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Poder Legislativo

Debate ideológico domina sessão e adia votações na Câmara Municipal

O motivo foi a discussão em torno do projeto de lei da vereadora Fernanda Garcia (PSol)

16 de Março de 2023 às 23:01
Wilma Antunes [email protected]
Motivo da discórdia foi proposta para enfrentamento da violência política contra mulheres
Motivo da discórdia foi proposta para enfrentamento da violência política contra mulheres (Crédito: WILMA ANTUNES)

 A sessão de ontem (16) da Câmara de Vereadores de Sorocaba foi marcada por divergências ideológicas e discussões acaloradas, com direito a “puxões de orelha”. O motivo foi o debate em torno do projeto de lei da vereadora Fernanda Garcia (Psol), que visa incluir no calendário oficial do município o “Dia Marielle Franco”, de enfrentamento à violência política contra mulheres negras, LGBTQIA+ e periféricas. Os vereadores gastaram todo o tempo regimental para tratar exclusivamente dessa questão, deixando de apreciar as demais matérias legislativas que constavam na ordem do dia.

A proposta de Fernanda -- que repete no município uma iniciativa do governo federal -- era a quinta na ordem das discussões previstas, mas ela pediu a inversão da pauta, por ser um texto simples, e, assim, sobrar mais tempo para os demais projetos. No entanto, a discussão se estendeu além do previsto, com alguns parlamentares se desviando do tema, enquanto outros, como Luis Santos (Republicanos), expressavam sua discordância com a proposta.

Fernando Dini (MDB), Dylan Dantas, Vinícius Aith (PRTB) e Cícero João (PSD) também passaram algum tempo criticando o projeto. Desta forma, com a discussão prolongada, as outras matérias que constavam na ordem do dia sequer foram avaliadas pelos vereadores.

Puxão de orelha

Depois de horas de críticas ao projeto, Fernanda voltou a defender sua proposta. No entanto, sua fala não foi bem recebida por alguns vereadores, que conversavam entre si e debochavam da autora do projeto. Foi quando Péricles Régis (Podemos) pegou o microfone e disse que tais atitudes eram consideradas falta de respeito com a colega.

“É triste ver essa discussão aqui por conta de questões ideológicas. O que está sendo debatido é violência política contra as mulheres, o que está acontecendo agora. Aqui a gente acaba refletindo exatamente o que o projeto quer combater. Enquanto as mulheres estão falando, fica vereador aqui embaixo gritando, mas quando eu falo, todo mundo fica em silêncio”, comentou Régis.

Menos de um minuto

Faltando cerca de 15 minutos para o término da sessão ordinária -- que tem duração total de três horas --, o projeto foi colocado em votação. Contudo, foi rejeitado em menos de um minuto, recebendo apoio somente de Iara Bernardi e Francisco França (ambos do PT), Péricles Régis (Podemos), Salatiel Hergesel (PDT), Hélio Brasileiro e João Donizeti, do PSDB, além da própria Fernanda. As outras seis propostas que estavam previstas para serem apreciadas em primeira e segunda discussões acabaram não sendo votadas. (Wilma Antunes)