Golpe do emprego
Criminosos usam falsos anúncios de emprego para golpes
Principal objetivo é roubar dados e dinheiro; APRH faz orientações para você se proteger desses golpistas

As modalidades de golpes são diversas e geralmente os criminosos aproveitam momentos de fragilidade das vítimas. Um das oportunidades utilizadas pelos criminosos é enganar pessoas que estão em busca de emprego. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dão conta que, entre março e maio deste ano, 8,9 milhões de pessoas estavam desempregadas no País, cenário favorável para os golpistas.
No mês passado, em Sorocaba, o Hospital Santa Lucinda (HSL) emitiu um alerta para combater informações falsas sobre vagas de emprego na instituição. Nota da Fundação São Paulo -- mantenedora da unidade de saúde -- esclareceu que a oferta de emprego é somente para pessoas cadastradas pelo Recursos Humanos da entidade e que não solicita qualquer tipo de pagamento dos candidatos para participar de seus processos seletivos ou de treinamentos.
A presidente da Associação dos Profissionais em Recursos Humanos de Sorocaba e Região (APRH), Ana Carolina Jacção, disse que a prática de aplicar golpes com oferta falsa de emprego é antiga. Atualmente, com as redes sociais, os falsos anúncios se potencializaram e são acessados rapidamente por centenas de usuários. A forma de atuação do golpista pode variar de acordo com o objetivo do criminoso. “A prática mais antiga é o acesso a dados sensíveis, que no passado servia, inclusive, para falsificação de documentos, e hoje com o aumento da segurança digital, serve para cadastros e tentativas de crédito digital ou contas ‘laranjas’”, disse Ana Carolina.
Não pague taxas
Outro método comum é a cobrança de taxas para o processo seletivo e o posterior sumiço dos falsos recrutadores após o pagamento da tarifa. “O discurso pode mudar para justificar a taxa, seja o custo da entrevista, ou a participação de um projeto. O fato é que nunca o candidato deve pagar para qualquer processo seletivo”, orientou a executiva da APRH ao ressaltar que existe uma modalidade de serviço na área de Recursos Humanos onde a pessoa, em busca de emprego, contrata um especialista para ajudar em sua recolocação no mercado de trabalho. Nessa situação, o profissional é remunerado pelo serviço.
Já aqueles que buscam pelo primeiro emprego podem sofrer também com a maldade de algumas pessoas. Ana Carolina explica que a oferta de cursos com a promessa de emprego não cumpridas também é caracterizada como golpe, pois, apesar de existir o curso, o candidato aceita a oferta através de uma coerção moral. “Geralmente é aplicado na família. É bem comum o jovem (primeiro emprego) ir com algum responsável na entrevista e, neste momento, a agência informa que está em parceria com uma empresa de curso e faz a sugestão de qualificação do jovem, para aumentar suas chances de emprego. E os responsáveis, muitas vezes, não conseguem recusar”. A profissional lembra que nessas situações é possível recorrer ao Procon e cancelar a contratação.
Fique atento
A presidente da APRH disse que não é fácil perceber quando o anúncio de uma vaga é, na realidade, um golpe. No entanto, existem algumas dicas que podem ajudar. É importante sempre desconfiar quando o recrutador solicita informações sensíveis, aquelas protegidas pela Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), uma vez que isso não é necessário para a entrevista de emprego. Além disso, outros pontos a serem avaliados são os anúncios com promessas irrealistas de alta remuneração, requisitos de qualificação muito baixos, oferta de trabalho remoto e um processo seletivo extremamente rápido, sem entrevistas, apenas interações digitais sem contato pessoal com ninguém.
É boa verificar, também, a reputação da empresa recrutadora por meio de pesquisas na internet e ficar atento a anúncios mal elaborados, com erros gramaticais e contato de e-mail sem extensão da empresa, por exemplo. A profissional reforça que é importante buscar os anúncios diretamente no site da empresas e verificar se não houve mudança no nome do endereço eletrônico, pois muitas vezes os golpistas copiam a tela da empresa para parecer original, mudam apenas uma letra utilizando editores de imagens e compartilham a foto com o anúncio.
Muitos criminosos também utilizam de plataformas conceituadas como o LinkedIn e outras estabelecidas no mercado. Nesses casos, é preciso prestar atenção na forma de abordagem das pessoas, principalmente via chat. “As empresas divulgam as vagas através dos próprios sites ou plataformas idôneas, com identificação de local, detalhes da empresa e requisitos realistas”, disse Ana Carolina.
Contudo, se o candidato cair em um golpe é necessário tirar cópias de conversas virtuais com o suposto recrutador e abrir um boletim de ocorrência em uma delegacia física ou eletrônica através do site www.delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br para que as forças públicas de segurança possam iniciar a investigação e localizar os golpistas por meio do trabalho de inteligência das polícias. (Vanessa Ferranti)