Sorocaba
Pix já é o meio de pagamento mais utilizado
No ano passado, foram 24 bilhões de transações, mais que as operações com cartão de débito, boleto, TED, DOC e cheques somadas
Tudo começou com a troca de mercadorias. Já as primeiras moedas, como conhecemos hoje, representando valores, surgiram na Lídia, atual Turquia, no século VII A.C. Com a necessidade de guardar essas moedas em segurança, os bancos foram criados e, desde então, as formas de pagamento não pararam de evoluir. Cheques, crediários, boletos, transferências bancárias, cartões, tudo isso já foi bastante usado. Mas hoje, o “queridinho” do brasileiro é o Pix.
A forma rápida e prática de efetuar a transação é, atualmente, o meio de pagamento mais utilizado no País, de acordo com a Associação Brasileira de Bancos (Febraban). Com base em números do Banco Central, só no ano passado, foram 24 bilhões de transações, mais que as operações com cartão de débito, boleto, transferência eletrônica disponível (TED), documento de crédito (DOC) e cheques somadas.
Na média, foram 66 milhões de operações diárias usando o sistema de pagamento instantâneo lançado em 2020. O volume financeiro total foi de R$ 10,9 trilhões.
Em Sorocaba não é diferente. A maioria dos comerciantes faz uso da ferramenta. Dirceu Aper Souza, de 61 anos, é um exemplo. O mexicano mora no Brasil há 33 anos e vende takos nas ruas centrais da cidade. Ele conta que quase todos os clientes optam pelo Pix e ressalta que nunca teve problema com a função. “É uma maravilha. Nos ajuda muito porque o dinheiro cai na hora na conta”.
O jornaleiro Miguel Moeira Machado Júnior, de 63 anos, também se rendeu à função. O comerciante começou a utilizar o Pix há menos de um ano, quando pegou confiança na ferramenta. Atualmente, a quantidade de clientes que preferem essa forma de pagamento está aumentando na banca e, até o momento, Miguel teve dois problemas com essa modalidade. “O banco lançou o pagamento, já tinha confirmado e, depois, estornou. Mas como eram clientes fiéis da minha banca eles voltaram e pagaram em dinheiro”, disse. “Como eu comecei há pouco tempo ainda está encaminhando. Aqui, de 60% a 70% dos pagamentos é em débito e de 25% a 30% é em Pix, mas a coisa já está embalando, porque o Pix, por enquanto, não tem taxa”, complementou.
Apesar de utilizar o Pix para receber os valores das vendas, Miguel não faz uso do celular para outros tipos de transações. Para evitar riscos, prefere o caixa eletrônico, mas reconhece a importância da nova tecnologia. “Apesar dos golpes que são aplicados pela internet, que são vários, a evolução para o comerciante foi benéfica, porque eu não perco mais tempo em fila de banco. Aplicativo de banco é um descanso, mas, em contrapartida, por conta dos bandidos, é um problema, então, eu vou in loco e tiro o extrato”.
Já a balconista Diana Raquel, de 35 anos, paga tudo pelo Pix e nem usa mais carteira. “Agora é mais fácil, pago o meu aluguel sossegada, de casa mesmo. Não preciso ir na lotérica mais, nem para sacar, então, acho que melhorou bastante. Só preciso do celular, se procurar, você não encontra cinco centavos comigo, agora é só Pix”.
Pagamento automático deve continuar evoluindo
Para o economista Geraldo Almeida, o Pix faz sucesso entre os brasileiros, principalmente, pela praticidade. Por se tratar de um pagamento instantâneo, a sua popularidade aumentou de maneira muito rápida. Além disso, hoje, o serviço disponibiliza ainda outras funções, como o Pix Saque, Pix Troco, Pix Cobrança e Pix Agendamento. Há alguns bancos que já oferecem, também, o limite do cartão de crédito para a utilização no Pix. Iniciativa que deve se concretizar de forma geral no futuro com o Pix Crédito. “O Pix passou a ser mais simples do que o cartão de débito e, no futuro, o próprio cartão de crédito pode morrer e você vai ter a função do Pix Crédito. Então, a tendência é que o cartão de crédito, cada vez mais, seja menos utilizado. O Pix será um concorrente dele”, ressaltou Almeida.
O especialista afirma, ainda, que a evolução em relação às formas de pagamento deve continuar com a criação de novos meios. O próximo passo é o real digital. “Já estão fazendo os estudos de como isso irá caminhar. Então, teremos uma moeda, um real digital”. Mas, apesar do uso da tecnologia ser cada vez mais frequente, o dinheiro não deve acabar. Deverá ser usado, apenas, em situações de emergência.
Cartões tentam se reinventar para não perder clientes
Com o avanço da tecnologia, os cartões tentam se reinventar para acompanhar o processo e não perder clientes. Uma das alternativas é o cartão aproximação. Com ele, não é preciso inserir o objeto na maquininha e, muitas vezes, nem utilizar a senha. A forma de pagamento passou a ser usada nos comércios e até os pedágios. Em muitas partes do País as praças de pedágio só aceitavam o pagamento com dinheiro, agora, utilizam a nova função. A CCR ViaOeste, empresa que administra o Sistema Castello-Raposo, por exemplo, disponibilizou aos motoristas o uso de cartões de débito e crédito por aproximação nas cabines a partir de 17 de novembro de 2022. Além das rodovias administradas pela concessionária, a modalidade passou a ser aceita, também, em todas as rodovias do Grupo CCR.
Em número de transações, o cartão de crédito foi o segundo colocado no ano passado, com 18,2 bilhões de operações, seguido pelo cartão de débito, com 15,6 bilhões. No boleto, foram 4 bilhões de operações, enquanto o TED foi utilizado em 1,01 bilhão de operações. Os cheques (202,8 milhões) ficaram à frente do DOC (59 milhões).
Para dar mais competividade ao cartão, o setor se prepara para aplicar novos recursos. Um deles é a transferência por cartão de débito de forma instantânea. Assim, os comerciantes que utilizam a função nos estabelecimentos receberiam os recursos na mesma hora e não em dois dias como ocorre hoje. Também deve iniciar em 2024 o parcelamento de compras com cartão de débito, com juros.
Já a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) pretende colocar em prática ainda este ano: o “click to pay” (em que o cliente conseguirá pagar com débito em compras na internet com um só clique, sem ter de entrar no aplicativo do banco) e o débito sem senha, voltado a serviços de streaming e aplicativos de transporte, por exemplo. Essas duas medidas são voltadas para pagamento em transações não presenciais. (Vanessa Ferranti com informações do Estadão Conteúdo)
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