A Prefeitura de Sorocaba não deverá voltar a realizar as tradicionais campanhas de vacinação antirrábica gratuita de cães e gatos. Questionada a respeito, a administração municipal informou que a interrupção desse tipo de ação foi determinada pelo governo estadual e não possui relação com a pandemia da Covid-19. “A campanha foi suspensa pelo governo estadual, em todo o território do Estado de São Paulo, em cumprimento à deliberação estadual (CIB nº 169, de 15 de dezembro de 2021), devido à situação epidemiológica estabilizada da raiva”, explicou a municipalidade, por meio de nota.

As duas últimas edições da campanha de vacinação antirrábica na cidade ocorreram em 2017 e 2018, quando foram vacinados, durante o ano todo, respectivamente, 35.265 e 45.826 animais.

Também questionada a respeito, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) informa que a deliberação estadual continua valendo e que a vacinação antirrábica de cães e gatos é apenas uma das estratégias do Programa de Vigilância e Controle da Raiva do Estado. “Portanto, os municípios devem continuar realizando outras ações do programa, tais como, profilaxia antirrábica humana (pré-exposição e pós-exposição), diagnóstico laboratorial, vigilância epidemiológica e educação em saúde”, informa a pasta estadual.

Ainda conforme o órgão estadual, estão mantidas a vacinação antirrábica de cães e gatos em estratégia de rotina, e a vacinação de cães e gatos contactantes de morcegos e bloqueio de foco (quando for o caso, ou seja, quando houver cães e gatos com diagnóstico laboratorial positivo para raiva).

“Logo, a vacinação de cães e gatos passa a ser medida individual de prevenção da raiva no animal, sendo responsabilidade do guardião/proprietário/tutor prover condições de saúde aos seus animais”, ressalta o governo estadual.

Vacinação de rotina

Em Sorocaba, a atual gestão segue a mesma determinação. “Com a ausência de casos de raiva em humanos pela variante 2, desde 1997, e ausência de casos de raiva em cães e gatos pela mesma variante, desde 1998, estão mantidas, contudo, as vacinações de rotina e em casos de contato de cães e gatos com morcegos”, informa a Prefeitura de Sorocaba.

Nessas ações, em 2022 foram vacinados no total 1.467 animais. Em 2021, houve 1.379 animais vacinados e, em 2020, 738 vacinas foram aplicadas.

A Prefeitura de Sorocaba informa ainda que quem precisar vacinar seu animal de estimação (cão ou gato) contra a raiva, pode comparecer ao posto fixo, localizado na Seção de Controle Animal da Zoonoses. Os munícipes podem agendar um horário para a aplicação da vacina pelo telefone (15) 3222-2484, das 9h às 16h.

Casos de raiva animal

A Prefeitura de Sorocaba informa que em 2023 ainda não foi confirmado nenhum caso de raiva animal na cidade. Já em 2022, no total, foram registrados quatro casos em morcegos. Em 2021 foram oito ocorrências.

De acordo com a Secretaria de Saúde de Sorocaba, quando os casos são confirmados, equipes de zoonoses fazem monitoramento das áreas.

Tutores reclamam

Tutores de pets de Sorocaba reclamam da não realização das tradicionais campanhas de vacinação antirrábica na cidade. Segundo eles, há pessoas que não podem arcar com os custos das vacinas todos os anos e as ações deveriam ser melhoradas e não, simplesmente, descontinuadas.

É o que afirma o analista de sistemas, Diego de Oliveira Santos, 32 anos. Ele tem um cão e um gato e afirma que gasta cerca de R$ 120 por vacina contra a raiva cada vez que vai imunizar seus pets. “É uma pena não ter mais algo que era tão benéfico para a população. Tem gente que não tem condições financeiras, então, as campanhas devem ser melhoradas e não descontinuadas”, afirma.

A design de interiores Andrea Sampaulesi, 46 anos, também disse que as antigas campanhas eram importantes para levar conhecimento para os donos de animais e ainda ajudar quem não tinha condições de pagar pelas vacinas. “A vacinação antirrábica era bastante abrangente, mas não ocorrem mais. Eu vacino as minhas cachorras em clínica particular e o custo é bem alto, pois eu tenho três pets. Uma média de R$ 1,2 mil por ano, para administar todas as vacinas necessárias”, ressalta. (Ana Claudia Martins)