A Zona Azul instalada no centro de Sorocaba foi a alternativa encontrada pela administração municipal para melhorar a fluidez do trânsito e aumentar a oferta de vagas de estacionamento. Porém, o serviço, que funciona por meio de sistema rotativo, não tem agradado a muitos motoristas. De acordo com a população, a falta de fiscalização é um dos grandes problemas. Usuários relatam que flanelinhas ficam o dia todo nas vagas e, além de informar que não há supervisão dos órgãos públicos, estipulam o próprio preço para “olhar” os veículos. Outros vendem as cartelas por valores exorbitantes, principalmente, para pessoas que moram em outras cidades, como acontece na região do Conjunto Hospitalar de Sorocaba.

A rua dos Andradas, no Jardim Faculdade, é um dos exemplos. Um morador conta que três vezes por semana leva a mãe, de 85 anos, para fazer terapia e, costumeiramente, estaciona o veículo na via, próximo ao restaurante Bom Prato. Porém, desde o fim de fevereiro está com dificuldades para encontrar vagas. “Um flanelinha está tomando conta dessa rua, induzindo os motoristas a não pagarem Zona Azul, devido à falta de fiscalização. Com isso, os motoristas estão ficando horas no mesmo local sem pagamento de Zona Azul”, diz o munícipe. O tempo máximo de permanência na vaga é de duas horas.

Um comerciante que tem um estabelecimento na mesma região também reclama de problemas. Por segurança ele preferiu não se identificar, mas disse que os flanelinhas, muitas vezes, cobram de R$ 3,00 a R$ 5,00 pela cartela da Zona Azul, que atualmente custa R$ 1,50 a hora. “Muitos pressionam os motoristas para comprar deles e eu nunca vi fiscalização”, ressaltou.

Na tarde de segunda-feira (10), por volta das 13h50, a equipe do Cruzeiro do Sul esteve no local e encontrou dois flanelinhas “cuidando” dos veículos em áreas de Zona Azul. Um foi visto na rua Conde D’eu. Já o outro estava na rua Bernardo Guimarães. Naquele momento, não havia fiscalização no local. Ainda segundo os relatos, o fato também ocorre em outras regiões do município. Atualmente, existem 2.527 vagas de Zona Azul na cidade.

De acordo com um dos munícipes, os casos foram denunciados no site da Urbes, pelo telefone 118, e para a Guarda Civil Municipal, por meio do telefone 153, porém, a situação não teria sido resolvida. “Não pode haver flanelinhas nas áreas da Zona Azul, entretanto, nada ocorre e até o exato momento o flanelinha está no mesmo local, os motoristas não estão pagando Zona Azul e os munícipes de Sorocaba não conseguem parar naqueles locais sem ser extorquidos e questionados. Infelizmente, o Brasil tem o hábito de não se importar com fatos pequenos, porém, esquecem que com o tempo, esse fato bobo pode virar uma grande bola de neve”, declarou.

Semob diz que fiscaliza

Em resposta aos questionamentos do jornal, a Secretaria de Mobilidade (Semob) informou que agentes de trânsito redobraram a fiscalização dos locais onde há Zona Azul. A pasta informou que, via consulta ao aplicativo do sistema, é possível identificar o status de cada veículo estacionado, assim como por meio da verificação dos cartões dispostos no interior dos veículos. Quanto ao ponto mencionado, nas proximidades do Conjunto Hospitalar de Sorocaba, a Semob disse que, a partir das informações da reportagem, irá intensificar ainda mais as ações de fiscalização.

Sobre a ação dos flanelinhas, a Semob explicou que a infração, segundo previsto em lei, precisa ser registrada em flagrante pela vítima. “Neste caso, a recomendação é ligar imediatamente para o 190 (Polícia Militar) ou para o 153 (GCM), a fim de que seja constatada a prática irregular no local e os envolvidos sejam encaminhadas à delegacia, para as devidas providências cabíveis.”

Em caso de infração quanto ao uso irregular da Zona Azul, o motorista recebe multa grave, no valor de R$ 195,23, e perda de cinco pontos na carteira de habilitação.

Novo aplicativo

Desde o início do mês de março, a Zona Azul de Sorocaba passou a operar com um novo aplicativo, o “Estacionamento Digital”. A ferramenta é compatível com os sistemas iOS e Android e deve ser baixada pelo site www.estacionamentodigital.com.br/sorocaba ou diretamente nas lojas de aplicativos dos smartphones. Outra forma de utilização do sistema é por meio da venda tradicional de cartões da Zona Azul, que são impressos em papel. A compra deve ser feita, exclusivamente, em postos autorizados, nas Casas do Cidadão ou por meio de pessoal credenciado pela empresa pública. A relação completa de credenciados está disponível no site www.urbes.com.br.

Veículos utilizados por pessoas com deficiência estão isentos do pagamento da Zona Azul, pelo período máximo de duas horas. Para isso, é necessário que o carro esteja devidamente identificado com a Credencial Especial, emitida pela Secretaria da Mobilidade (Semob). (Vanessa Ferranti)