Balança comercial
Exportações sorocabanas têm queda de 4,9% no primeiro semestre
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços indicam que cidade acumulou R$ 4,73 bilhões no período
Sorocaba registrou uma diminuição de 4,9% no valor de arrecadação em exportações durante o primeiro semestre de 2023, em comparação com o mesmo período do ano anterior. De acordo com os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, a cidade acumulou US$ 962,9 milhões (equivalente a cerca de R$ 4,73 bilhões) entre janeiro e junho, um pouco menos do que o total de US$ 1,1 bilhão arrecadados nos mesmos meses em 2022.
Apesar da queda nos valores atuais, Sorocaba vinha apresentando um crescimento das exportações nos primeiros seis meses do ano desde 2020. Em 2019, a arrecadação foi de US$ 584,8 milhões no período, no ano seguinte foi de US$ 367,2 milhões, e em 2021 a soma foi de US$ 643 milhões. Já o total arrecadado durante todo o ano de 2022 foi de US$ 2,1 bilhões.
Segundo o diretor titular do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) Sorocaba, Erly Domingues de Syllos, essas oscilações ocorrem devido às mudanças que acontecem em outros países e afetam o Brasil. Os resultados positivos ou negativos são influenciados pelo mercado internacional. Dessa forma, Erly explica que o principal fator para a queda deste semestre está relacionado à crise econômica da Argentina, que é o principal parceiro de exportação de Sorocaba e região.
Apesar dos resultados, Erly diz que “os números não são alarmantes, pois mesmo sem um aumento, eles continuam fortes e positivos, com boas expectativas”. O economista Geraldo Almeida complementa que, “além da geração de emprego, os bons resultados nas exportações mostram a força do polo industrial de Sorocaba. Isso proporciona empregos de melhor qualidade e salários mais altos, o que aumenta a renda da cidade e impacta positivamente toda a cadeia produtiva. A arrecadação também é importante para a Prefeitura enfrentar suas despesas”.
“É um ótimo resultado ainda nesse primeiro semestre, fazendo até um comparativo com as outras cidades, porque o Ciesp tem 42 regionais em São Paulo e fazemos esse levantamento com todas. A de Sorocaba é a que está sempre entre as primeiras a nível de geração de resultado positivo, não só de exportação, mas também de geração de emprego, que na realidade é consequência do outro. Se você exporta mais, se você vende mais, você tem uma performance melhor de geração de emprego”, comentou Geraldo.
Para ele, as expectativas para o segundo semestre do ano são positivas, “pois Sorocaba tem potencial para fechar 2023 com um saldo igual ou maior do que o arrecadado no ano passado. É torcer para que a economia reaja no mundo todo. O Brasil hoje, com a questão principalmente da guerra da Ucrânia, passa a ter uma importância maior na economia, principalmente na exportação de grãos. Mas, o que tem a ver grãos com Sorocaba?. Tem exportação de máquina e de insumo, então, é uma cadeia produtiva com novos negócios que podem surgir. É ter um olhar para frente, não ficar olhando muito no retrovisor e olhar um pouco o que o País pode crescer e também na economia mundial. Vamos torcer para que pelo menos repitamos esse número que não é muito difícil de alcançar, principalmente olhando para trás, o que já aconteceu, mas a Argentina é um ponto de preocupação”, explicou Geraldo.
Ensinando a exportar
Menos de 1% das empresas brasileiras -- cerca de 25 mil -- exportam os produtos. É o que aponta um estudo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O recorte, de 2020, apontou, por outro lado, que essas companhias empregam 15% da força de trabalho formal do País.
Segundo a avaliação de Erly, o número de empresas que realiza o trabalho de exportação no País é baixo devido às dificuldades enfrentadas no processo. Ele explica que governos de países como China, Estados Unidos, Alemanha e outros da Europa ajudam a financiar as empresas exportadoras, pois recebem o retorno dos valores. “É uma solicitação nossa, do Ciesp e da Fiesp, há bastante tempo para o governo ajude a financiar as empresas exportadoras. [...] Porque você produz, gera emprego, exporta o produto e na hora que você recebe aquilo o governo pega a parte dele, então é na realidade um fomento à exportação”, enfatizou.
Para mudar esse cenário, o Ciesp em parceria com o Parque Tecnológico de Sorocaba, universidades e faculdades da cidade, orienta as pequenas empresas em como trilhar o caminho da exportação por meio de qualificações. Mudanças que devem ocorrer a longo prazo e gerar benefícios para as empresas e economia das cidades. “Cada empresa quando exporta, gera muito mais emprego do que a empresa que fornece no mercado nacional, porque a empresa para exportar tem que estar em um nível de maturidade tecnológica mais alto, porque a exigência do mercado internacional é muito grande e a exigência sendo grande, você tem que ter profissionais qualificados, profissionais mais qualificados ganham mais, então, é algo positivo”, disse Erly. (Vanessa Ferranti, com Estadão Conteúdo)