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Estupro de vulnerável

Polícia Civil e DDM esclarecem prisão do ex-vereador de Sorocaba, Emílio Ruby

Um dos abusos foi gravado de maneira anônima, auxiliando a DDM na investigação; Ruby continua preso

18 de Abril de 2023 às 18:03
Thaís Marcolino [email protected]
O ex-vereador já passou por investigação nos anos 90 pelo mesmo crime, mas na ocasião não foi condenado
O ex-vereador já passou por investigação nos anos 90 pelo mesmo crime, mas na ocasião não foi condenado (Crédito: Arquivo JCS/ Emídio Marques)

A Polícia Civil de Sorocaba, por meio da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), esclareceu, em entrevista coletiva ontem (18), pontos acerca da prisão do ex-vereador Emílio Souza de Oliveira, mais conhecido como Emílio Ruby, efetuada na sexta-feira (14) por suspeita de estupro de vulnerável. Em depoimento, Ruby, de 57 anos, negou as acusações.

Segundo a DDM, o caso chegou ao conhecimento da polícia há um mês, após denúncia anônima acompanhada de um vídeo, gravado sem o conhecimento dele. As imagens mostram o ex-vereador no quintal de sua casa, na zona norte, dentro de uma caixa d’água com duas crianças praticando ato libidinoso. O vídeo foi entregue à Polícia Técnica, resultando em laudo pericial.

“O material deu base para que, tanto o Ministério Público quanto a Polícia caminhassem em uma linha só, para que pudesse ter sido decretada a prisão temporária. Hoje o estupro é tratado de uma maneira geral, não tem mais subdivisões, como atentado ao pudor, por isso estamos tratando dessa maneira”, explicou o delegado seccional de Sorocaba, José Humberto Urban Filho.

As duas crianças, menores de 8 anos, foram identificadas e encaminhadas à Escuta Especializada por meio do Sistema de Garantia de Direitos. Os responsáveis pelas crianças também prestaram depoimento.

A investigação apontou que o ex-vereador trabalhava como músico e exercia certa influência na região, na qual oferecia, em datas festivas, por exemplo, brinquedos para a comunidade. Ele foi encaminhado para audiência de custódia e permanece com prisão preventiva decretada. Se necessário, a detenção poderá ser prorrogada por mais 30 dias.

De acordo com a delegada Alessandra Silveira, da DDM, outras pessoas também teriam frequentado o local onde ocorriam os abusos. Entretanto, não se sabe ainda se elas tinham conhecimento do que se passava. Por isso, quem desejar denunciar ou auxiliar com a investigação, acrescentando outras informações, pode entrar em contato com a Delegacia da Mulher de Sorocaba no número (15) 3232-1417.

Este não é o primeiro caso na ficha criminal de Ruby. Nos anos 90, ele também foi processado por estupro de vulnerável. Entretanto, não houve condenação na época.

Outros detalhes não foram esclarecidos à imprensa porque a investigação segue em segredo de Justiça, a fim de identificar outras possíveis vítimas.

Atenção às crianças

Os registros de abuso têm aumentado em Sorocaba e, por isso, a delegada da DDM, Alessandra Silveira, ressaltou a importância dos pais e responsáveis orientarem as crianças quanto ao que é “carinho” e “abuso” e, também, a ficar em alerta quando elas passam a frequentar lugares que não existam crianças.

“Toda criança é inocente, então ela vê que é alguém que ela conhece, que convive com ela, acaba achando que aquele carinho é normal. Por isso, é importante a conversa para que ela tenha conhecimento que isso não é algo legal, que é um abuso mesmo, até para que possa contar para os pais, professores ou outra pessoa sobre o que está acontecendo”, disse a delegada.

 

A delegada da DDM, Alessandra Silveira e o delegado da Seccional de Sorocaba, José Humberto Urban Filho, deram os esclarecimentos para a imprensa - Fábio Rogério
A delegada da DDM, Alessandra Silveira e o delegado da Seccional de Sorocaba, José Humberto Urban Filho, deram os esclarecimentos para a imprensa (crédito: Fábio Rogério)

Condenações e polêmicas

Em 2020, o ex-vereador Emílio Ruby foi condenado em segunda instância por improbidade administrativa e teve mantida a suspensão de seus direitos políticos. Ele foi acusado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) de cobrar a chamada “rachadinha” de seus assessores, durante a legislatura que terminou em 2012. Em julho daquele ano, a Vara da Fazenda de Sorocaba (SP) suspendeu o mandato do então vereador por tempo indeterminado, por suspeita de improbidade administrativa.

Em 2009, enquanto era vereador, Ruby também foi flagrado dirigindo embriagado. Ele foi acusado de ter passado um sinal vermelho na disputa de um “racha” com outro veículo. Parado pelos policiais militares, ele tentou se livrar dando uma “carteirada”, na qual invocou a condição de vereador. Ele foi levado ao plantão da Polícia Civil, mas pagou fiança e livrou-se da prisão.

Também em 2012, Ruby foi acusado de ter usado computador da Câmara de Sorocaba para fim particular. A apreensão dos computadores e impressora do gabinete do parlamentar ocorreu em julho daquele ano, em cumprimento à ordem do juiz da vara da Fazenda Pública local, José Eduardo Marcondes Machado. Para o Ministério Público do Estado de SP (MPSP) existiam “claros indícios” de que Ruby utilizava a máquina pública para promoção pessoal.

Outro ex-vereador

A Delegacia de Defesa da Mulher de Sorocaba segue procurando pelo pastor e ex-vereador Julio Cesar Ribeiro, condenado a 28 anos de prisão em regime fechado por estupro de vulnerável. O inquérito sobre o caso foi concluído pela DDM em 2017. Já a sentença e o mandado de prisão foram expedidos pela Comarca de Sorocaba em novembro do ano passado. As buscas são realizadas pela Polícia Civil.

O homem, de 63 anos, é acusado de abusar sexualmente de duas meninas. A denúncia foi feita pelas vítimas em agosto de 2016, quando elas tinham menos de 10 anos de idade. (Colaborou Ana Claudia Martins e Vanessa Ferranti)

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