A Polícia Civil de Sorocaba, com o apoio da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) e da Polícia Militar, deflagrou na última terça-feira (18) a "Operação Mallibu", com o objetivo de cumprir mandados de prisão, busca e apreensão expedidos pela Justiça.

A ação prendeu cinco homens que participaram de uma tentativa de homicídio ocorrida em 25 de março, quando duas jovens foram baleadas em frente a uma casa noturna, por volta de 5h, localizada no Jardim Leocádia. Um policial militar, um agente de segurança penitenciária, um atleta internacional e outros dois homens foram presos, todos atuavam como seguranças do local.

Segundo o delegado titular do 1º Distrito Policial, Fabrício Ballarini, a confusão começou quando um dos clientes retirou a camisa no interior da boate e um dos seguranças pediu que ele vestisse. Houve então um confronto entre ele, os amigos e os seguranças. "Em um determinado momento, houve o uso de spray de pimenta. O público não conseguiu continuar no local e acabaram saindo. A confusão continuou do lado externo da danceteria".

Na parte externa, os seguranças formaram uma linha para que os clientes não entrassem na casa noturna novamente. Ali, continuou o uso de spray de pimenta e também armas de pressão do tipo airsoft. "A confusão continua com o pessoal revoltado com aquele excesso. Eles passaram a arremessar pedras e garrafas contra os seguranças, foi quando começou o uso de arma de fogo. Eles passaram a efetuar os disparos de arma de fogo para o alto, para tentar dispersar o público", explica o delegado.

Nas imagens da câmera de segurança do local, é possível ver o momento do desentendimento entre clientes e seguranças. Em diversos momentos, é possível ver que os seguranças estavam com armas de fogo nas mãos e apontando para as pessoas que tentavam se aproximar do local. A confusão de torna ainda maior quando as duas vítimas, que estavam em um HB20 preto, decidem dar a marcha à ré em direção aos seguranças: "Naquele momento, que ela fez menção de ir em direção a eles, eles efetuaram os disparos. Havia na casa cerca de 15 seguranças, mas neste momento eram cinco seguranças que estavam ali posicionados e efetuaram os disparos de arma de fogo no veículo das vítimas".

De acordo com o delegado, a estimativa é de 30 disparos de arma de fogo, somente no veículo onde as vítimas estavam foram constatados pela perícia técnica 12 disparos. "Nós temos outros dois veículos que estavam estacionados do outro lado da rua, que também foram atingidos por vários disparos. Foram dois revolveres e três pistolas semiautomáticas".

Dos inúmeros disparos, dois atingiram a motorista -- um no ombro e outro nas costas -- e um outro atingiu a perna direita da passageira. Logo após os disparos, as duas saem com o carro em direção à avenida Dom Aguirre. Em seguida, sem condição de dirigir, a motorista para o carro e as duas são socorridas por pessoas que passavam pelo local. Após ser internada, a motorista do veículo recebeu alta e está se recuperando com fisioterapia. Já a passageira recebeu alta e passou por uma cirurgia recentemente para a retirada do projétil que estava alojado na perna.

Durante as investigações, que contou com o auxílio dos peritos criminais do Instituto de Criminalística de Sorocaba, os policiais civis descobriram que os envolvidos também utilizaram armas de outros calibres, além de recolherem as cápsulas para dificultar o trabalho da polícia.

Investigação continua

Os cinco seguranças vão responder duas vezes por tentativa de homicídio, por conta das duas vítimas, e qualificado, por impossibilitar a defesa delas. "Temos o interrogatório e o indiciamento dos cinco seguranças e na sequência vamos passar para as oitivas dos demais seguranças, que certamente, com a prisão desses envolvidos, vão falar a verdade", disse o delegado.

Ele destaca que desde o momento do crime, os seguranças e os proprietários da casa noturna tentaram impedir a investigação, limpando o local e retirando as cápsulas, além de omitir o que havia acontecido aos policiais no primeiro atendimento da ocorrência. "Nós temos ali seguranças e proprietários que estavam armados, então responderão por porte ilegal de arma de fogo, temos os disparos que foram realizados para o alto, temos os crimes de favorecimento pessoal e fraude processual".

A "Operação Mallibu" ocorreu em Sorocaba, Votorantim, Araçoiaba da Serra, Salto, Itu e Pilar do Sul. Foram apreendidas três armas de fogo, duas armas de airsoft, três sprays de pimenta, duas armas de eletrochoque, 31 munições, 18 telefones celulares e dois bastões retráteis. Ao todo, 29 mandados de busca e apreensão e cinco de prisão temporária foram cumpridos. Um dos investigados foi autuado em flagrante por posse ilegal de munição de uso restrito. (Da redação)

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