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Terremoto em Iguape

Sismólogo da USP: 'Tremores não são raros e acontecem em qualquer parte do País'

Tremor sentido em Sorocaba e diversas cidades do Estado de SP, na manhã desta sexta-feira (16), assustou muitas pessoas

16 de Junho de 2023 às 15:17
Virginia Kleinhappel Valio [email protected]
O tremor de terra foi sentido na Grande São Paulo, no litoral sul e em parte do interior paulista
O tremor de terra foi sentido na Grande São Paulo, no litoral sul e em parte do interior paulista (Crédito: Centro de Sismologia da USP - 16.06.23)

O tremor de terra sentido em Sorocaba e em diversas cidades do Estado de São Paulo por volta de 8h22 desta sexta-feira (16), devido ao abalo sísmico de 4.0° na escala Ritcher, com epicentro no município de Iguape, assustou muitas pessoas. Porém, segundo Bruno Collaço, sismólogo do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP), um terremoto de magnitude 4 não é motivo de preocupação, apesar do susto e desconforto: "Tremores como esses não são raros e podem acontecer em qualquer parte do País".

De acordo com o sismólogo, não é possível afirmar a causa do abalo sísmico de hoje (16). Um tremor de magnitude 4 ocorre, em média, duas vezes por ano no Brasil. "Nosso País está no centro da Placa da Sul Americana e está sendo 'comprimido' pela movimentação da Placa Africana (leste) e da Placa de Nazca (oeste). Esses esforços se distribuem pelas rochas da crosta terrestre sob o Brasil, que, por vezes, se rompem devido ao acúmulo de tensões, gerando um terremoto que pode ocorrer em qualquer parte do País".

Ele ressalta que é pouco provável um dano estrutural que demande o desalojamento de casas, por exemplo. Na região mais próxima do epicentro, pode haver movimentações de pequenos objetos, trincas em rebocos de paredes mais frágeis, mas nenhum dano estrutural mais sério.

A magnitude do terremoto é calculada em escala mR, desenvolvida especialmente para tremores ocorridos no Brasil. Collaço explica que o tremor pode ser considerado um terremoto e que essa dúvida é comum e realmente existe: "A verdade é que abalo sísmico, sismo, tremor de terra, terremoto, entre outros, são todos sinônimos e se referem ao mesmo fenômeno. Então, podemos falar tranquilamente que se trata de um terremoto de magnitude 4 ou de um abalo sísmico de magnitude 4".

Inicialmente, o terremoto foi divulgado com magnitude 4.7, mas o sismólogo afirma que foi um erro no sistema de detecção automática, que usou uma outra escala de magnitude não ideal para sismos no Brasil. "A resposta oficial é mesmo 4. Um sismo de magnitude 4 pode ser sentido, geralmente, até uns 100 quilômetros e, talvez, um pouco mais. Temos relatos de pessoas em até 150 km que sentiram esse evento".

O especialista destaca a importância de diferenciar a magnitude e a intensidade de um terremoto. No caso do ocorrido ontem, a magnitude do evento significa seu tamanho -- 4, no caso. Porém, a intensidade descreve como o tremor foi percebido pelas pessoas, pelas estruturas ao redor e muda de acordo com a distância. "A intensidade deve ser entre II e III, ou seja, sentido por um número pequeno de pessoas e em condições especiais como andares mais altos ou situações mais calmas, como dentro de casas".

Sentir ou não o tremor depende de muitos fatores: "Como ocorreu pela manhã, muitas pessoas ainda estavam em casa, em uma situação um pouco mais calma em relação às outras pessoas na rua, nos carros, transporte público, trabalho etc. Esse é um fator que pode contribuir para que o tremor seja sentido". (Virgínia Kleinhappel Valio)

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