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Sorocaba

Abaixo-assinado pede acessibilidade para cadeirante em escola estadual

Centro Paula Souza informou que o prédio da Etec tem condições de acessibilidade parcial

03 de Abril de 2023 às 23:01
Ana Claudia Martins [email protected]
Rampa é muito íngreme e impede que aluna cadeirante consiga subir ou descer sem ajuda
Rampa é muito íngreme e impede que aluna cadeirante consiga subir ou descer sem ajuda (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (31/3/2023))

Comunidade escolar faz abaixo-assinado na internet para pedir que escola técnica estadual de Sorocaba passe por obras de acessibilidade para pessoas com deficiência. A iniciativa, que conta com o apoio de professores, pais e alunos da Escola Técnica Estadual (Etec) Fernando Prestes, pede ao Centro Paula Souza (CPS), órgão estadual responsável pelas Etecs, que a unidade escolar tenha mais acessibilidade para estudantes cadeirantes, como é o caso de Maria Clara Hailer de Moraes, de 14 anos, matriculada no curso de Administração integrado ao Ensino Médio.

O Centro Paula Souza informou que o prédio da Etec tem condições de acessibilidade parcial, o que permite que Maria Clara frequente as aulas sem comprometimento do aprendizado. “As atividades acadêmicas da estudante estão concentradas no mesmo piso, onde também é distribuída a merenda, sem a necessidade de deslocamento entre os andares. Apenas as disciplinas de física, matemática e inglês são ministradas em um andar intermediário, cujo acesso externo se dá sem a necessidade de escadas”, ressalta.

Fabiana Hailer, mãe de Maria Clara, conta que o sonho da filha era terminar o ensino médio numa escola pública de qualidade da qual ainda pudesse sair com uma formação técnica. “Por isso a escolha dela foi pela Etec Fernando Prestes. Ela realizou o sonho de estudar na Etec, mas enfrenta dificuldades de locomoção por falta de rampas e elevadores na escola”, afirma.

Alunos têm opção de acessar a Etec Fernando Prestes usando a escadaria da entrada principal - FÁBIO ROGÉRIO (31/3/2023)
Alunos têm opção de acessar a Etec Fernando Prestes usando a escadaria da entrada principal (crédito: FÁBIO ROGÉRIO (31/3/2023))

A mãe da estudante disse ainda que o maior problema de locomoção da filha é dentro da unidade escolar, pois na entrada há uma rampa, que, embora seja inclinada, dificulta que Maria Clara entre e saia da escola sozinha. “A rampa de acesso fica ao lado da entrada e saída principal dos estudantes, que tem escada. Porém, a rampa é muito inclinada e minha filha precisa de ajuda para usá-la com a cadeira de rodas”, explica.

Por conta disso, a mãe todo dia entra com o próprio carro no estacionamento dos funcionários da unidade para que a filha consiga entrar e sair da escola sem ter que passar por escadas ou sozinha pela rampa. Além disso, Fabiana Hailer afirma que dentro da escola, há escadas para acessar o refeitório, a cantina e a quadra de esportes, o que dificulta o acesso pela estudante cadeirante.

Segundo a mãe, a filha tem má formação por conta de uma fístula arterial medular, que a fez passar por algumas cirurgias. “Ela fez cirurgia com 11 meses de idade quando rompeu uma veia. Porém, a que a levou a paraplegia foi com oito anos”, afirma.

Para melhorar as condições de locomoção da aluna dentro da escola, a comunidade escolar lançou um abaixo-assinado na internet, que já está com mais de 25 mil assinaturas. As pessoas se comoveram com a força de vontade da estudante, que por ser cadeirante, já precisou ser carregada pelas escadas, com ajuda da mãe e de outros estudantes e funcionários, para acessar aulas em diferentes pavimentos da escola. O documento pode ser assinado no endereço eletrônico https://bit.ly/3zlGpRR.

Sem ter acessibilidade em praticamente todos os espaços que os alunos utilizam dentro do prédio escolar, a mãe teme que a filha fique limitada ao único piso cujo acesso não se dá por escadarias. A comunidade escolar, no abaixo-assinado, lembra ainda que o pedido é por um espaço educacional inclusivo, que passe por construção de rampas de acesso e instalação de elevadores para uso das pessoas com deficiência.

A mãe da estudante lembra ainda que o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015) garante a inclusão social e cidadania das PCDs, e espera que o Centro Paula Souza resolva a questão. “Não vou aceitar que a minha filha seja deixada em um único piso, excluída do direito de ir e vir. Eles quiseram dar como solução todas as aulas serem realizadas em uma mesma sala, num único piso, mas esqueceram da inclusão. “Sobre desistir, minha filha nunca pensou. Maria Clara sabia das dificuldades que encontraria, mas ela é uma guerreira e não desanima”, acrescenta Fabiana Hailer.

Etec tenta facilitar

A direção da Etec informa que adotou medidas para facilitar o dia a dia da estudante, liberando sua entrada pelo estacionamento dos funcionários e contratando uma cuidadora para auxiliá-la na rotina escolar. Também liberou o acesso de carro à entrada da quadra da escola para que a aluna participe das aulas práticas de educação física.

O Centro Paula Souza informou ainda que a elaboração do edital para obras que darão condições plenas de acessibilidade aos ambientes da escola está em fase interna de licitação. “Os serviços vão incluir a instalação de rampas e elevadores, sanitários acessíveis, pisos táteis e balcões de atendimento. Ainda estão previstas outras benfeitorias na unidade, como a implantação do Espaço Maker -- ambiente que incentiva a criatividade, o estudo por projetos, que aproxima os estudantes de experiências semelhantes às que terão no mundo do trabalho -- e a construção de refeitório e cozinha. O investimento do governo estadual previsto para estes serviços é superior a R$ 5,5 milhões”, destaca. Porém, não foram informados prazos para início e término das obras. (Ana Claudia Martins)

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