Enquanto assiste às partidas de futebol na televisão de casa, o aposentado Delvino Ribeiro, de 70 anos, faz o cadastramento de notas fiscais para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) Sorocaba. Para otimizar o tempo, ele organiza os papéis em pilhas e, de uma em uma, digita o código no sistema, sem cobrar nada. Para o aposentado, uma ação considerada rápida e simples mas muito importante, afinal, o valor das notas fiscais doadas por clientes de estabelecimentos comerciais do município contribui para o caixa da entidade -- dinheiro utilizado para ajudar centenas de adultos e crianças com diversos tipos de deficiência. “Em 50 minutos eu digito mais de 1.100 notinhas, depois descanso os dedinhos. Eu faço de coração, porque não adianta fazer uma coisa na emoção, porque emoção é algo de momento, mas quando é de coração, é para sempre”, declarou.

A Apae Sorocaba existe há 53 anos e começou com um grupo de pais. Atualmente, a entidade atende 360 pessoas desde bebês recém-nascidos a idosos com 62 anos. Para manter parte dos serviços prestados, a instituição recebe subsídio do Estado, mas a colaboração dos voluntários também é fundamental. “Com esse cadastro, todo o dinheiro que é oriundo dessas notas fiscais vem para a Apae. Então, nós temos pensado nesse modo de agregar os voluntários, porque parte da nossa receita é advinda desse voluntariado e das doações. O nosso caixa, em torno de um milhão e meio (de reais) por ano, nós temos que buscar desses trabalhos voluntários, de eventos e das doações”, pondera o presidente da Apae Sorocaba, Fábio Nobuhiro Umezu.

Além da Apae, Sorocaba possui várias entidades assistências atuando em diversos segmentos. Hoje a Prefeitura têm parceria com pelo menos 30 delas, porém, a lista de instituições instaladas no município é muito maior. A Liga Sorocabana de Combate ao Câncer é um dos exemplos de solidariedade. Há 48 anos a entidade auxilia mulheres com câncer de mama ou ginecológico na área clínica, psicológica e social. No local há fisioterapia, atendimentos com profissionais da área da saúde mental, aulas de danças, artesanato, doações de perucas, sutiãs e prótese mamária, além de diversas outras atividades. Tudo isso graças aos voluntários. “Fazemos toda a orientação pré e pós-operatória. A fisioterapia e a psicologia atuam para preparar essa mulher antes, tanto no físico como na parte emocional, depois ela volta para participar dessa convivência, porque aqui é como se fosse uma família. Elas acabam criando uma amizade, porque se conhecem e percebem que aquele problema não é só dela, que a outra também já passou, então, a convivência delas aqui melhora bastante a parte emocional”, explica Marisa Lopes, presidente da Liga.

Porém, para prestar todos esses atendimentos é preciso muita responsabilidade. Apesar do trabalho ser voluntário, a equipe da saúde é formada por profissionais. Professores e estudantes de universidades também prestam auxílio no local. “Se é para fazer algum tipo de terapia, preciso de um currículo para saber quem estou colocando aqui dentro para não prejudicar os pacientes. Fazemos uma entrevista e pedimos um compromisso. Então, para não ter desistências fazemos um termo e lá está explicado que se a pessoa não puder vir, é preciso avisar para darmos baixa no termo e procurarmos outro destino para aqueles atendimentos que estávamos fazendo, mas tudo isso demanda trabalho”, ressalta a presidente.

O Lar Escola Monteiro Lobato é outra instituição da cidade que ajuda a transformar a vida das pessoas. Hoje, 170 crianças, de seis a 12 anos, em situação de vulnerabilidade social são assistidas no local, no contra turno escolar. As crianças têm acesso a diversas atividades educacionais, alimentação de qualidade e palestras. Assim como as associações citadas anteriormente na reportagem, toda a diretoria do Lar Escola Monteiro Lobato é voluntária. “Somos em oito diretores e todos trabalham como voluntários, porém, não é simplesmente vir aqui de vez em quando. É uma responsabilidade total, o meu CPF está no jogo, porque eu tenho que assinar todos os documentos desde um cheque até um relatório de verba de deputado que venha do Governo Federal, e todo dinheiro que entra aqui tem que ser destinado para as crianças”, explica o presidente Luiz Henrique Alves.

