Sorocaba
Disciplina com as contas é essencial nesta fase do ano
Além das contas tradicionais, aquelas de consumo, no início do ano vem as extras, como IPTU e IPVA
Todo início de ano, as contas assombram com a chegada do IPTU, IPVA, além da lista de material escolar, e ainda as parcela das compras de Natal, Ano Novo, férias, entre outras. E é aí que cada pessoa precisa colocar em ação o jogo de cintura porque, para muita gente, as faturas do primeiro trimestre causam sério impacto no bolso e no orçamento.
Cristiane França Porteiro, de 38 anos, já ficou apertada com o orçamento no começo de ano e a experiência, não muito boa, mas a fez mudar de comportamento. “Procuro poupar antes, não faço tanta extravagância, não compro tanto presentinho e tudo isso é uma maneira de justamente auxiliar o pagamento das contas ‘clássicas’, fazendo uma caixinha para começar com o orçamento em dia. O IPVA eu parcelo, porque são dois veículos e pesa bastante, mas o IPTU pago, sempre que possível, à vista. Além de ter desconto, é uma conta a menos pra depois”, contou.
Esse planejamento e consciência das contas que estão por vir é essencial para evitar o desequilíbrio financeiro. “A melhor é mapear, porém a maioria não faz. É importante organizar as despesas que estão por vir para que ela consiga enxergar o que pesa mais e o que pesa menos dentro do orçamento”, disse o economista e professor universitário, Roque Neto.
Mas se tem alguém que segue direitinho essa dica é a agente de organização escolar, Maria de Fátima Vicente. Incentivada pelo pai desde pequena, ela tem uma pasta para guardar todas as contas fixas e ainda tem um grande aliado: o caderno. Nele, ela anota simplesmente tudo que compra, seja uma bala ou até um móvel.
“No final do ano eu e meu esposo redobramos a atenção com os gastos porque mesmo tendo isenção do IPVA por causa da deficiência dele, os primeiros meses são difíceis mesmo. Estou sempre de olho com os gastos, complementou Maria.
Como sair do vermelho
Um levantamento divulgado em fevereiro pela Confederação Nacional do Comércio, com dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, mostrou que do total das famílias brasileiras, 11,6% chegaram a janeiro sem condição de pagar dívidas atrasadas de meses anteriores. O indicador aumentou em todos os grupos de renda — e de forma mais expressiva entre as famílias que ganham até 3 salários mínimos (17,4%). Já a parcela de consumidores que atrasaram dívidas por mais de 90 dias chegou a 44,5% dos inadimplentes, a maior proporção desde abril de 2020.
E como mudar essa situação? Roque Neto disse que o primeiro passo é fazer um estudo da onde está o problema. Geralmente o juros é um dos motivos. A partir daí, tentar organizar da melhor maneira. Para quem está no cheque especial, a saída é renegociar a dívida, porque os juros são bem altos e acaba virando uma bola de neve.
Em momentos de aperto, uma das saídas acaba sendo o empréstimo, mas cuidado. “Se a pessoa já estiver com o nome sujo, o consignado é uma boa opção porque os juros são mais baixos, mas se a situação não estiver tão alarmante, é bom tentar negociar. Para isso é preciso pesquisar e ter cautela. Na maioria das vezes o consignado é um bom negócio, mas a pessoa tem que estar ciente que uma parte do salário vai acabar indo para pagar essa dívida”.
Mudando o pensamento
No final, o controle da finança é uma questão de educação. E hoje há muito incentivo para o consumo. “É claro que é mais gostoso consumir do que poupar, mas comece entendendo a poupança como primeira opção. Se não coloca a regra de guardar primeiro e depois gastar, dificilmente vai se disciplinar. A dívida acaba sendo muitas vezes uma questão de comportamento, do impulso, e se a gente segue assim, o endividamento é inevitável. Mais uma dica: cuidado com o aumento do limite do cartão de crédito, pois isso pode ser a porta de entrada da dívida”, ensinou o economista. (Thaís Marcolino)