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Legado das Águas

Parceria gera 20,5 mil vídeos de diversas espécies animais

Estudos para conservação da vida selvagem são feitos em reserva ambiental

25 de Março de 2023 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
A onça parda é uma das espécies estudadas por meio dos vídeos
A onça parda é uma das espécies estudadas por meio dos vídeos (Crédito: Divulgação)

Em dois anos de parceria entre o Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do país e o Onçafari, associação criada para estudo e conservação da vida selvagem, foram gerados resultados expressivos em relação à fauna na Reserva, localizada no Vale do Ribeira, interior de São Paulo. Foram 20.591 vídeos de diversas espécies de animais, sendo que destes, 15.205 são de mamíferos. Deste total, também chamam a atenção as 883 filmagens de onças-pardas (Puma concolor), que possibilitaram a identificação e acompanhamento dos hábitos de cinco indivíduos, sendo quatro machos e uma fêmea.

Os vídeos são feitos por meio das “armadilhas fotográficas”, como são chamados os equipamentos que funcionam por sensores infravermelhos e de movimento, acionados automaticamente quando os animais passam por eles. A parceria entre o Onçafari e o Legado das Águas começou em 2020, com objetivo de realizar o monitoramento e levantamento populacional de onças-pardas e onças-pintadas (Panthera onca).

“Os resultados são muito animadores. Agora temos informações sobre a população dessa espécie no Legado, como a área que utilizam mais, os horários e a época do ano em que circulam com maior frequência, a proporção de machos e fêmeas e seus comportamentos”, diz Stephanie Simioni, bióloga coordenadora da base do Onçafari no Legado das Águas.

A bióloga comemora que no período também foi possível identificar cinco indivíduos. “Conseguimos identificar quatro machos: Tikún, Troncho, Dengoso e Naurú; e uma fêmea: a Capitu. Essas identificações são essenciais para acompanhar os animais, principalmente no quesito de saúde e de suas áreas de vida dentro do Legado”, acrescenta.

Vale lembrar que monitorar e diferenciar onças-pardas é uma tarefa desafiadora. Isso porque, diferentemente das onças-pintadas que são identificadas por suas rosetas (nome científico para as pintas dessa espécie) , os pesquisadores individualizam as pardas por marcas físicas, como cicatrizes, pelagem e porte, entre outras características.

Um grande destaque do primeiro semestre desse ano foi o registro de onça-parda fêmea com um filhote em fase quase adulta, ambos com aparência saudável.

Biodiversidade

Além dos vídeos das onças-pardas, outros resultados marcantes foram os 15.205 vídeos de mamíferos de diversas espécies e os 4.864 de aves. Dentre os mamíferos, os queixadas (Tayassu pecari) foram os mais filmados, seguidos pelas antas (Tapirus terrestris). Periodicamente, vídeos divertidos mostrando os hábitos desses animais são disponibilizados nas redes sociais do Legado das Águas, como uma ferramenta de educação ambiental e conscientização da importância da conservação dessas espécies.

Embora onças-pintadas não tenham sido registradas no período, a bióloga explica que há possibilidade de encontrar a espécie no Legado das Águas. “A Reserva tem todas as condições necessárias para as onças-pintadas, principalmente de alimentação. Continuamos investindo em outras estratégias para tentar registrar, como instalar armadilhas fotográficas em locais diferentes dos que utilizamos atualmente para fazer o monitoramento”, diz.

O objetivo em monitorar onças-pintadas na Mata Atlântica é contribuir para a conservação da espécie que está criticamente ameaçada de extinção nesse bioma. Atualmente, estima-se uma população de apenas 300 indivíduos na Mata Atlântica.

O Legado das Águas é a maior reserva privada de Mata Atlântica do Brasil com uma área de 31 mil hectares divididos entre os municípios de Juquiá, Miracatu e Tapiraí, no Vale do Ribeira. Mais informações pelo www.legadodasaguas.com.br (Da Redação)