim de ocorrência na delegacia. “Todo esse material tem que ser levantado, periciado, principalmente pelo setor de inteligência. Tem quem produziu o material, quem consome esse material, tem quem distribui e quem comercializa, então, é toda uma rede em torno desse crime que tem que ser bem investigado para que não pare ali naquela pessoa que tinha o material armazenado, tem que investigar para ver quem produziu e quem está comercializando”, reforça a delegada da DDM. (Vanessa Ferranti)
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