Mutirões mantêm estoques do Hemonúcleo de Sorocaba
Iniciativas de empresas, escolas e instituições evitaram queda comum nos meses de junho e julho
Os estoques do Hemonúcleo da Associação Beneficente de Coleta de Sangue de Sorocaba (Colsan) não tiveram, neste ano, a queda comum registrada nos meses de junho e julho. Isso porque os mutirões de doação organizados por diferentes grupos impediram a usual redução. A afirmação é do gerente médico da unidade, Frederico Brandão. Duas dessas iniciativas foram realizadas por funcionários de uma empresa de Itu e alunos de uma escola de Sorocaba.
Brandão, de 52 anos, explica que, anualmente, a captação de sangue costuma cair 30% em junho e julho. Ele acredita que as principais razões sejam o frio, o período de férias e as campanhas de vacinação, já que é preciso respeitar intervalos para doar sangue após o recebimento de alguns imunizantes. Neste ano, porém, embora haja necessidade de reforço dos tipos O+ e O-, os estoques estão regulares.
De acordo o gerente médico, o Hemonúcleo conseguiu manter o volume graças à campanha Junho Vermelho, de incentivo à doação. A ação motivou, principalmente, diversos grupos a fazer mutirões para contribuir com a unidade, que foram essenciais para a manutenção dos estoques, conforme ele. “Essas parcerias são muito importantes, porque conseguimos fidelizar doadores, que passam a doar sempre, não só por meio da campanha”, disse. “Temos muitos doadores que começaram a doar por meio dessas iniciativas”.
Para ajudar o próximo, Barbára superou o medo de agulhas e doou sangue (crédito: DIVULGAÇÃO)
Uma das doações coletivas foi realizada por 34 funcionários da Starrett, multinacional fabricante de serras, ferramentas e instrumentos de medição localizada em Itu. Conforme o diretor de Recursos Humanos (RH) e Tecnologia da Informação (TI) da empresa, Francisco Bertagnoli Júnior, de 62 anos, o trabalho começou no ano passado e será permanente.
Ainda segundo Bertagnoli, para estimular os trabalhadores a participar, a empresa lhes apresentou uma série informações a respeito da importância e necessidade de doar sangue, assim como esclareceu equívocos acerca deste ato. No próximo ano, adianta ele, a intenção é ampliar “a corrente do bem”, a partir da inclusão de familiares da equipe. Para o gerente, esse tipo de ação “pode contribuir significativamente com a sociedade”.
A auxiliar de vendas Laura Aparecida da Silva Rodrigues, de 23 anos, já era doadora desde abril deste ano. Por isso, quando soube da mobilização da indústria onde trabalha, não pensou duas vezes em colaborar. “É uma forma de empatia, de pensar e se colocar no lugar do próximo, além de saber que, um dia, eu também posso precisar”, disse. “Sangue salva vidas”.
Estudantes
O Hemonúcleo também foi beneficiado por 20 estudantes do Ensino Médio da Escola Estadual Professor Ezequiel Machado Nascimento, de Sorocaba. Inspirados pelo professor de matemática Alexandre Dias Gomes, de 44 anos, os jovens, com idades entre 16 e 18 anos, ajudam a unidade desde 2022. Além de doar, os alunos vão às ruas para apresentar e distribuir materiais informativos, a fim de motivar outras pessoas a seguir o exemplo. “Eles fazem a sua parte e, também, conscientizam a população em geral a fazer o mesmo”, falou Gomes.
A estudante do 3º ano do Ensino Médio Bárbara Bianca Nascimento Batista, de 18 anos, doou sangue pela primeira vez. Conforme ela, a vontade de participar da campanha de Gomes surgiu por conta das vivências de duas pessoas próximas. Uma delas foi o namorado, que enfrentou uma leucemia e precisou de várias transfusões de sangue durante o tratamento. Já sua mãe trabalhou por anos como auxiliar de enfermagem em hospitais, onde viu, de perto, a realidade de quem precisa desse auxílio. Por isso, Bárbara cresceu ouvindo sobre a relevância de ser doadora. Agora, após ter dado o primeiro passo, pretende tornar-se colaboradora fixa da unidade. "Eu tenho muito medo de agulha, mas, pelas pessoas que precisam, deixei esse medo de lado", comentou. "Uma boa ação, mesmo que pequena, já ajuda muitas pessoas".
...ajudaram a conscientizar a população sobre o ato (crédito: DIVULGAÇÃO)
Como doar
Para doar, o interessado deve comparecer ao posto de coleta na avenida Comendador Pereira Inácio, 564, no Jardim Vergueiro, de segunda a sábado, das 7h às 12h30. Mutirões precisam ser agendados previamente, junto ao setor de captação de doadores, pelo telefone (15) 3224-2930. Frederico Brandão lembra que os principais requisitos para ser doador são ter entre 16 e 69 anos, sendo que a primeira doação deve ter sido feita até os 60 anos; pesar mais de 50 quilos; estar em boas condições de saúde; e alimentar-se, mas evitar refeições pesadas nas três horas anteriores à coleta.
Menores de idade precisam estar acompanhados de uma pessoa maior de 21 anos. Também necessitam apresentar o termo de autorização de doação, com firma reconhecida em cartório, documento de identidade original do adolescente e do responsável legal e cópia simples do documento de identidade de ambos. As documentações ficarão arquivadas na instituição.
No caso de adultos, exige-se documento de identidade com foto e número do CPF. Outras recomendações devem ser seguidas antes, durante e depois da doação. Elas podem ser conferidas no site da Colsan: https://urx1.com/L33Fw. (Vinicius Camargo)
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