Tradição
Feiras livres ainda atraem a freguesia em Sorocaba
Elas já foram mais populares e com maior frequência, mas continuam sendo um ponto de encontro e de compras

As 39 feiras livres de Sorocaba, que funcionam de terça-feira a domingo em todas as regiões da cidade, resistem ao tempo, ao avanço da tecnologia, à chegada das redes de supermercados e a mudança de costumes. Apesar de já ter sido mais frequentadas, quando eram as únicas opções para muitos moradores, as feiras se adaptam e oferecem cada vez mais produtos para os clientes, além dos alimentos tradicionais como frutas, verduras e legumes e, claro, o famoso pastel, que continua irresistível para muitas pessoas.
As feiras livres da cidade funcionam somente no período da manhã. Por isso, o movimento costuma ser maior logo nas primeiras horas do dia. Por conta do horário, quem trabalha em horário comercial acaba tendo dificuldade para fazer compras. Mas, segundo a Prefeitura, a partir do segundo semestre deste ano, a cidade irá ganhar feiras livres noturnas, que deverão ocorrer das 17h às 22h.
Seis locais foram escolhidos por meio de votação pública: Parque das Águas, Parque dos Espanhóis, Jardim Guaíba, Wanel Ville, Aparecidinha e Mercado Distrital.
Atualmente, as feiras ocorrem nos seguintes bairros: terça (Santa Terezinha, Largo do Divino, Vila Mineirão, Vila Progresso, Vila Haro e Fórum Velho), quarta (Pinheiros, Éden, Jardim Simus e Vila Santana), quinta (Vila Carol, Vila Hortência, Vila Leão, Vila Nova Sorocaba e Vila Trujilo), sexta (Verde Vale, Vila Amélia, Árvore Grande, Jardim Zulmira, Jardim São Guilherme e Jardim dos Estados), sábado (Vila Fiori, Barcelona, Líder, Parque São Bento, Jardim São Conrado, Aparecidinha, Júlio de Mesquita, Jardim Paulistano), domingo (Cerrado, Vila Angélica, Santa Maria, Vitória Régia, Jardim Maria Eugênia, Parque das Laranjeiras, Vila Helena, Paineiras, Sorocaba 1 e Mercado Distrital).
Aos finais de semanas há mais opções e o movimento aumenta. Desde 2021, já foram reativadas mais três feiras na cidade. E para quem deseja ser feirante nas edições noturnas, o edital de credenciamento está aberto e pode ser consultado no site https://l1nk.dev/IzSR8. Os interessados em ingressar no ramo de feiras livres devem ficar atentos ao período de inscrição, por meio de publicação do Edital de Credenciamento no Jornal do Município de Sorocaba, além de ter o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e, em seguida, aguardar o deferimento do pedido.
Por conta da Lei Municipal nº 12.724/20, os feirantes da cidade passaram a ficar isentos do pagamento da taxa de fiscalização, instalação e funcionamento (TFIF). A medida beneficiou cerca de 480 feirantes atualmente cadastrados na Prefeitura de Sorocaba.
Outra conquista da categoria foi a volta dos chamados banheiros-contêineres ou banheiros-trailers instalados nas feiras livres. O dispositivo é composto por três cabines, bem como um espaço adaptado para pessoas com deficiência física.
A Prefeitura informa que tem realizado uma série de iniciativas em prol da categoria dos feirantes, como a regularização das atividades da profissão e a criação do Comitê de Apoio às Feiras livres, composto por membros da Prefeitura, do Sindicato dos Feirantes e da Associação dos Feirantes de Sorocaba, que decide, de forma conjunta, as ações na área.
Diversidade
Já foi o tempo em que as pessoas iam na feira para comprar frutas, verduras e legumes e pagavam somente com dinheiro. Na era do Pix, praticamente todas as barracas possuem máquina para pagamento com cartão. Além disso, atualmente a variedade de alimentos e produtos é grande e os fregueses encontram quase de tudo nas feiras livres de Sorocaba. Roupas, calçados, temperos, pães caseiros e bolos, presentes, utensílios domésticos e até plantas ornamentais.
A variedade, no entanto, depende de cada feira, visto que algumas são maiores e, consequentemente, com mais opções de produtos, e outras são menores. A menor feira livre de Sorocaba fica na Vila Haro, na rua Rodrigues de Melo, e ocorre somente às terças-feiras, pela manhã.
Com poucas barracas, a feira tem uma do tradicional pastel e mais três de alimentos. O feirante Roberto Zeferino, 44 anos, há oito anos faz feira na Vila Haro e afirma que, apesar de pequena, possui clientes assíduos no bairro. Ele vende verduras e legumes que são plantadas em seu próprio sítio em Piedade, e além da menor feira na Vila Haro, ele também participa de mais uma em Sorocaba.
Já na feira livre do bairro Árvore Grande, que ocorre toda sexta-feira, pela manhã, a variedade de alimentos e produtos é grande. Bonfim Alves da Silva, 65 anos, participa de feiras na cidade há 30 anos com barracas de roupas e acessórios. Ele participa de quatro feiras por semana e afirma que elas já tiveram épocas melhores. “Aos finais de semana o movimento é melhor, mas ainda compensa. Vendo roupas para adultos e infantil, masculino e feminino, e o preço é vantajoso. Tenho uma freguesia constante”, disse.
Feirante há 60 anos, Paulo Tuzino lembra, com saudades, de quando as feiras eram um programa praticamente imperdível para as famílias sorocabanas, costume, que segundo ele, se perdeu entre os mais jovens. “Antigamente todo mundo ia na feira, pois não tinha muita opção. Hoje em dia há muitos supermercados e os jovens não têm mais o costume de frequentar as feiras livres”, disse.
Tuzino afirma que para quem gosta de verduras frescas a feira continua sendo a melhor opção. “A gente traz a verdura direto da roça”, afirma.
Há dois anos, José Carlos e Claudia vendem pães caseiros e bolos nas feiras livres. Eles participam de cinco feiras durante a semana e afirmam que as vendas são melhores aos sábados e domingos, pois o movimento é maior.
Já Eliel de Freitas, 42 anos, está há quatro meses com uma barraca de plantas ornamentais. Ele participa de cinco feiras livres por semana e, por enquanto, está testando para decidir se irá continuar ou não. “Eu já vendia plantas ornamentais pela internet e decidi participar das feiras para aumentar as vendas. Estou fazendo um teste”.
A dona de casa Ivete Gavioli, 72 anos, mora praticamente na rua da feira livre do bairro Árvore Grande e toda sexta-feira faz compras no local. “A feira é aqui do lado da minha casa, então, há 30 anos que compro na feira. É muito mais prático e rápido do que eu ir até um supermercado”, ressalta. (Ana Claudia Martins)
Galeria
Confira a galeria de fotos