Operação Lesa Pátria
Homem que furtou bola autografada por Neymar é preso em Sorocaba
Objeto foi levado da Câmara dos Deputados, durante a invasão aos Prédios dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro
A Polícia Federal de Sorocaba prendeu, na manhã desta sexta-feira (17), o homem suspeito de furtar a bola autografada por Neymar da Câmara dos Deputados. O sorocabano subtraiu o objeto durante à invasão aos prédios dos Três Poderes, em Brasília, no Distrito Federal, no dia 8 de janeiro deste ano. Ele foi capturado na oitava fase da Operação Lesa Pátria, na qual são cumpridas 78 ordens judiciais, em nove Estados e no Distrito Federal. É a maior ostensiva do inquérito, em volume de mandados. O objetivo da ação é identificar pessoas que participaram, financiaram, omitiram-se ou fomentaram os atos.
Segundo a PF, equipes cumprem, ao todo, 46 ordens judiciais de busca e apreensão e 32 de prisão preventiva na Bahia, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraná, Rondônia, Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal. Todos os mandados foram expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A Polícia Federal também informou que os investigados praticaram os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido. As penas variam de três meses a oito anos de prisão, além de multa.
Recuperação da bola
A Polícia Militar de Sorocaba recuperou a bola no dia 28 de janeiro, na Vila Jardini. O próprio suspeito do furto comunicou à Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam) que estava com o item. Na ocasião, o homem foi conduzido à Polícia Federal de Sorocaba, ouvido e liberado em seguido.
De acordo com a Câmara dos Deputados, a bola foi um presente da Delegação de Jogadores do Santos Futebol Clube ao então presidente da Casa, Marco Maia. Ele a recebeu em 10 de abril de 2012, durante sessão solene em comemoração ao centenário do clube.
O objeto estava exposto no Salão Verde, assim como a pérola do Catar, presente do ministro das Relações Exteriores e vice-primeiro-ministro do Estado do Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al-Than. Essa peça também desapareceu em 8 de janeiro.
Outro alvo
Outro alvo de mando de prisão de ordem de prisão é uma mulher apontada como responsável por pichar a estátua da Justiça localizada em frente ao Supremo Tribunal com a frase "perdeu, mané". A inscrição faz referência à resposta do ministro Luís Roberto Barroso a bolsonaristas que o hostilizaram durante viagem aos Estados Unidos.
Relembre as fases da operação
A primeira fase da Operação Lesa Pátria, no dia 20 de janeiro, prendeu cinco suspeitos de participação, incitação e financiamento nos atos golpistas. Entre eles "Ramiro dos Caminhoneiros", Randolfo Antonio Dias, Renan Silva Sena e Soraia Baccio. Na segunda etapa da força-tarefa, policiais prenderam, em Uberlândia (MG), o extremista Antônio Cláudio Alves Ferreira, filmado destruindo um relógio histórico no Palácio do Planalto.
A terceira fase da operação prendeu cinco pessoas, incluindo a idosa Maria de Fátima Mendonça, de 67 anos, que viralizou ao dizer em um vídeo que ia "pegar o Xandão". O sobrinho do ex-presidente Jair Bolsonaro, conhecido como Léo Índio, foi alvo de buscas na mesma etapa.
No dia 3 de fevereiro, a PF abriu a quarta fase ostensiva da investigação e prendeu o empresário conhecido como Márcio Furacão, que se filmou ao participar da invasão ao Palácio do Planalto, e o sargento da Polícia Militar William Ferreira da Silva, conhecido como "Homem do Tempo", que fez vídeos subindo a rampa do Congresso Nacional e dentro do STF.
Na quinta etapa da operação, quatro oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal foram presos suspeitos de convivência com os bolsonaristas radicais que invadiram os prédios do Planalto, Congresso e STF. Um deles é o coronel Jorge Eduardo Naime Barreto, que era chefe do Departamento Operacional da corporação, setor responsável pelo planejamento da operação de segurança para o 8 de janeiro. Ele estava de licença no dia do ataque e foi afastado do cargo pelo então interventor federal Ricardo Cappelli.
A sexta fase da ofensiva foi aberta no último dia 14 e prendeu preventivamente seis radicais, além de vasculhar 13 endereços de Goiás, Minas Gerais, Paraná, Sergipe e São Paulo. A sétima fase foi no dia 7 de março e prendeu três radicais: Edmar Miguel, conhecido como "Miguel da Laranja", que se filmou subindo no teto do Congresso nacional durante a ofensiva antidemocrática; Kennedy de Oliveira Alves, que fez um vídeo enquanto invadia o prédio do Supremo Tribunal Federal; e a Aline Cristina Monteiro Roque, que também se gravou invadindo a Praça dos Três Poderes durante os atos golpistas.
Balanço
Tornada permanente, a ação da PF tinha resultado, até o último dia 7, quando foi deflagrada a sétima fase, no cumprimento de 29 mandados de prisão preventiva; três de prisão temporária e 109 de busca e apreensão. Os números têm sido atualizados periodicamente e a PF deve divulgar, em breve, os dados mais recentes.
No total, já foram instaurados sete inquéritos para apurar os fatos e as responsabilidades: três específicos contra parlamentares que participaram dos atos, um contra financiadores, um contra autores intelectuais, um contra os executores materiais e outro contra as autoridades do Distrito Federal – o governador Ibaneis Rocha, que chegou a ser afastado do cargo; o ex-secretário de Segurança Pública Anderson Torres e o ex-comandante-geral da Polícia Militar, Fábio Vieira.
Além das prisões preventivas realizadas durante as diversas fases da Lesa Pátria, 2.151 pessoas suspeitas de participar dos atos já tinham sido presas entre os dias 8 e 9 de janeiro, no acampamento montado em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. Destas, 294 (86 mulheres e 208 homens) permanecem no sistema penitenciário do Distrito Federal. Os demais foram soltos por não representarem mais riscos à sociedade e às investigações. (Da Redação, com Agência Brasil)