Um trabalho que exige dedicação e cuidado, porém, extremamente recompensador. “Nós da diretoria tivemos uma infância boa, graças a Deus os meus pais conseguiram pagar os meus estudos, e chega uma hora que a gente pensa ‘o que eu tenho que dar? O que eu posso dar?’ Então, foi aí que a gente acabou decidindo por vir pra cá, por entrar nessa história, para poder fazer a diferença e poder ajudar. Para nós, conseguirmos tirar uma criança da rua já está pago”, completa Alves.

Além do trabalho voluntário, as entidades também recebem doações materiais que auxiliem na continuidade dos serviços prestados.

Caminhos para ajudar

Para se tornar um voluntário é necessário escolher uma associação que recebe esse modelo de trabalho e entrar em contato para se candidatar. Na Apae, além do cadastramento de nota fiscal, que pode ser feito, inclusive, da própria residência do voluntário, os moradores da cidade podem auxiliar a entidade na realização de eventos. O presidente conta que pretende ampliar as áreas de atuação para o segmento. “O voluntariado é algo que temos focado nesse ano do meu segundo mandato. Poderiam haver também voluntários de forma digital e nessas áreas mais técnicas, como um psicólogo. Vamos propor aberturas para que haja voluntários em vários segmentos e especificações técnicas para que possam ajudar a nossa instituição”. Para se voluntariar os interessados podem buscar mais informações através das redes sociais “Apae Sorocaba”.

Já a Liga Sorocabana de Combate ao Câncer está em busca de um professor de Yoga, mas se alguém tiver interesse em prestar serviço em outra área também pode entrar em contato com a entidade para fazer uma entrevista. Mais informações estão disponíveis, também, nas redes sociais. O Instagram é @ligadecancer.

O Lar Escola Monteiro Lobato recebe voluntários para as áreas administrativas e profissionais que desejem exercer atividades educacionais e culturais com as crianças. A entidade também conta com o auxílio de palestrantes no local. Interessados podem entrar em contato pelo telefone (15) 3221-4970 ou pelo WhatsApp (15) 99188-1782. Mais informações no site monteirolobatosorocaba.org.br. (Vanessa Ferranti)

Município faz parcerias com diversas entidades sociais

A Prefeitura de Sorocaba, por meio da Secretaria da Cidadania (Secid), estabelece parcerias com instituições sociais atuantes na cidade, algumas atendendo com mais de um serviço prestado à população.

A lista inclui as entidades: Ação Comunitária Inhayba; Associação Amigos dos Autistas de Sorocaba (Amas); Associação Amigos dos Deficientes (AMDE); Associação dos Pais e Amigos do Excepcionais (Apae) de Sorocaba; Associação Sorocabana de Atividades para Deficientes (Asac); Associação de Socorro Imediato a Pessoas Com Câncer (Asipeca); Associação Bethel Casas Lares; Associação Bom Pastor; Associação Christã de Assistência Plena; Associação Criança Feliz de Sorocaba; Associação Educacional e Beneficente Vale da Benção; Casa Nossa Senhora das Graças (Unidades 1 e 2); Casa Nossa Senhora das Graças (RI Residência Inclusiva); Casa Transitória André Luiz; Centro de Integração da Mulher; Centro de Integração da Mulher CERAV; Centro Social São Camilo; Grupo de Apoio e Combate a Droga e Álcool Santo Antônio; Instituto Gold Geração de Ouro; Instituto Humberto de Campos; Integra - Profissionalização e Socialização do Deficiente Auditivo de Sorocaba; Integrar Instituição Terapêutica de Grupos de Habilitação e Reabilitação; Lar Casa Bela; Lar Escola Monteiro Lobato; Lar Espírita Ivan Santos de Albuquerque; Lar São Vicente de Paulo; Movimento de Mulheres Negras de Sorocaba (Momunes); Serviço de Obras Sociais e Serviço de Obras Sociais Ações complementares

Além disso, a Prefeitura informa que quando é solicitado e existe a possibilidade de atender, o Fundo Social de Solidariedade (FSS) também encaminha doações a entidades filantrópicas, geralmente, alimentos, roupas e outros itens de necessidade. A Secretaria da Educação (Sedu) também atua em parceria com Organizações da Sociedade Civil (OSC) na gestão de creches compartilhadas. Essa parceria ocorre com as instituições: Associação Criança Feliz; Centro Educacional Apascentai de Ação Social; Doce Lar do Menor Irmã Rosália; Instituto de Gestão Educacional e Valorização do Ensino (Igeve); Instituto dos Filhos Misericordiosos da Cruz (IFMC) e Movimento das Mulheres Negras de Sorocaba (Momunes). (Vanessa Ferranti)